BARRA MANSA
A construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Barra Mansa vem causando transtornos para os moradores de Saudade. Apesar do projeto já está tramitando desde 2011, os moradores denunciaram que tomaram conhecimento dele apenas no início deste ano. Os residentes se queixam de não terem sido comunicados devidamente de que a ETE seria construída no bairro. Segundo eles, a construção da estação prejudicaria não apenas as casas, que estão próximas ao local, como também trariam transtornos para a fauna, já que a estação será construída em uma área estabelecida como um Refúgio da Vida Silvestre Estadual do Médio Paraíba, onde vivem animais como macacos e tucanos. O serviço tem previsão para ser iniciado ainda neste primeiro semestre de 2019 e terá o investimento de aproximadamente R$ 80 milhões.
Segundo informou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), os principais bairros contemplados com o tratamento de esgoto serão o Vila Maria, Saudade, Vista Alegre, um trecho do Centro, Vila Nova, Água Comprida entre outros nas proximidades. O saneamento é um conjunto de serviços essenciais para que todos tenham qualidade de vida, e, os moradores afirmam não serem contra ao tratamento, mas discordam do local estabelecido para a construção e pedem a realização de uma Audiência Pública para esclarecimento e para solicitar que a estação seja construída em outro endereço.
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Barra Mansa informou que duas audiências públicas sobre o saneamento municipal já teriam sido realizadas, uma em 2011 e outra no final do ano passado. “As duas foram abertas para a população, sendo, anteriormente, divulgadas nos meios de comunicação”, informou em nota, acrescentando que apenas um pequeno espaço da vegetação será removido, sem que a área de preservação seja afetada. “O Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), já esteve no local, e não se opôs, pois os benefícios ambientais na construção de uma ETE são bem maiores por contribuir diretamente na despoluição das águas do Rio Paraíba do Sul”, concluiu o órgão.
O morador de Saudade, Paulo Henrique Martins Corrêa, contou que no local que será construída a estação vivem diversos macacos e tucanos. “Estamos fazendo o que podemos para tentar realocar essa estação para outro local mais apropriado, onde não prejudique ninguém. Nós sabemos que o projeto é algo importante para o meio ambiente e não somos contra uma estação”, disse.
Paulo ainda gravou um vídeo que mostra vários tucanos no local.
‘FALTA DE DIÁLOGO’
De acordo com o morador Leonardo Ângelo da Silva, os moradores ficaram sabendo da construção da ETE quando perceberam uma frequente movimentação no terreno, que fica na Rua Carlos Haasis. “Um dos residentes perguntou com os técnicos do Saae o que eles estariam fazendo no locar e foi assim que ficamos sabendo da estação de tratamento. Desde então estamos correndo atrás para resolver isso”, disse.
Leonardo ainda conta que um coletivo de moradores do Ponto Final, realizou quatro reuniões para tratar do assunto e conseguiram levantar alguns detalhes do projeto. “Na época em que aprovaram esse projeto, a área não era considerada um Refúgio da Vida Silvestre. No local tem vários bichos, que serão prejudicados. Sem contar que existem casas próximas a esse local”, relatou, acrescentando que apesar de dizerem que aconteceram audiências públicas, nenhuma ata ou confirmação documental apareceu. “Como a prefeitura já possui a licença prévia do projeto, decidimos divulgar e acionar o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), ao mesmo tempo em que tentamos comunicação com o Executivo, pois se a licença de instalação for dada à prefeitura, a obra começa”, expôs.
Ainda de acordo com Leonardo, a ETE pode trazer vários transtornos para a comunidade, como o mau cheiro e o ruído das bombas. “Existem outros lugares para que essa obra seja feita, onde não haja animais e nem pessoas que vivem próximas”, afirmou, completando que os moradores estão realizando um abaixo assinado, que já soma quase mil assinaturas, e a intenção é solicitar ao MPRJ para que seja realizada uma audiência pública com os moradores.