Samba da Jurema nasce solidário, cresce com voluntariado e vira patrimônio cultural

Vestindo branco e pedindo paz, o Samba da Jurema encerra o ano de atividades neste domingo, dia 21, a partir das 11 horas com samba do Juremeiros, Fabíola Machado do Awurê, pagode 90 de Léo Oliveira e brasilidades do DJ Gustavo Peixoto

Por Tânia Cruz
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VOLTA REDONDA
Com a chegada do fim do ano, também chegam os desejos de mudança, renovação, novos planos e, principalmente, paz. Em tempos modernos, nada parece mais urgente. É por isso que, a 17ª edição do Samba da Jurema, a última de 2025, será realizada no domingo, dia 21, a partir das 11 horas. Será na Área de Lazer do Hotel-escola Bela Vista, em Volta Redonda.
A tradição de usar cores na virada do ano é uma crença popular brasileira: cada cor carrega um desejo. O branco simboliza paz; amarelo, prosperidade; verde, saúde; azul, tranquilidade; rosa, amor; laranja, coragem. São escolhas influenciadas pela psicologia das cores e pelas tradições para guiar as intenções futuras. O Samba da Jurema escolheu o branco para pedir paz e união para 2026.
Inspirada no clássico Coisa de Pele, a 17ª edição do Samba da Jurema encerra o ano no dia 21 de dezembro, domingo, na Área de Lazer do Hotel-escola Bela Vista. A programação conta com a roda de samba dos Juremeiros, com participação mais que especial de Fabíola Machado, do Awurê, lançando sua nova música; muito pagode 90 com Léo Oliveira; DJ Gustavo Peixoto nos intervalos; além da Mostra Cordel de Economia Criativa, reunindo moda, arte e fé. Para os pequenos, haverá recreação infantil com a Turma Anima Aí.
Será um dia de encontros, e reencontros, marcado por canto, dança, afeto e pertencimento. Mas, acima de tudo, será mais um capítulo do propósito que sustenta o evento desde sua primeira edição: transformar alegria em solidariedade. Toda a renda será revertida para os projetos sociais das instituições APAE Volta Redonda, Casa Jurema, Casa Rosa de Acolhimento Diário, Galpão Cultural (Samba do Mulato) e Sociedade Protetora dos Animais de Volta Redonda (SPA).
É por sua força cultural e seu impacto social que o Samba da Jurema foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Volta Redonda e do Estado do Rio de Janeiro. Chegue cedo para saborear a tradicional feijoada preparada pela família de voluntários do Samba da Jurema e fique até o final, sempre tem surpresa.
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO
Na praça de alimentação, terá Pizza frita (R$ 12) — Apae Volta Redonda; Acarajé (R$ 20), Pão com pernil (R$ 15) e Salsichão (R$ 8 — Casa Jurema; Batata frita (R$ 20), Porção de aipim (R$ 15) e Isca de peixe (R$ 30) — Galpão Cultural, realizador do Samba do Mulato; Quitutes vegetarianos: Porção de pastel (R$ 20) e Pipoca (R$ 10) — SPA Volta Redonda.
A 17ª edição do Samba da Jurema conta com incentivo da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura e Cultura Viva (PNAB). Tem o apoio da Casa Jurema e do Laboratório Produções Artísticas; produção da Agência Foco Comunicação; e é uma realização da Comunidade Omariô de Jurema, reconhecida como Ponto de Cultura, pela SMCBM 16, Fundação Cultura Barra Mansa, Prefeitura Municipal de Barra Mansa, Ministério da Cultura e Governo do Brasil.
Os últimos ingressos estão à venda no Sympla e nos pontos de venda físicos, no formato Ingresso Solidário. É como diz a canção: “e o samba se faz, prisioneiro pacato dos nossos tantãs, e um banjo liberta da garganta do povo as suas emoções, alimentando muito mais a cabeça de um compositor, eterno reduto de paz, nascente das várias feições do amor, arte popular do nosso chão, é o povo que produz o show e assina a direção.”
