VOLTA REDONDA
A data-base para o acordo coletivo dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) – que trabalham na Usina Presidente Vargas (UPV), seria 1º de maio, foi prorrogada a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense para o dia 31, e deve sofrer novo pedido de prorrogação. Enquanto isso, segue sem previsão o início das negociações entre empresa e sindicato. A CSN não aceita a pauta unificada entre sindicatos e o representante dos metalúrgicos também não abre mão de pela primeira vez negociar os direitos dessa maneira.
Assinam a pauta unificada o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, o Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda, o Sindicato dos Vigilantes do Sul Fluminense, o Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro e o Sindicato Inconfidente de Congonhas.
A CSN enviou no dia 10 mais um ofício ao Sindicato dos Metalúrgicos solicitando que seja encaminhada a pauta contendo as reivindicações específicas da categoria profissional representada, observando a base territorial que representa, para que a primeira reunião do acordo coletivo aconteça. Ao A VOZ DA CIDADE, o presidente do sindicato, Edimar Leite, disse que essa decisão da pauta unificada foi tomada em assembleia, tirada pela categoria. “Não há impedimento legal para que possamos sentar de maneira unificada. O que precisa é boa vontade da empresa em entender que isso sempre feito a partir do momento que as propostas de cada local eram apenas repassadas para o outro. O que votamos no ano passado em Volta Redonda, por exemplo, foi colocado também em Minas Gerais. Então, a empresa sempre negociou de maneira unificada com suas propostas e agora, pela primeira vez, os sindicatos também se uniram assim. Unificação é o desejo dos trabalhadores”, destacou.
Segundo Edimar, a CSN já recebeu por diversas vezes a pauta e não sabe porque a primeira reunião não foi marcada. A empresa, por sua vez, se mantém firme na postura de começar a negociar sem a pauta unificada, pois são diretorias diferentes. Sobre o abono, o presidente do sindicato destaca que querem voltar com a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). “Estamos preparando alguns processos judiciais para que o trabalhador receba o que foi acertado com a própria empresa. O problema é que usa de artimanha com a gestão anterior, que colocou que o abono só seria pago após a conclusão do acordo coletivo. Isso é uma coisa e não deveria ser assim, como nunca foi. Outro ponto é que a PLR era dada para cada trabalhador, independente de quanto ganhava, no valor de R$ 70 mil. Agora, um funcionário que ganha R$ 1 mil, no final das contas só recebe R$ 1,5 mil de abono. Precisamos voltar com a PLR”, destaca, completando que a empresa continua com as práticas antisindicais, não reinserindo a diretoria do sindicato que tinha sido mandada embora e colocando uma barragem na entrada da CSN, impedindo que o carro do sindicato passe.
INTERDITO PROIBITÓRIO
A CSN conseguiu na Justiça um Interdito Proibitório para futuras mobilizações do sindicato em Volta Redonda. A decisão desta sexta-feira, 12, é do juiz do Trabalho, Leandro Nascimento Soares. Cita que mobilização e greve são direitos legítimos dos trabalhadores e que a adesão da categoria torna-se até salutar e necessária na busca por melhores condições trabalhistas. Porém, segundo ele, é necessário observar certos limites legais previstos em lei, como, por exemplo, não “violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem” e não “impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”. Deferiu parcialmente liminar impetrada pela CSN, que determina ao sindicato: abster-se de obstruir as vias públicas e privadas de acesso aos portões de entrada e saída das dependências da CSN; abster-se de impedir o acesso dos empregados, prestadores de serviços e clientes às dependências por qualquer meio, seja andando, de bicicleta, veículo particular ou ônibus fretado.
O sindicato está sujeito a multa de R$ 3 mil por dia por descumprimento de algum dos pontos.
Sobre essa decisão, o presidente do sindicato, Edimar Leite, diz que na última manifestação na porta da empresa tudo que foi legal foi feito, sem nenhuma hostilização a trabalhadores e impedimento dos mesmos adentrarem na empresa. “Foi uma mobilização de advertência, não proibindo as pessoas de entrarem. A CSN sempre faz isso e vamos analisar o que faremos. O que deixa triste são inverdades plantadas pela empresa e muita opressão em cima do trabalhador sem necessidade”, finaliza.