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CASO ANITTA: Julgamento de assassinato de criança de 3 anos é adiado pela terceira vez; família pede Justiça

Por Carol Macedo
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VOLTA REDONDA/PORTO REAL

Dor, sofrimento e muita espera. Esse é o sentimento da família de Anitta Mylena Maris de Oliveira, morta brutalmente aos três anos, em março de 2018, em Porto Real. Os suspeitos são os próprios padrinhos. Apesar de o laudo constatar que a criança teve lesão por todo o corpo, sofrendo traumatismo craniano e abdominal, lesão encefálica e renal, tendo ainda um dos acusados confessado que a agrediu, a Justiça não bateu o martelo. A família desabafou ao A VOZ DA CIDADE e ressaltou a indignação pelo processo demorado, que teve a audiência cancelada pela terceira vez nesses quase quatro anos.

O júri popular dos acusados Clerison Kleber Martins e Fabrissa Rocha de Alcântara Martins estava marcada para acontecer em Porto Real nesta quarta-feira, dia 15, contudo, segundo explica o advogado da família, Dr. Elson Marcelino, por falta de testemunhas de defesa, a data foi adiada para o dia 19 de janeiro. Clerison já tinha um mandado de prisão em seu nome e Fabrissa teve a prisão preventiva decretada. Eles aguardam o julgamento presos.

Advogado Dr. Elson Marcelino, que atende a família de forma voluntária – Foto Divulgação

O advogado que assiste a família de forma voluntária é de Curitiba, e chegou no último sábado, dia 11, para acompanhar o julgamento. De acordo com ele, a defesa dos réus já vem tentando retardar o processo há algum tempo, entrando com medidas para transferir o júri para o Rio de Janeiro e, dessa vez, por falta de testemunhas de defesa, mais uma vez o caso tem que ser adiado. “Além dessas duas vezes, o júri já havia sido adiado uma primeira vez, por conta da pandemia da Covid-19”, disse.

Anitta Mylena Maris de Oliveira foi morta brutalmente aos três anos – Foto Divulgação

Elson Marcelino ainda destaca que já são aproximadamente quatro anos de um processo teoricamente simples. “A autoria do caso se tem desde o início do processo, tendo inclusive o acusado assumido. Temos a materialidade, que é o corpo da jovem menina Anitta, que de pronto recebeu perícia. Sendo assim, tendo a autoria e materialidade, não se justifica a demora do judiciário em conduzir os acusados ao banco dos réus, para serem julgados”, afirmou, completando que a família não quer vingança, apenas a Justiça. “Esse julgamento já foi adiado em outra oportunidade, quando por manobra jurídica a defesa requereu desaforamento do processo, o que não conseguiu, mas foi o suficiente para atrasar em aproximadamente um ano”, lamentou o advogado.


A bisavó da criança, Jandira Ferreira Raimundo, de 87 anos, diz sentir medo de falecer antes da justiça acontecer – Foto Fábio Guimas

Família de Anitta diz que a dor da perda nunca passa

Vivendo em Volta Redonda, no bairro Ponte Alta, a família da pequena Anitta tenta continuar de cabeça erguida após o trauma de perder a criança. Abalada, a mãe de Anitta não conseguiu conter o choro ao falar com o jornal. Em meio às lágrimas, Lilian Aparecida de Oliveira, de 42 anos, destacou que a demora em encerrar o caso tem sido uma turbulência na vida da família, que é obrigada a sempre relembrar o fato. Segundo ela, enquanto o processo não se encerrar, esse ciclo de dor não terá fim. “É só angústia. A raiva vai crescendo dentro da gente e não é apenas pela nossa família, porque muitas outras passam por isso, muitas crianças mortas e judiadas que não têm a Justiça feita. O que nos resta é confiar nos desígnios de Deus”, afirmou.

A bisavó da criança, Jandira Ferreira Raimundo, de 87 anos, completou dizendo que sente medo de vir a falecer antes de a família encontrar a paz e a Justiça que almeja. “Quero que isso se resolva de uma vez por todas. Minha bisneta tão novinha, uma menina bonita. Isso tudo nos traz muita dor”, disse.

A tia, Janaina Ivone, de 43 anos, lembrou que sua família não recebeu nenhuma assistência. “A irmã dela, que na época tinha 10 anos e também chegou a morar com o casal, gagueja até hoje. A mãe da Anitta já chegou a se cortar. A família está toda abalada”, ratificou, completando que as pessoas julgam sem saber da situação. “As crianças ficaram morando com eles por pouco mais de um mês, eram padrinhos, confiávamos neles. Não gosto nem de ler o atestado de óbito da Anitta, até a orelha dela estava descolada, como pode fazer isso com uma criança”, questionou, finalizando que tudo isso mexeu com a estrutura psicológica de todos que amavam Anitta.

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