A sença no último Samba da Jurema de 2025 e lançará sua mais nova música, Canto do Povo. O single, ‘Canto do Povo’, um samba inédito de Tiago Machado.
QUANDO SURGIU O SAMBA DA JUREMA E SEU OBJETIVO
O primeiro evento aconteceu no dia 11 de março de 2018, no Bar do Natinho, no bairro São Luiz, em Barra Mansa, a pouco menos de 3 km da Comunidade Omariô de Jurema, localizada no bairro Santa Clara, na mesma cidade. O objetivo era angariar fundos para custear despesas como luz, água, IPTU e a manutenção do espaço físico da Comunidade Omariô de Jurema. Afinal, as contas vencem para ela da mesma maneira que vencem para todas as igrejas e templos. Com o passar das edições, entendemos toda a importância do movimento que acabou sendo construído organicamente e começamos a dividir aquilo que nos era ofertado com outras instituições e projetos. O crescimento do Samba da Jurema motivou os voluntários do evento a compreender que seria possível fazer mais, não só pela nossa casa, mas por toda a comunidade na qual estamos inseridos.
O Samba da Jurema foi idealizado pelo jornalista e publicitário Davi Tedesco e pelo músico Raphael Garcêz. A ideia inicial era realizar uma ação entre amigos, e tudo começou a tomar forma quando deixou de ser apenas um projeto e se tornou realidade com a primeira edição. “Nesse momento, entendemos que o Samba da Jurema nasceu da necessidade, do amor e da alegria, da compreensão de que, quando se unem amor e alegria, é possível suprir qualquer necessidade”, destacou Davi Tedesco.
Tedesco informou que o Samba da Jurema é um evento beneficente, ele é o caminho, não o meio, nem o fim. Por meio do evento, são fomentadas arrecadações destinadas às instituições participantes, que, a partir delas, realizam seus projetos sociais. Davi lembrou ainda que o Samba da Jurema nasceu a Casa Jurema, uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, sem distinção de cor, sexo, nacionalidade, raça, profissão, credo religioso ou político, e de caráter filantrópico, beneficente, social e cultural, devidamente registrada e documentada. A Casa Jurema é o braço fazedor de cultura da Comunidade Omariô de Jurema, fundada em 1970, e oferece aulas de reforço escolar e musicalização infantil para crianças do bairro Santa Clara e adjacências, de 7 a 12 anos, devidamente matriculadas na escola.
ESPAÇO PARA INSTITUIÇÕES SOCIAIS
O Samba da Jurema abre espaço para diversas instituições sociais, que, por meio da venda de produtos durante o evento, arrecadam fundos para os projetos desenvolvidos por cada uma delas. Ao longo de 16 edições, o Samba da Jurema já beneficiou a Apae-VR, Casa Jurema, Casa Rosa Acolhimento Diário, Escola Municipal Quilombola de Santana Irmã Elizabeth Alves, em Quatis, Galpão Cultural (Samba do Mulato), Projeto Um Sorriso de Criança Cura Alma, Sociedade Protetora dos Animais Volta Redonda, SOS Barra Mansa e SOS Volta Redonda.
Tedesco lembrou que foi aberto também um espaço para mais de 30 artesãos e artistas independentes, que durante o evento podem expor seus trabalhos e comercializar sua arte. Muitos desses artistas são mulheres, negras e provedoras da família. Por todos os feitos, em 22 de agosto de 2019, a Câmara de Vereadores de Volta Redonda concedeu homenagem ao evento Samba da Jurema, por sua dedicação ao trabalho voltado para a expansão cultural, incentivando a disseminação das práticas do folclore regional. No dia 26 de setembro do mesmo ano ganhou o Prêmio Destaque Vip, categoria evento, promovido pelo jornalista Fábio Soares. Em fevereiro de 2020, pelo voto popular, recebeu o Prêmio Olho Vivo, realizado pelo também jornalista Cláudio Alcântara, como Melhor Evento de Samba.
