NOVA IORQUE
Uma análise recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revela que a Região Sul da Ásia enfrenta uma alarmante exposição de crianças a temperaturas extremamente altas, superando todas as outras áreas globais.
De acordo com o estudo, 76% das crianças com menos de 18 anos na região – um total estimado em 460 milhões de jovens – estão enfrentando condições de calor excessivo. Essa categoria preocupante abrange locais onde a temperatura excede os 35ºC por 83 ou mais dias ao longo do ano.
Comparativamente, os números globais são igualmente preocupantes: três em cada quatro crianças na Região Sul da Ásia já enfrentam altas temperaturas, em contraste com a média global de uma em cada três crianças. Essa disparidade alarmante, baseada em dados de 2020, destaca a urgência de ações concretas para mitigar os efeitos desses extremos térmicos.
O mês de julho deste ano bateu recordes históricos como o mais quente já registrado globalmente, elevando ainda mais as preocupações sobre os impactos das mudanças climáticas no futuro. O aumento das ondas de calor, particularmente severas e frequentes, ameaça de maneira desproporcional as crianças da Região Sul da Ásia, incluindo bebês, crianças pequenas, crianças desnutridas e mulheres grávidas.
Sanjay Wijesekera, diretor regional do Unicef para o Sul da Ásia, ressaltou a vulnerabilidade desses grupos, observando que eles são mais suscetíveis a insolação e outros efeitos graves do calor extremo.
O Índice de Risco Climático Infantil de 2021 do Unicef classificou países como Afeganistão, Bangladesh, Índia, Maldivas e Paquistão em “risco extremamente alto” em relação aos impactos das mudanças climáticas. Um exemplo gritante desse perigo reside na província de Sindh, no Sul do Paquistão, onde cidades como Jacobabad experimentaram temperaturas na casa dos 40°C em junho, colocando cerca de 1,8 milhão de pessoas sob sério risco de saúde.
Mesmo durante períodos chuvosos, o calor representa um desafio para as crianças. Devido à incapacidade de se adaptarem rapidamente às mudanças de temperatura, elas são mais propensas a apresentar sintomas como aumento da temperatura corporal, batimentos cardíacos acelerados, cólicas e confusão, entre outros. O Unicef destaca a importância de estratégias de resfriamento, como o uso de bolsas de gelo, ventiladores e até mesmo imersão em água fria, dependendo da faixa etária das crianças.
Diante desse cenário preocupante, a agência ressalta a importância da vigilância por parte de trabalhadores da linha de frente, familiares e cuidadores. Sinais de estresse térmico e insolação devem ser prontamente reconhecidos, a fim de garantir que as crianças afetadas recebam os cuidados de saúde adequados em unidades médicas. O Unicef destaca a necessidade urgente de ações coordenadas para proteger as crianças do Sul da Ásia contra os impactos devastadores das temperaturas extremas, em um cenário global de mudanças climáticas crescentes.
* Luciano R. Pançardes – Editor chefe