BARRA MANSA
Na tarde da última quarta-feira, dia 5, a vice-prefeita Fátima Lima se reuniu com a equipe do projeto Afrosaberes, no palácio Barão de Guapy, no Centro, para tratar de assuntos importantes relacionados à igualdade racial no município.
Durante o encontro, Fátima foi presenteada com o livro “Me conta aí, quantas cientistas pretas você conhece?”, elaborado pelo professor da rede municipal de ensino, Lucas Peres, juntamente com a estagiária e estudante de Biologia da UGB-FERP, Jessilane Xavier. O exemplar veio com uma dedicatória à vice-prefeita, que sempre lutou contra a discriminação racial.
O livro traz a história de cientistas como Alice Ball, que criou um tratamento eficaz para hanseníase, Annie Easley, que desenvolveu um software para o Centaur, um dos foguetes mais importantes para a NASA e Jane Wright, que foi essencial no desenvolvimento de tratamento contra o câncer.
Entre os assuntos abordados no encontro, foi relatado que muitas crianças negras não conhecem e não possuem referências negras de sucesso, identificando-se de forma bem limitada a atores e jogadores de futebol. Para eles não existe a possibilidade de se ter uma vida profissional bem sucedida fora desses âmbitos, porque é somente dentro deles que se tem referência.
Buscando ampliar as possibilidades, o Projeto Afrosaberes 2021 dialoga através desse livro, vídeos e um jogo elaborado para esse propósito, que crianças negras podem e devem almejar um futuro profissional em qualquer área de atuação.
A vice-prefeita Fátima Lima explicou um pouco sobre o projeto. “Nosso projeto já está se encaminhando para o quinto ano e o interessante é poder aproximar a criança do saber afro, porque muitas vezes as pessoas não têm noção de que suas raízes são importantes. A visão que se tem é que a descendência afro é de escravos, pobreza e dificuldades, somente. Agora com essa temática da ciência, as crianças vão descobrir uma África além daquilo que foi apresentado a elas. Mostrar que lá é o berço da humanidade. Muitas coisas da ciência que nós celebramos hoje nasceu lá. Estamos tratando de referenciais de mulheres negras, cientistas que fizeram a diferença e que as crianças não conhecem. Queremos mostrar para as nossas crianças que o negro é muito mais que folclore. Consciência negra vai muito além.”
O professor e articulador da Gerência de Atenção Básica de Ciência e representante da Gerência de Promoção da Igualdade Racial (Gepir) na secretaria de Educação, Lucas Peres, contou sobre o livro. “Ele é muito importante porque aproxima e identifica as crianças da escola pública com a ciência, ou seja, o jogo tem uma temática de cientistas negras e assim elas criam uma identidade, se enxergam na ciência. Muitas vezes elas olham um cientista europeu que não se parece com elas. Mas a ciência é ampla e não tem raça, não tem cor e nem gênero. É possível que essas crianças da rede pública ocupem esse espaço”.
A escritora do livro, Jessilaine Xavier, conta sobre a importância do livro na educação básica. “Ele surgiu através do contato com o meu orientador atual, que é o Lucas. Tivemos essa ideia e já colocamos em prática na mesma semana, onde trabalhamos as questões raciais dentro da sala de aula, os problemas gerados através dele e também voltados ao bullying. Fizemos uma metodologia com três momentos pedagógicos pra conseguir trabalhar melhor a questão racial da educação básica e no ensino da ciência”.
O livro virou tema de um artigo na plataforma CAPES (https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/598815) e será distribuído na rede municipal de ensino. O jogo está disponível através do link https://wordwall.net/play/11965/609/636.