VOLTA REDONDA/SUL FLUMINENSE
As aulas já começaram e com elas, para muitas crianças, adolescentes e até jovens, o medo e a ansiedade podem acompanhar esses dias e deixar a rotina frustrante e dolorida. Na maioria das vezes isso passa, com os pais ajudando a lidar com os sentimentos novos, mas em outras situações é preciso ajuda. A psicóloga especialista em Neuropsicologia da infância e adolescência, Marcele Campos, deu dicas de quando o alerta acende e é preciso identificar as causas dos problemas, como desempenho abaixo do esperado, dificuldades em fazer tarefas habituais, déficit em habilidade sociais, entre outros.
Segundo a psicóloga, é normal a agitação no início do ano escolar, com nova turma, amigos, rotina, porém o tempo é quem dita quando isso ultrapassa a barreira da normalidade. “Se passar dos 15 a 30 dias é importante verificar o que está acontecendo, o que tem trazido insegurança no ambiente. Outro bom sinalizador é quando a escola chama os pais para conversarem sobre o comportamento da criança”, disse.
Pais e professores devem se atentar a mudança de comportamento da criança, como queixas de dores de cabeça ou de barriga, recusa em ir à escola, dizer que gosta do ambiente ou de estar com as pessoas. Ouvir e observar o comportamento, segundo Marcele Campos, precisam ser as primeiras coisas a serem feitas. “É necessário analisar se há mudança brusca no padrão comportamento, sono ou da alimentação, se está apresentando baixo desempenho ou dificuldade de interação na escola. Estes são sinais de alerta”, aponta, ressaltando a importância de buscar um profissional especializado para uma avaliação.
Quais profissionais procurar?
O psicólogo e/ou um neuropsicólogo podem contribuir para avaliar o que pode estar acontecendo e que está impedindo esta criança a ter uma inserção tranquila na escola.
No caso do neuropsicólogo, ele pode ainda avaliar o desenvolvimento da criança e verificar se há alterações que podem interferir na adaptação desta criança no ambiente escolar, além do medo e da ansiedade.
Essa avaliação pode ser feita a partir dos primeiros meses de vida até e até mesmo na fase adulta. Visa investigar as funções cognitivas, possíveis quadros do neurodesenvolvimento, quadros neurológicos e o impacto nas atividades diárias.
Este tipo de avaliação também é indicada quando há déficit das funções executivas, como planejamento e organização; déficit de atenção e dificuldades de aprendizagem. E pode auxiliar no diagnóstico de alterações como Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Dislexia, Transtorno do Espectro Autista (TEA), atraso no desenvolvimento cognitivo, altas habilidades (superdotação) em crianças e adolescentes, mas também pode ser realizada em adultos e idosos para identificar possíveis quadros demenciais, por exemplo.
“Não necessariamente o resultado da avaliação neuropsicológica será um transtorno. O objetivo é traçar um perfil neuropsicológico do indivíduo, entender quais forças e fraquezas a pessoa apresenta e o que tem que ser feito a partir disso, como encaminhamento para neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo”, destacou Marcele Campos
VOCÊ PODE AJUDAR SEU FILHO
A neuropsicóloga deu dicas de como ajudar o filho nesse momento de início de ano letivo:
– Dar atenção ao que está sendo falado sobre os sentimentos é algo primordial. “Não invalide os sentimentos da criança e nem menospreze a ansiedade demonstrada”, afirma.
– Previsibilidade nos horários de entrada e saída da escola é essencial. “É importante que a criança chegue na hora certa na escola, pois ela perde o início das atividades e, no caso de uma criança mais ansiosa pode trazer um sentimento negativo de exposição e piorar a ansiedade. Assim como atrasos geram insegurança, podendo causar medo de abandono e ansiedade”, conta.
– Crianças pequenas em início de idade escolar devem fazer adaptação. Uma boa sugestão é levar um objeto de apego para fazer a transição, uma forma das crianças ter uma familiaridade junto dela, por um período até que acostume.
– Sempre passar coisas positivas sobre a escola.