BARRA MANSA
Quase duas semanas após a morte da jovem Maria Júlia, de 16 anos, no bairro Piteiras, o clima entre os moradores do bairro continua sendo de medo e insegurança. Alguns deles procuraram o A VOZ DA CIDADE e relataram que estão assustados diante de tamanha violência e que estão tomando hábitos diferentes em suas rotinas para se precaverem de eventuais situações que possam colocar suas vidas em risco. Eles ressaltam que são recorrentes os assaltos pelas ruas e que os criminosos, armados, chegam, a maior parte das vezes em motocicletas.
Segundo informações da comandante do 28° Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Luciana Rodrigues, o patrulhamento no bairro foi reforçado após o crime. A morte da jovem continua sob investigação e ninguém foi preso.
Uma das moradoras, de 25 anos, que conversou com a nossa equipe, tem 25 anos e preferiu não se identificar. Ela mora há 18 anos no bairro Piteiras e confessa que as coisas não estão nada tranquilas pelo bairro. “Depois do que aconteceu, está tendo muito assalto, não estamos podendo nem andar na rua direito. Eu não fui, mas pessoas que eu conheço já foram e os assaltos acontecem sempre de pessoas que chegam em motos”, disse, contando que recentemente um conhecido dela, que tem problemas auditivos, foi assaltado no meio da rua. “Assalto a mão armada, assim como a maioria dos outros. Mas ele não escuta. Ele poderia ter morrido”, comentou a moradora.
Ela contou que sua mãe também foi assaltada, inclusive foi agredida pelo criminoso. “Ele queria a bolsa e ela levou um soco quando pediu para tirar ao menos os óculos”, lembrou.
Segundo a jovem, que tem três sobrinhos, a família está revezando para que os mesmos possam andar nas ruas, principalmente na hora de ir e voltar da escola. “Eles não andam mais sozinhos. Estão sempre na companhia de um adulto”, disse, pedindo que seja reforçada a presença da Polícia Militar no bairro, principalmente no horário de aula e na parte da noite.
TRANCADOS
Outra moradora, de 59 anos, disse que mora há 25 anos no bairro e que tem oito netos e um bisneto. “Quando estão aqui em casa, todos ficam quietinhos, trancados no quintal. Não só eles. Determinado horário fica tudo fechado. Não dá nem para aparecer do portão para fora”, disse.
Ela menciona que recentemente sua vizinha foi assaltada na porta de casa. “Eles estavam armados, em uma moto. Levaram o celular dela e o dinheiro das compras”, disse, contando que em alguns pontos, falta iluminação, principalmente em um escadão, que fica na Rua Aroldo Aguiar da Silva. Procurada, e prefeitura disse que esse serviço já está incluído na programação de manutenção da secretaria, e que em breve esse problema será solucionado.
SEM CELULAR
Outro rapaz, que também prefere ter a identidade preservada, não está saindo mais de casa com o aparelho celular. Com medo de ser assaltado, ele vai todos os dias para a escola, no horário noturno, sem o telefone, e antes da aula terminar, pede para a professora liberar um pouco mais cedo, com medo de voltar e ser assaltado.
POLÍCIA NO BAIRRO
O A VOZ DA CIDADE procurou a comandante do 28° BPM, tenente-coronel Luciana Rodrigues, que assegurou que o policiamento no bairro foi reforçado após a morte da jovem Maria Júlia. “A Polícia Civil ainda está investigando e não temos mais suspeitos. Desde o ocorrido a viatura do setor intensificou o policiamento no bairro e estamos com operações programadas para Barra Mansa”, afirmou a comandante, que pede que a população contribua com o trabalho da polícia, denunciando através do número 0800-0260-667.
Nossa equipe também procurou a equipe de investigação da 90ª Delegacia de Polícia (DP) para saber se há novidade sobre o caso, mas não obteve retorno.
O CRIME
Maria Júlia morreu no dia 24 de outubro. Seu corpo foi encontrado na cozinha de sua residência, pelos pais, com sinais de estrangulamento, além de marcas de agressões pelo rosto.
Na ocasião, um jovem, de 22 anos, chegou a ser apresentado na sede da 90ª DP, mas ele negou o crime, sendo liberado após realizar exames de DNA, cujos resultados ainda não foram divulgados.
No dia 26, os pais das jovens realizaram, com amigos da menina, um ato na Praça da Igreja Matriz de São Sebastião, no Centro, pedindo justiça. Na ocasião, eles defenderam que as políticas públicas e leis precisam ser alteradas para que criminosos os não continuem nutrindo a sensação de impunidade, cometendo cada vez mais crimes e fazendo a cada dia mais vítimas, como a Maju, como era conhecida a adolescente.