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Sesc de Barra Mansa abre exposição Geometrias Sensíveis

Por Carol Macedo
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BARRA MANSA

A artista visual, pesquisadora e educadora Mariana Guimarães inaugura a exposição Geometrias sensíveis no dia 04 de junho (sábado), no SESC Barra Mansa. Com curadoria de Izabela Pucu, a individual reúne um conjunto de cerca de 60 obras que têm a temática do fio como linguagem conceitual e guia construtivo. Em sua pesquisa artística, Mariana se dedica a investigar o fio como fenômeno na arte contemporânea.

Desde seus primeiros gestos como artista, Guimarães tem o fio, o bordar e o tecer como elementos centrais de sua poética. O fio, em suas diversas dimensões — plástica, cultural, biológica, social —, é seu principal material construtivo e também a questão conceitual disparadora de seu trabalho há mais de uma década. Fruto de investigação consistente, desenvolvida em diversas plataformas e linguagens, o trabalho da artista com o fio desarticula, de forma muito particular, os estereótipos ligados ao trabalho feminino, associado ao ambiente doméstico.

Como aponta Izabela Pucu, curadora da exposição, “o trabalho de Mariana nos fala também da complexidade da casa enquanto espaço poético e político, com um fazer poético que borra os limites entre a arte — compreendida como trabalho raro e especial — e a cultura, que subentende os fazeres cotidianos e ordinários, a lida com o alimento e as plantas, o cuidado necessário à manutenção da vida, o maternar — compreendidos enquanto fazeres menores e desvalorizados”.

Frente a isso, a artista propõe o destecer como método crítico, em suas palavras “como prática e conduta descolonizadora frente à linguagem tradicional têxtil subjugada ao espaço doméstico como coisa de mulher”. Ao mobilizar em seu trabalho essas questões, Mariana busca justamente destecer esses protocolos tradicionais ligados ao bordado e à costura, quando borda livremente ou encomenda o bordado à máquina; ou quando nos mostra os avessos do bordado, nem sempre perfeito e organizado. O destecer, nas palavras da artista, “estaria relacionado ao fazer coexistir no interior da mesma linguagem práticas antagônicas que façam revelar as tensões sociais, históricas e plásticas presentes na linguagem têxtil, criando uma linguagem outra”.

Voltar a Barra Mansa, cidade em que nasceu, para realizar essa exposição, também tem uma dimensão afetiva para a artista, que passou sua infância em Resende e na adolescência se mudou para o Rio, onde hoje vive e trabalha. Podemos associar essa dimensão afetiva a uma volta à casa presente em trabalhos como Plantas baixas (2020), em que Mariana borda as plantas arquitetônicas das casas em que viveu até hoje, ou as reproduz como uma colcha de retalhos; ou ainda ao trabalho intitulado Padrões (2021/22), resultante de uma performance feita pela artista na casa em que viveu na infância. Nessa experiência, Mariana decalcou a trama dos pisos do chão, desenhando sobre papel vegetal e bordou essas tramas sobre fragmentos de tecido que, embaralhados e re-costurados, deram origem a uma grande trama irregular. Os desenhos recolhidos durante a performance também estão presentes na exposição.


Nesta exposição, estão reunidos trabalhos realizados nos últimos quatro anos que apresentam o diálogo mais amplo da artista com o legado do neoconcretismo, “na medida em que o elemento geométrico que relaciona esses trabalhos se vale de uma ideia de geometria que não exclui a instabilidade, o sensível e o processo, a dobra, com seu desdobramento temporal, em face da suposta racionalidade e frieza associada à geometria”, como explica Izabela Pucu. Vem daí o nome da exposição, Geometrias sensíveis, referência à exposição Arte Agora III: Geometria Sensível, proposta pelo crítico e jornalista Roberto Pontual no Museu de Arte Moderna do Rio, em 1978. A exposição fez parte de um movimento mais amplo de valorização da contribuição do Sul, dos países periféricos, às poéticas geométricas abstratas da década de 1950, contrária à ideia de que se tratava de mera reprodução da herança concretista europeia, que entre nós tiveram no crítico de arte Mário Pedrosa seu principal incentivador e no neoconcretismo a sua face mais original.

A segunda individual de Mariana Guimarães reúne cerca de 60 trabalhos feitos ao longo dos últimos quatro anos, entre obras bidimensionais, de pequenos e grandes formatos, feitas em tecido e papel, objetos e instalações tridimensionais.

Sobre a artista

Mariana Guimarães nasceu em Barra Mansa (RJ). Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Artista, pesquisadora e educadora. Investiga o fio como linguagem e fenômeno na arte contemporânea, em diálogo com a casa, a maternidade e o jardim. Entre pesquisas e diálogos com práticas ancestrais de tessitura e seus desdobramentos estéticos, éticos e sociais a artista constrói seus trabalhos. Doutora em artes visuais pelo PPGAV-UFRJ, mestre em artes e design pela PUC-Rio, e uma licenciatura em artes plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É atualmente docente do Setor de Artes Visuais do CAp-UFRJ. Desenvolve trabalhos e pesquisas com distintos grupos em diversos territórios. Para saber mais acesse: www.marianaguimaraes.art.br

Sobre a curadora

Izabela Pucu é artista, curadora, pesquisadora, editora e gestora cultural. Doutora em História e Crítica da Arte pelo PPGAV/EBA/UFRJ. Diretora da A cooperativa Cultural. Coordenadora geral da Plataforma Mário Pedrosa atual. Vencedora do prêmio Jabuti 2020, categoria Artes. Foi coordenadora de educação do Museu de Arte do Rio (2018-2020), diretora e curadora do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (2014-2016), Coordenadora de Projetos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2010-2012). Nos últimos 15 anos, publicou diversos livros, foi curadora de exposições, seminários, cursos e projetos.

 

 

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