NOVA IORQUE
Estudo de Agências da ONU destaca que número é o mais alto desde 2009; Sudeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental lideram regiões mais afetadas pelas interrupções nos serviços de imunização devido à Covid-19
Angola e Moçambique estão entre os países com o maior aumento de crianças que não receberam a primeira dose da vacina combinada difteria-tétano-coqueluche.
Os dois países lusófonos são exemplos de como foram afetadas as vacinações básicas através de programas de rotina em 2020. No total foram 23 milhões de crianças que não receberam as vacinas, com 3,7 milhões a mais do que em 2019.
Taxas
A Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, realçam que os novos dados sobre interrupções do serviço global mostram como a maioria dos países teve quedas nas taxas de vacinação infantil na pandemia em 2020.
O novo estudo, publicado esta quinta-feira, considera preocupante que até 17 milhões de crianças, provavelmente, não receberam uma única vacina durante o ano. Esta situação piorou as já imensas desigualdades no acesso aos imunizantes.
Grande parte destes menores vive em comunidades afetadas por conflitos, em locais remotos com poucos serviços ou em ambientes e assentamentos informais. Nestes lugares, eles passam por privações, como acesso limitado a serviços básicos de saúde e sociais.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que com os países buscando vacinas contra Covid-19 há um retrocesso com outros tipos de vacinação. As crianças enfrentam o risco de contrair doenças evitáveis, como sarampo, poliomielite ou meningite.
Interrupções
O chefe da agência adverte sobre surtos catastróficos para as comunidades e sistemas de saúde que tentam enfrentar a pandemia, sendo “mais urgente do que nunca investir na vacinação infantil e garantir que todas as crianças sejam alcançadas.”
Em todas as regiões, cresce o número de menores que ficaram sem as primeiras doses essenciais de vacinas. Ouros milhões perdem doses de reforço.
As regiões mais afetadas pelas interrupções nos serviços de imunização foram o Sudeste Asiático e o Mediterrâneo Oriental.
Com a limitação no acesso aos serviços de saúde e no alcance da imunização, o número de crianças que não recebiam nem mesmo as primeiras vacinas subiu em todo o mundo.
Mais 3,5 milhões perderam sua primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche em comparação com 2019. Mais 3 milhões de crianças perderam sua primeira dose da vacina contra o sarampo.
A diretora executiva do Unicef destacu que os novos resultados devem servir de aviso claro de que a pandemia e as interrupções associadas à crise formam um campo valioso que não se pode perder. Henrietta Fore destaca que os efeitos da situação serão refletidos nas vidas e no bem-estar dos mais vulneráveis.
Para ela, a pandemia da Covid-19 piorou uma situação em que havia sinais preocupantes de perda de terreno para imunizar crianças contra doenças infantis evitáveis, inclusive com os surtos de sarampo generalizados, há dois anos.
O apelo da chefe do Unicef é que a distribuição equitativa de vacinas esteja na vanguarda das mentes de todos, lembrando que “a distribuição de vacinas sempre foi injusta”, sem necessidade.
* Luciano R. Pançardes – Editor Chefe