BARRA MANSA
Fátima Lima está como prefeita há oito dias, após o afastamento pela Justiça do chefe do Executivo, Rodrigo Drable. Mesmo que termine hoje, ela diz que escreveu uma história: é a primeira mulher negra prefeita de Barra Mansa. “Represento uma população que é o maior percentual da cidade, que são os negros, um povo que tem uma história difícil, quero que olhem para mim e vejam que é possível crescer, que continuem lutando. Estou escrevendo uma história e ela muitas vezes não é escrita da maneira que a gente quer, às vezes com sangue, outras com flores, e se encerrasse hoje já teria feito história. Por Barra Mansa estou aqui”, disse.
Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, a prefeita em exercício contou que está dando continuidade aos trabalhos. Segundo ela, o problema não foi administrativo, mas sim político e, por isso a cidade não pode parar e os munícipes serem afetados. Fátima diz que está nas mãos da Justiça o retorno de Drable. “O momento agora é focar no trabalho”, afirmou Fátima que tem se reunido com o secretariado, conferindo obras em andamento, se reunirá com presidentes de associações de moradores.
Questionada se poderia seguir como vice de Drable na tentativa a reeleição neste ano, Fátima Lima disse que o assunto estava começando a ser tratado, que mais pessoas se dispuseram e seria analisado. Sobre o que aconteceu com o prefeito após operação do Ministério Público que conseguiu na Justiça seu afastamento por suposta tentativa de compra de voto de um vereador para aprovação de suas contas no Legislativo, contou que convive com Rodrigo há três anos e meio e não tem nada para falar da conduta dele que o desabone. “Continuo com meu respeito. Ele retornando sou sua vice até 31 de dezembro, se me indicasse a vice tranquilamente aceitaria. O foco é na cidade, no desenvolvimento de Barra Mansa”, destacou.
TRABALHO COMO VICE
Fátima é professora, antes de se formar trabalhou como doméstica. É aposentada pelo Estado e professora licenciada da prefeitura por conta do cargo que ocupa. Nascida em Minas Gerais veio muito nova para Barra Mansa. No Colégio Estadual Baldomero Barbará estudou toda sua vida até se formar. Passou em concursos públicos. Diz que é professora por vocação. E na política entrou para servir à população. Antes de ser vice, ocupou as Secretarias de Educação e de Assistência Social, na gestão de Roosevelt Brasil. Na administração de Zé Renato trabalhou na assessoria de igualdade racial. Foi chamada em 2016 a ser vice de Drable.
Na prefeitura, contou que não quis assumir secretaria, mas sim dar andamento as políticas de igualdade racial. E ela comemora os avanços. Hoje o trabalho acontece nas escolas, principal carro chefe, mas também na cultura, saúde, desenvolvimento econômico. É uma gerência ligada ao gabinete do prefeito, mas fisicamente está em seu gabinete. “O trabalho que fazemos é interdisciplinar, percorre muitas secretarias. Não quero passar pelo governo sem deixar um trabalho que fique perpetuado para outras administrações darem continuidade. E conseguimos avançar muito porque outros municípios vem para Barra Mansa ver o que estamos fazendo. Muitos negros apareceram no cenário, porque há uma invisibilidade que precisa acabar”, explicou.
Fátima Lima contou que além desse trabalho, fez questão de trabalhar com outras secretarias, sempre se colocando à disposição. Participava de planejamento de secretários e estava ao lado de Rodrigo Drable. “A vice não fala na hora que não precisa, mas também não pode ficar alienada ao que está acontecendo”, diz.
E essa participação no governo desde o início tornou um pouco mais fácil assumir a cadeira. Segundo ela não é fácil, ainda mais nessa situação tensa, mas o trabalho precisa continuar. E Fátima enaltece a equipe que sabe trabalhar em conjunto.
COMBATE AO CORONAVÍRUS
Para a prefeita em exercício, a prioridade é a saúde das pessoas nesse momento. “Me importo com vidas”, fala. Segundo Fátima, o combate ao coronavírus tem sido foco desde o início da pandemia no Brasil, com ações contundentes e os resultados aparecem. Diz que não era para ter nenhuma morte, mas é uma situação inevitável, dada a complexidade dessa doença. Para ela, um dos pontos principais é que o serviço de saúde estava organizado antes da pandemia. Falou que muitos cobraram hospital de campanha, mas o pensamento foi pegar um lugar que já existia, antiga UPA da Região Leste, e fazer funcionar um Centro Covid-19, pois mesmo depois da pandemia ele pode ainda continuar a serviço da população, um hospital de campanha é temporário.
Ela pede que as pessoas se conscientizem sobre a doença, até porque Barra Mansa está com um acordo judicial onde os percentuais precisam ser cumpridos para o comércio ficar aberto. Fátima lembrou que está conversando com entidades comerciais para uma campanha de conscientização principalmente nos bairros. Além disso, a prefeitura também iniciará outra campanha para as pessoas se conscientizarem.