VOLTA REDONDA
A Estação Primeira de Mangueira foi a grande campeã do carnaval carioca de 2019 tendo como enredo o samba ‘História pra ninar gente grande’, que recebeu um estandarte de ouro do jornal O Globo e nota dez de todos os jurados. Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, um dos compositores volta-redondenses, Silvio Mama, contou como foi o processo para a composição. Junto com ele, outros dois representantes de Volta Redonda – Ronie Oliveira e Márcio Bola – carregam a emoção da vitória, além de mais outros três cariocas, Deivid Domênico, Tomaz Miranda e Danilo Firmino.
O desfile da escola aconteceu na última segunda-feira, 4, na Sapucaí. Segundo Mama, o grupo de compositores foi escolhido a dedo. “Eu observo quem é que gosta de verdade do carnaval, pois a disputa é séria e rigorosa”, afirmou, acrescentando sobre a produção da letra. “A letra fala sobre os personagens da história do Brasil, que não são citados nos livros”, disse.
Silvio Mama contou ainda que quando recebeu a sinopse para a produção da música, não estava estabelecida a menção a Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada no ano passado. “No início muitos discordaram da menção, principalmente algumas parceria, pois acharam que não seria bem visto, mas deu no que deu. O samba foi aclamado pelo público, pela mídia e pelos intelectuais do samba”, disse, contando sobre sua satisfação. “Em minha opinião essa letra é fantástica, é um samba que será cantado por muitos anos”, comemorou.
De acordo com Mama, nesses oito anos ele já foi para a final com a Mangueira duas vezes, no ano de 2010 e em 2015. Nesse ano a escola de samba obteve pontuação máxima em todos os quesitos. Esse foi o 20º título da Mangueira.
LETRA DA MÚSICA
Brasil, meu nego deixa eu te contar
A história, que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisando
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil,
O teu nome é Dandara
E a tua cara é de Cariri
Não veio do céu, nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati.
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasil que se faz um país de Lecis, Jamelões
São verde e rosa as multidões