BARRA MANSA
A família de Lailson Porfirio Gomes, de 25 anos, que morreu após acidente em um elevador de cargas do Royal Supermercado, no último dia 9, procurou o A VOZ DA CIDADE para expressar a dor da perda e desabafar sobre como o caso vem sendo tratado. O hipermercado foi inaugurado no dia 26 de junho, no Jardim Boa Vista, em Barra Mansa De acordo com a mãe, Liliane da Silva Porfirio, o registro que foi feito na 90ª Delegacia de Polícia (DP), que foi dado à família, da conta de que o filho teria sido culpado pelo acidente, agindo de forma imprudente. No entanto, chegou até a família informações de que o elevador já apresentava problemas há algum tempo.
Segundo o registro feito na delegacia, Lailson, que era operador de loja, tentou liberar o elevador, que estava travado no segundo andar, de maneira irregular, chutando a porta, e o acidente teria ocorrido às 9h17min. “Nesse momento, o elevador destravou, simultaneamente, Lailson veio a cair no fosso do elevador, aparentemente pelas imagens do circuito interno de monitoramento”, descreveu uma testemunha.
A família, no entanto, relatou que chegou ao seu conhecimento que, por conta do equipamento estar com problemas, a única maneira de fazê-lo funcionar, era a base do chute. “Ficamos sabendo que todos davam uma pancada para que ele funcionasse. Como um elevador que aguenta toneladas poderia sofrer algum dano com um chute de um homem com menos de 100 quilos?”, questionou Laryssa Porfirio Gomes, irmã do jovem morto.
LAUDO MÉDICO E CAUSAS DA MORTE
Outro questionamento feito pela família foi sobre Lailson ter ou não morrido no local do acidente ou na Santa Casa de Misericórdia. De acordo com o laudo médico, o jovem teria sofrido ação contundente, que são lesões causadas com o peso do próprio corpo. As causas da morte, que foi declarada às 10h22min, foram apontadas como “laceração pulmonar, traumatismo torácico e politraumatismo”. “Pela dimensão das coisas, ele não deve ter saído de lá com vida. Até chamar o bombeiro, até eles chegarem e até descerem no fosso para retirá-lo, não pode ser possível que ele saiu com vida de lá”, pontuou a família, completando que querem as respostas dos questionamentos para saber o que realmente ocorreu.
O A VOZ DA CIDADE procurou a Polícia Civil, responsável por investigar o caso, que informou que sem a conclusão do laudo pericial, que tem um prazo de 30 dias para ser elaborado, não é possível divulgar qualquer informação.
Royal se pronuncia sobre acidente ao A VOZ DA CIDADE
Representando a rede Royal Supermercados, o supervisor de operações, Hilton da Silva, falou ao A VOZ DA CIDADE que o elevador de carga era totalmente novo e por isso nunca passou por nenhuma manutenção. Ainda de acordo com ele, o equipamento funcionava perfeitamente. O supervisor ainda explicou que o supermercado também busca entender o que aconteceu, e, que as respostas poderão ser obtidas apenas após a conclusão do laudo da perícia. “Quando cheguei ao local, os bombeiros já estavam com ele na maca. Logo depois fui à casa da família, encontrei a Laryssa, em seguida, a levei ao hospital e esperei com ela. Após cerca de 30 à 40 minutos, tivemos a notícia do falecimento”, relatou o supervisor.
Hilton ainda explicou sobre as medidas de segurança que o elevador possuiu. “Existem duas portas que dão o acesso ao transporte de carga, e ele só sai do lugar se ambas estiverem fechadas. Além disso, existe um botão que o aciona para subir ou descer”, explicou, completando que o fosso do elevador não é profundo. “Em média a profundidades tem mais ou menos um metro e meio”, disse.
AUXÍLIO À FAMÍLIA
O supervisor ainda afirmou que a rede não pretende deixar a família desamparada. “No mesmo dia do acidente acionamos a seguradora, pois todos os funcionários possuem um seguro. A empresa também prestou o auxílio à família, arcando com todos os custos do velório e do enterro, sem fazer objeções de valores. Nós estamos pensando na família, que são pessoas simples e humildes, e, temos a intenção de cuidar deles, resolver esse caso e descobrir o que realmente aconteceu”, garantiu.
Hilton ainda relatou que Lailson era um rapaz querido por todos no supermercado e que também era um ótimo funcionário. “No dia não fechamos, mas no dia seguinte paramos de funcionar por algumas horas em respeito ao sepultamento do funcionário”, relatou.
COLABORANDO COM AS INVESTIGAÇÕES
De acordo com que explicou o supervisou, o elevador de carga está interditado desde o dia do acidente. “Estamos cooperando com tudo para que as investigações sejam concluídas e explique o que de fato houve”, disse Hilton, informando que a perícia está indo constantemente ao local. “Entregamos todas as filmagens solicitadas e estamos aguardando o laudo”, relatou.
Ele ainda explicou que para dar continuidade ao trâmite da seguradora, é necessário um laudo completo. “Todos nós queremos saber o que aconteceu. Até mesmo a empresa de elevadores vai querer saber. E não pretendemos em nenhum minuto deixar essa família desamparada”, finalizou.
A DOR DE PERDER O ÚNICO FILHO
Querido por muitos, Lailson era chamado pela família de ‘Guil’ e conhecido entre os amigos como ‘LP’. Segundo contou a mãe, Liliane, era o primeiro emprego dele de carteira assinada. “Ele sempre trabalhou junto ao pai com capotaria. Estava feliz com a nova função, nunca reclamou do local”, disse a mãe, relatando que o jovem começou na função há quatro meses e que tinha vontade de ser transferido para uma filial da rede em Petrópolis. “Era um garoto que gostava de futebol e estava feliz por ter conseguido o primeiro emprego”, lembrou.
Lailson morava junto com a família em Barra Mansa, na Rua Cecília Monteiro de Barros, no Centro. Sendo o único filho homem e caçula, a irmã mais velha de 35 anos, Laryssa, conta que ele sempre foi muito querido e protegido. “Era uma pessoa cheia de amigos, muitos compareceram no velório. Tem muita gente que manda mensagem para nossa família lamentando o caso”, ratificou, completando que tudo faz lembrar dele. “A comida que gostava nos lembra. O horário que saía e chegava. Os amigos postando as coisas sobre ele. Cada detalhe dói”, lamentou.
A mãe ainda relata que por ser o caçula e único homem, ela tinha um zelo especial pelo filho. “Eu o chamava de meu bebê. Não entendo o que aconteceu, ninguém explica nada. Quando eu cheguei no hospital, eu esperava que ele estivesse vivo. A gente se despede do filho de manhã para ele ir trabalhar e não pensa que vai acontecer uma coisa dessa. Eu não consigo nem dormir mais”, concluiu em prantos a mãe, lembrando que nada vai trazer a vida dele de volta, mas a família precisa entender o que aconteceu.