Para o seu idealizador, o evento carrega um forte compromisso com a preservação ambiental. Dentro do Samba da Jurema não são utilizados copos descartáveis: ao adquirir sua bebida, cada pessoa recebe automaticamente um ecocopo produzido com material reutilizado. Essa prática já evitou o descarte de mais de 200 mil copos plásticos, que poderiam levar de 100 a 500 anos para se decompor na natureza.
Além disso, o evento apóia uma cooperativa de reciclagem, responsável pela triagem dos resíduos, separando os materiais orgânicos dos recicláveis. Essa iniciativa fortalece a cadeia produtiva da reciclagem, promove a inclusão social e gera renda para catadores e suas famílias.
Desde o início, o Samba da Jurema já beneficiou 10 entidades, o que representa aproximadamente 5 mil atendimentos mensais. Trata-se de um evento feito 100% por voluntários, com toda a renda revertida para projetos sociais que transformam vidas em nossa cidade. As pessoas podem colaborar atuando como voluntárias do evento ou das instituições participantes, ou simplesmente prestigiando o samba e se divertindo. Cada detalhe, da montagem à recepção, da feijoada ao som, é resultado do trabalho e da dedicação de pessoas que doam seu tempo, talento e amor para fazer o bem.
Os voluntários do Samba da Jurema e de tantos outros projetos sociais cumprem um papel fundamental onde muitas vezes as políticas públicas não conseguem chegar. A presença e a participação do público são partes essenciais dessa engrenagem do bem: enquanto nós entregamos alegria, quem frequenta o Samba da Jurema nos ajuda a entregar esperança.
Uma relação importante a destacar é a do Samba da Jurema com o grupo Juremeiros. Segundo Davi Tedesco, do Samba da Jurema nasceu também o grupo Juremeiros, que reúne um grande time de talentos do samba e que, desde a primeira edição, ganha notoriedade a cada apresentação. O evento solidário serviu de palco para enaltecer o talento desses músicos, que atuam no segmento há anos.
Com menos de um ano de formação, o grupo recebeu o Troféu Melhores do Ano como Grupo Revelação 2018, promovido pelo apresentador da Band, Taí Braz. No mesmo ano, conquistou o II Prêmio Dandara e Zumbi dos Palmares, que reconhece personalidades negras de destaque no município de Volta Redonda e região. Em 2023, o grupo recebeu homenagem da Secretaria de Cultura de Volta Redonda, no Dia Nacional do Samba, dia 2 de dezembro, e o Prêmio Olho Vivo, concedido pelo jornalista Cláudio Alcântara, como melhor EP lançado em 2023.
Os Juremeiros foram também a atração da primeira live da TV Rio Sul, afiliada da Rede Globo, com transmissão ao vivo para mais de um milhão de pessoas, pela TV aberta e pelos portais G1 e GShow. Ao longo da trajetória, dividiram o palco com nomes como Marquinhos Sathan, Leci Brandão e Samba de Caboclo, e já levaram mais de 200 mil pessoas aos seus shows.
Atualmente, o Samba da Jurema conta com mais de 70 voluntários atuando durante o evento. O Samba da Jurema tem como principal compromisso ser um evento beneficente, apoiando e fortalecendo causas sociais, além de contribuir para a preservação da tradição do samba em Volta Redonda e em toda a Região Sul Fluminense. O evento busca retomar a tradição da espontaneidade e do improviso, formas autênticas do samba de raiz, do partido-alto e do samba de terreiro, promovendo a valorização das comunidades e de sua cultura, sempre com respeito à velha guarda, detentora da tradição e dos saberes do samba.
Vale destacar que todo esse trabalho fez com que o Samba da Jurema fosse reconhecido oficialmente como Patrimônio Cultural Imaterial de Volta Redonda (Lei Municipal nº 6.469) e Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro (Lei Estadual nº 10.544).

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