SUL FLUMINENSE
A direção do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ) acatou a decisão da assembleia realizada na noite desta segunda-feira, dia 17, coordenada pela Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) reunindo todos os sindicatos do país e deliberaram pela greve geral nacional por tempo indeterminado.
Segundo o Sintect-RJ, mesmo com a instabilidade registrada no site e redes sociais das entidades dos trabalhadores, os ecetistas participaram da votação virtual. Foram 1.176 trabalhadores votando a favor da greve por tempo indeterminado, a partir das 22 horas do dia 17. “Essa greve nacional dos trabalhadores dos Correios está sendo considerada por muitos como a mais importante dos últimos 20 anos. De Norte a Sul do país, a categoria atendeu ao chamado da Findect e seus sindicatos filiados nessa luta importante pela manutenção dos direitos, benefícios e empregos”, informa.
A expectativa é que a greve ganhe força a cada dia com a adesão dos trabalhadores em todo país, seja da área operacional, tratamento ou administrativo, tendo em vista a postura agressiva da direção da empresa, que quer a retirada e redução de direitos e benefícios de toda a categoria, conquistados através de muita luta.
No Sul Fluminense, segundo o Sintect a greve pode ser considerada parcial. “Fazem parte até o momento o Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de Resende, Barra Mansa, Barra do Piraí e Volta Redonda, além do Centro de Entrega de Encomenda (CEE) de Volta Redonda. Sobre o percentual mínimo de trabalhadores está dentro do que está previsto na lei”, afirma Esmeralci Silva, diretor do Sintect no Sul Fluminense.
A orientação da Federação e sindicatos filiados é para os trabalhadores se manterem mobilizados em todas as agências, participando das atividades convocadas pelos sindicatos, e que também convoquem os seus companheiros a aderirem à greve. “É preciso também denunciar as práticas antissindicais da direção dos Correios e do Governo Bolsonaro. Nossa greve é contra a retirada de direitos e benefícios, pela manutenção dos empregos, pela preservação dos direitos já conquistados pela categoria e ratificada pela decisão do TST no julgamento em 2019. Nossa pauta não é por aumento salarial e sim pelo cumprimento da sentença normativa do TST”, frisa o Sintect-RJ.
A categoria reclama que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) propôs reduzir valores do ticket refeição/alimentação, reduziu adicional de 70% para 33%; retirar a gratificação de quebra de caixa e o adicional de atendimento dos atendentes em guichê e retirar ou reduzir 70 direitos do acordo coletivo que tem 79 cláusulas. “Somos essências, mas também queremos a manutenção dos direitos e benefícios e o cumprimento da sentença normativa do TST que validou nosso Dissídio coletivo por 24 meses”, afirma o Sintect-RJ. Os ecetistas são contra a intenção de privatização dos Correios e pedem mais segurança durante a pandemia da Covid-19. Também criticam a revogação do atual Acordo Coletivo que estaria em vigência até 2021.
Segundo Esmeralci Silva, a principal razão da greve é que uma norma regulatória foi tirada pelo Tribunal Superior do Trabalho no ano passado, com duração de dois anos, tendo a presença das representações dos trabalhadores e da empresa. “A empresa está quebrando isso impondo a retirada de 70 clausulas que estão vigentes até 2021 com o intuito de privatizar os Correios. Sem ao menos receber as entidades sindicais para negociação. Então o que queremos é que se respeite a decisão tomada no TST. Lembrando que na ocasião já não tivemos nenhum reajuste nada, apenas mantivemos o que já tínhamos. O julgamento iniciado dia 14 foi exatamente por da suspensão da norma regulatória que a ECT conseguiu no STF. Julgamento que ainda está em andamento, mas a empresa de forma ditatorial ja impõe retirada de vários benefícios que estavam garantidos até 2021”, explica o sindicalista frisando que a expectativa é ampliar a adesão dos ecetistas para a greve.
NOVA ASSEMBLEIA
Uma nova assembleia nacional da categoria é prevista para o próximo dia 22, para avaliação do movimento e definição de próximos passos, por videoconferência no Facebook. “Apesar das restrições impostas pela pandemia de Covid-19 que impedem a realização de assembleias presenciais, o Sintect-RJ mantém seu princípio e compromisso de seguir a decisão dos trabalhadores. Somos radicalmente contra a redução de direitos e benefícios e em defesa dos empregos e do sustento de nossa família. Com a assembleia virtual, reafirmamos a importância da democracia e resistência contra os ataques do governo e direção da empresa”, afirma o presidente do Sindicato, Ronaldo Martins.
ECT DEFENDE AJUSTES PREVISTOS NA CLT
Com a greve deflagrada, a reportagem do A VOZ DA CIDADE solicitou informações para a ECT sobre a situação nas agências do Sul Fluminense e a sua posição oficial perante os fatos. A direção da estatal frisou que os dados sobre o efetivo estão em apuração e novas informações poderão ser prestadas ainda nesta terça-feira, dia 18. “Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados conforme contracheques em anexo que comprovam tais afirmações. Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa”, afirma a empresa.
Os Correios ressaltaram ao A VOZ DA CIDADE que no momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional. “Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia. A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”, argumenta.
Por fim, a ECT observa que respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, “os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”.
*Postagem atualizada às 14h32min