SUL FLUMINENSE/BRASÍLIA
Uma pesquisa do Instituto Datafolha ouviu por telefone no país 2.016 pessoas entre os dias 8 e 10. O levantamento apontou que 36% das famílias que recebem o auxílio emergencial, não têm outra fonte de renda.
Em relação ao número de beneficiários que dependem unicamente do auxílio, o percentual diminuiu comparado ao levantamento anterior realizado em agosto quando era de 44%. Em agosto ainda não tinha a extensão do benefício, caindo de R$ 600 para R$ 300 por mês em setembro e continuando até este mês, quando a última parcela está sendo paga.
Após essa diminuição do benefício, segundo a pesquisa que tem margem de erro de dois pontos percentuais, 27% das pessoas passaram a buscar outras fontes de renda, sendo que 75% reduziram a compra de alimentos, 55% de remédios, 65% gastos com transporte, 57% o consumo de água, luz e gás, 51% deixaram de pagas contas da casa, 27% pararam de pagar mensalidade de escola ou faculdade.
O A VOZ DA CIDADE ouviu uma consultora financeira que analisou os efeitos do fim do auxílio emergencial na economia. Itaise Cabral, colunista do jornal, destacou que há alguns pontos que precisam ser observados ao se falar do fim do benefício. O primeiro deles é que pode ser benéfico para a queda da inflação de alimentos, que está disparada nos últimos meses. “A inflação de alimentos é a primeira de fato a reduzir o poder de compra de uma sociedade inteira, afetando todas as classes. Com o fim do benefício, vai ter sim menos dinheiro na economia, a compra fica mais escassa e isso tende a segurar essa alta, reduzindo a inflação”, disse.
Por outro lado, é provável que a taxa Selic ultrapasse o percentual de 2%. Atualmente é a menor da série histórica. Ela é atualizada a cada 45 dias. Com aumento a tendência é mais desemprego. “O grande medo é a hora disso aumentar. Quando menos juros mais dinheiro circula na economia, permanecem os empregos, poder de compra, o que aumenta também o preço das coisas. O grande desafio é manter a taxa de juros em baixa sem alta na inflação. Mas acredito que será possível segurar a taxa, o que não impactará tanto com o fim do auxílio emergencial, podendo até gerar uma possibilidade de retomada dos empregos”, esclareceu a consultora financeira, frisando que a pesquisa do Datafolha demonstra o percentual de dependentes do auxílio, o que prova que muitas famílias ficarão economicamente inativas.
DEMAIS PONTOS DA PESQUISA
Ainda segundo a pesquisa do Datafolha, entre os entrevistados, 56% disseram no outro levantamento que tinham outras fontes de renda além do auxílio. Já em dezembro o índice aumentou para 64%. Ou seja, para 44% dos entrevistados de agosto o benefício era a única fonte de renda e neste mês o índice caiu para 36%.
O instituto ainda quis saber dos entrevistados se eles pediram auxílio emergencial. Sessenta e um por cento deles disseram que não pediram o benefício e 39% solicitaram. Entre esses entrevistados que pediram o auxílio, 81% responderam que receberam pelo menos uma parcela; 19% disseram que não receberam nenhuma parcela.
IMPACTO NA RENDA
O Datafolha ainda questionou se houve impacto na renda familiar dos entrevistados no período da pandemia. No primeiro levantamento, 46% responderam que a renda familiar diminuiu. O percentual deste mês foi de 42%. Na pesquisa anterior, 45% afirmaram que a renda ficou igual. Agora, 48%. Antes, 9% disseram que tiveram aumento de renda na pandemia. Agora, 10%.