Os números exatos são conflitantes, mas perto de 1.300 jogadores brasileiros atuam no exterior. O Brasil é imbatível nesse quesito. Perto de 500 desses atletas, segundo o CIES Football Observatory, jogam em 31 campeonatos europeus da primeira divisão e, só em Portugal, nas diferentes divisões lusas, correm atrás da bola, de bom salário e da fama, uns 250.
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A liderança brasileira até já foi maior na Europa: 2009: 537, 2010: 567, 2011: 525 e 2012: 517. A hegemonia tupiniquim começou a cair em 2013 quando somente 476 brasileiros jogaram em clubes do velho continente. Ainda assim uma goleada sobre nossos Hermanos exportadores de craques, ou quase.
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Se for um jogador sem figurinha carimbada, tentar o estrelato na Europa pode se tornar um pesadelo como o de chutar para fora o último e decisivo pênalti. Que o digam os jogadores brasileiros que atuavam na Ucrânia e agora estão de volta com os familiares depois de sustos, epopeias para salvar a vida e muito dinheiro perdido.
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Raros desses aventureiros obtêm a fama e ganham fotos e manchetes nas capas dos jornais. Em sua grande maioria eles apenas enchem os pés de calos, mas não enchem as meias de dinheiro. A soma dos salários do mês de 90 por cento deles não chega a um salário mensal de Neymar. É um erro imaginar que são tratados nababescamente com luxo, fausto e pomba.
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O brasileiro e jogador de futebol Yago Victor dos Santos, em 2022 faria 27 anos. Depois de jogar futebol de campo no Brasília, no Taquatinga e, futsal no Itabaiana Coritiba Foot Ball Clube de Sergipe, desde 2019 tentava na Europa as luzes da fama.
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Perambulou por vários clubes na Espanha, Portugal e Bélgica, sem êxito. Confiante de que um dia tudo daria certo, economizou refeições, tremeu em noites de frio intenso e, para equilibrar a grana curta, dividiu com outros colegas aposentos até sem calefação.
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No domingo passado de carnaval, Yago estava eufórico depois do teste que fez no Nice de Paris. Na estação ferroviária Gare duNord fez uma refeição barata e voltou para seu dormitório onde iria contar para o colega de quarto tudo que aconteceu.
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No trajeto começou a se sentir mal, enjoado, tonto. Em casa seu estado foi ficando pior até que desmaiou. O amigo tentou reanima-lo enquanto, apavorado, ligava para outros colegas pedindo ajuda. Infelizmente, quando a ambulância do serviço de saúde francês chegou, Yago estava morto, vítima de uma parada cardiorrespiratória.
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De poucos recursos, a família de Yago tem contado com a vaquinha de amigos para pagar o custo – cerca de setenta mil reais – do traslado do seu corpo para o Brasil onde será sepultado. É uma realidade: a morte material interrompeu o sonho de Yago. A morte espiritual tem sepultado os sonhos de muitos outros como ele.
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