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Ventania devido a ciclone extratropical deixa Volta Redonda debaixo do pó preto

Por Tânia Cruz
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VOLTA REDONDA

Muita irritação nos olhos e garganta. É assim que está se sentindo grande parte dos moradores do município após a ventania que, no final da manhã início da tarde desta quinta-feira, 13, cobriu de pó preto vários bairros. Os mais atingidos foram os localizados no entorno da Usina Presidente Vargas (UPV), da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), como Aterrado, Conforto, Vila Santa Cecília, Siderlândia, Ponte Alta e Retiro.

Ontem, os ventos fortes atingiram a região, reflexo da formação de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul formado entre a noite de quarta-feira e a madrugada de ontem. O ciclone não chegará ao Estado do Rio de Janeiro, mas estão sendo esperados ventos intensos de até 80 km/h. Em Volta Redonda, segundo registrou a estação meteorológica da CSN, localizada no bairro Vila Santa Cecília, o vento que atingiu o município passou de 80 km por hora, entre 11h26min e 11h47min.

REGISTROS

Moradores de diversas partes da cidade registraram a ventania e a poeira através de fotos e vídeos. O fato ocorre um dia depois que ações para reduzir a poluição na cidade foram iniciadas pela CSN, em cumprimento de um pacto formado com a Prefeitura de Volta Redonda. Desde da última semana, a empresa está informando ações que tomará para evitar que o pó preto se espalhe por Volta Redonda e região.  Entre elas está o polímero sobre as pilhas de material particulado. Chamado de “Greencarpet”, o polímero é desenvolvido pela Benetech para ser aplicado com a ajuda de mangueiras em pilhas de material, como carvão, coque e minério de ferro. Ele possui alta resistência, longa duração e não polui as águas subterrâneas, não é tóxico e nem corrosivo. É uma das primeiras atividades iniciadas pela companhia para combater o pó preto na cidade.

Para a próxima semana estão esperados os canhões de água para também combater o pó preto.

MANIFESTOS

O prefeito de Volta Redonda Antonio Francisco Neto se manifestou sobre o pó preto visto pelas pessoas nos pátios e áreas comuns da empresa. “Isso mostra o acúmulo de pó. As medidas anunciadas esta semana pela empresa visam justamente evitar esse tipo de problema. Vamos continuar cobrando soluções, pois a população está sofrendo muito com isso”, disse, que anunciou nesta quinta-feira que chegou em Volta Redonda uma Estação Móvel de Monitoramento da Qualidade do Ar, através do Inea.


A previsão é que a unidade fique por um mês, mas o prefeito pedirá que fique um tempo maior. “Essa unidade vai nos ajudar a medir a efetividade das ações anunciadas nesta semana pela CSN para reduzir o pó preto que tem caído sobre nossa cidade”, comentou, frisando que a estação móvel terá dados independentes da qualidade do ar antes e depois das medidas.

O deputado estadual Jari Oliveira também se manifestou. “A CSN informou ontem que estava começando a implantar uma medida paliativa para minimizar a dispersão do pó preto na atmosfera. Hoje (quinta-feira, dia 13), com aumento da incidência de ventos, ficou ainda mais nítida a quantidade absurda de pó no ar. Não podemos respirar mais um ar tão poluído. É necessário que a empresa tome medidas mais efetivas e urgentes de combate à poluição do ar em Volta Redonda. Por isso, seguirei cobrando à empresa e ao órgão fiscalizador, que é o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), uma solução definitiva para o problema”, apontou.

A Diocese Barra do Piraí, através do seu bispo Dom Luiz Henrique da Silva Brito, divulgou um comunicado sobre a poluição causada pela CSN.  “Com o avanço do ciclone extratropical no estado do Rio de Janeiro, os ventos revelaram uma alta carga de poluentes sobre a cidade do aço”, diz. Cita que a importância da companhia é inegável para o desenvolvimento da região, mas que isso não pode ser entendido como um salvo-conduto para “descuidos ecológicos e ambientais que a população sente e respira cotidianamente. O bispo aponta a necessidade de encontrar meios e técnicas que minimizem e até eliminem os impactos ambientais das atividades da siderúrgica.

O advogado da área ambiental, presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB-VR, Rodrigo Beltrão é o fundador do Coletivo Democracia Verde que atua desde 2020 na cidade. Para ele, o que foi divulgado pela CSN não será suficiente para conter a poluição. “Uma das ações seria a decomposição desses materiais contaminantes a água, mas a própria água vai contaminar o solo. Estão fazendo uma medida que mais parece um mascaramento do que solução definitiva. De imediato poderiam ter anunciado a manutenção dos filtros que instalaram há alguns anos nas chaminés e rever as formas de escape da sinterização”, disse.

No dia 23 deste mês, acontecerá um ato na Praça Brasil, às 10 horas, contra o pó preto da CSN. O Coletivo Democracia Verde estará presente. O ato é desenvolvido pelo Sul Fluminense Contra a Poluição, um movimento coletivo da região.

VEJA O VÍDEO

https://youtube.com/shorts/Fmaxk3Wlpd0?feature=share

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