VOLTA REDONDA
Embora faltem dados estatísticos, é visível o aumento de pessoas que passaram a fazer ‘coleta seletiva individual’ nas ruas do município. A crise sanitária e o desemprego têm levado muito a tal situação. O aumento de catadores está relacionado à crise econômica por causa da pandemia, que fez ampliar a informalidade e também a população de rua, não só na cidade, crescente desde 2017 quando a crise econômica se acentuou com as reformas.
Os próprios catadores garantem que, outro fator para o aumento deles nas ruas é a pandemia por causa do novo coronavírus (Covid-19) que acabou por aumentar a população de rua. “Acredito que cabe ao Poder Público, um pouco, mapear a situação e desenvolver políticas públicas que apoiem este contingente de trabalhadores que atuam na área de resíduos”, declarou o pesquisador e professor de sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), campus Aterrado, Raphael Lima.
Uma moradora do bairro Vila Brasília, que preferiu se identificar apenas pelas iniciais GTS., revelou que precisa levar algo para meus filhos dentro de casa. “Com as latinhas, papelão e plásticos consigo um dinheirinho. Tá muito difícil a vida”, declarou a mulher, ressaltando que até antes da pandemia não imaginou estar nessa atividade.
MEDO
Outra catadora de resíduos de Volta Redonda ao ser indagada sobre o risco de contaminação no ato de revirar o lixo, foi taxativa. “Tenho medo, mas uso luvas e máscara e peço a proteção de Deus para não pegar Covid”, disse a mulher, quando selecionava reciclados em frente de um prédio no bairro Aterrado.
A situação tem feito surgir até ‘pontos de coleta’ alternativos de reciclados em Volta Redonda. “Os moradores do bairro colaboram e quando não pego o material nas suas casas, alguns deixam aqui”, informou outro catador que circula com seu carrinho entre os bairros Barreira Cravo, Niterói e Voldac.
A presidente da Cooperativa Cidade do Aço, Terezinha de Jesus, que atualmente está em recesso devido à Covid, disse que vê que as catadoras que estão nas ruas estão se cuidando, sim.
CATADORES DA RUA SÃO ‘ÁGUIAS’
O diretor da Cooperativa Folha Verde, Euvaldo Santana, ao analisar a situação, considera que os catadores da rua são ‘águias’, pois em vez de ficarem pedindo alimentos nas casas, saem em busca de reciclados para garantirem o que gostam de comer. “São pessoas do bem. Diante da crise da pandemia, em vez de bater nas casas das pessoas e pedir algo, depender de vizinhos, preferem movimentar e garantir o alimento que precisam. São ‘pessoas águias’, que escolhem o que querem do jeito que querem e não têm vergonha. A maioria são mulheres”, destacou Euvaldo, revelando que aos 42 anos também iniciou a vida de catador.
Euvaldo lembrou ainda que a atividade de catadores de resíduos em Volta Redonda tem sido de relevância. “Tudo em termo de geração de renda para algumas pessoas que já estavam foram do mercado de trabalho, além da questão da sustentabilidade. O trabalho das cooperativas é uma forma de gerar cidadania, inclusão e oportunidade de renda, fato que tem envolvido parcerias, inclusive com a UFF”, concluiu o diretor.