SUL FLUMINENSE
Manter-se longe do serviço de restrição de crédito é um desafio para 78% dos consumidores brasileiros que estavam em situação de inadimplência, no mês de abril, segundo dados de pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Eles tiveram o CPF negativado no mês de abril de forma reincidente, devido aos atrasos em pagar contas.
Considerando o universo de devedores reincidentes, 27% haviam regularizado a dívida anterior, enquanto 52% ainda estavam com uma dívida pendente e passaram a acumular mais um atraso nas contas. Os 22% restantes de pessoas que se tornaram inadimplentes em abril não estiveram com restrições no CPF ao longo dos últimos 12 meses e, por isso, não são considerados reincidentes.
Na cidade de Porto Real, a dona de casa Maria Aparecida Dias, do Freitas Soares, renegociou a dívida com uma operadora de TV por assinatura, mas desde janeiro não cumpre o pagamento das parcelas e teve o nome novamente negativado no SPC. “Essa eu fiquei muito triste porque faltavam três parcelas e não consegui finalizar devido a outras contas e acabei negativada, novamente. É ruim porque sem o CPF liberado não consigo crédito, fazer compras parceladas, abrir crediário. Vou tentar resolver tudo antes do fim desse ano”, projeta.
Segundo a CNDL/SPC Serasa, a reincidência acontece, em média, após três meses do primeiro atraso. O indicador revela o tempo médio de 96 dias, isso significa que, depois de pouco mais de três meses após ficar inadimplente, o consumidor volta a atrasar o pagamento de uma segunda conta. “Uma renegociação é como um novo compromisso financeiro, que segue novas condições, novos valores, novas taxas… Se ele não for honrado, nada impede o credor de voltar a negativar o CPF de quem está devendo. Um acordo só deve ser aceito ou proposto, se o consumidor avaliar que ele se encaixa na sua realidade”, explica Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil.
Para o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, é fundamental ter planejamento e disciplina para renegociar uma dívida. “Uma dica importante é procurar o credor sabendo exatamente o quanto você deve, o quanto sua dívida aumentou por causa de juros e o quando você consegue pagar por mês para sair dessa situação. Muitos bancos e financeiras possuem canais especializados na internet e por telefone para facilitar esse tipo de negociação”, explica Vignoli.
Por outro lado, o indicador da CNDL e do SPC Brasil mostra que cresceu 11,2% o volume de brasileiros inadimplentes que saíram do cadastro de devedores no acumulado em 12 meses até abril deste ano. O índice é semelhante aos 10,6% observado em março e pouco abaixo dos 13,0% verificados em fevereiro. “Eu paguei as três últimas parcelas que estavam em atraso do carnê da minha televisão e do fogão, que comprei em 2017. Fiquei um tempo negativada, mas agora estou com a vida em dia. Louca pra comprar um celular novo, mas preciso me controlar e evitar fazer novas contas”, argumenta a cabeleireira Elisabete da Cunha, de Resende. Ela integra o total de 42% dos brasileiros devedores da região Sudeste que recuperaram crédito no mês de abril.
FAIXA ETÁRIA E GÊNERO
O levantamento ainda mostra que entre os devedores que recuperaram crédito em abril,23% têm entre 30 e 39 anos. Outros 21% estão na faixa de 40 a 49 anos e 36% possuem idade acima de 50 anos. Sobre gênero, o Indicador de Recuperação de Crédito aponta que não há diferença significativa entre homens e mulheres: 51% dos que pagaram as dívidas são mulheres, ao passo que 49% são homens.