SUL FLUMINENSE
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em agosto a criação da nota de R$ 200 e a cédula que traz como ilustração a imagem de um lobo-guará entra em circulação nesta quarta-feira, dia 2. O lobo-guará foi o terceiro colocado na pesquisa realizada pelo Banco Central (BC) sobre quais animais em extinção deveriam ser representadas em novas cédulas, ficando atrás da tartaruga marinha que ilustra a cédula de R$ 2 e o mico-leão-dourado, que está na cédula de R$ 20,
A apresentação oficial aconteceu no início da tarde, durante coletiva virtual transmitida pelo canal do BC no YouTube. A nota de R$ 200 é a sétima cédula da família de notas do Real, com a projeção de 450 milhões unidades em produção, o que equivale a R$ 90 bilhões. O lançamento da nova cédula é uma ação preventiva do BC para o risco do aumento da demanda da população por papel moeda. Dados da entidade, entre março e julho deste ano, indicam que um dos efeitos econômicos da pandemia de Covid-19 foi a alta em R$ 61 bilhões no entesouramento de moeda.
Na prática, representa dinheiro que deixou de circular devido à população manter dinheiro em casa. “Estamos vivendo neste momento um período de entesouramento, efeito derivado da pandemia. O Banco Central nesse momento não consegue precisar por quanto tempo os efeitos do entesouramento devem perdurar”, disse a diretora de administração do BC, Carolina de Assis Barros.
CARACTERÍSTICAS
As cores predominantes da cédula de R$ 200 são o cinza e a sépia, que é um tom de marrom amarelado. O seu tamanho é de 142mm x 65mm, o mesmo da cédula de R$ 20. Segundo Carolina Barros, não havia tempo hábil da fabricação de um novo modelo e adaptação no parque fabril do BC e o padrão da nota de R$ 20 foi explorado. “A nova cédula tem elementos de segurança, como o número que muda de cor, semelhante ao utilizado na nota de R$ 20. Outro elemento é a marca d’água e o quebra-cabeça, ambos possíveis de serem visualizados ao expor a cédula contra a luz. Pelo tato é possível perceber o alto-relevo nas flores e frutos da lobeira que ilustram a nova nota, assim como o desenho da vegetação típica do cerrado; no nome República Federativa do Brasil e no número do valor da cédula”, explica a diretora.
No verso da nota, também há alto-relevo no nome Banco Central, no algarismo do valor da nota e em parte do corpo do lobo-guará. A nota de R$ 200 tem ainda três barras verticais como elemento de marca tátil, posição diferente de todas as demais cédulas em circulação.
TEM TROCO?
Mesmo antes de chegar aos bancos e estabelecimentos comerciais a nova cédula de R$ 200 mexe com o imaginário dos consumidores e lojistas. O receio é pela dificuldade em emitir troco nas compras utilizadas com a nota que será a de mais alto valor em circulação no país. “Será preciso ter bom senso né? Acho estranho uma nota tão alta assim, pois com a de R$ 100 já temos dificuldade em dar troco, imagina com a de R$ 200? Ao abrir o comércio e um dos primeiros clientes pagar qualquer produto com ela, descontrola o caixa. Precisarei ter mais valores de reserva para não deixar ninguém sem troco”, comenta o gerente Isaac Gonçalves, que trabalha em uma padaria em Resende.
Vendedores ambulantes e donos de pequenos negócios também demonstram receio com a chegada da nota de R$ 200. “Vendo balas, doces, água, refrigerantes em locais de grande movimento na cidade. Quando me pagam com R$ 50 sinto dificuldade em fornecer troco. Sei que é uma medida que preciso rever, mas imagina alguém pedir um refrigerante e pagar com R$ 200? Terei que negar a venda, não carrego tanto dinheiro para troco assim, ate por medo de assalto”, opina o empreendedor Rogério Souza.
A preocupação com o troco também gera receio para o motorista de aplicativo Samuel Pinheiro, que mantém um pote de moedas no interior do veículo. “As cédulas de maior valor levo no bolso da calça, mas dificilmente carrego alguma acima de R$ 50. Se o passageiro pagar a viagem com a nota de R$ 200 terei que negociar, porque não podemos perguntar antes como ele vai pagar. Isso pode inibir o serviço e ainda eu ser visto como indiscreto. Já houve gente pagando com nota de R$ 100 uma corrida de R$ 15,50, felizmente foi no fim do dia e eu tinha troco”, comenta.
Até a chegada da nota de R$ 200 o Banco Central havia lançado mais recentemente as notas de R$ 20, em 2002 e a de R$ 2 (2001). A nota de valor mais alto até o momento em circulação no país é a de R$ 100, lançada em 1994.