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Patrimônio Cultural: Pinturas rupestres descobertas no Parque Nacional do Itatiaia

Pesquisas indicam traços semelhantes à 'Tradição São Francisco'; estudos seguem em andamento

Por Cyntia Freitas
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ITATIAIA

O diretor do Parque Nacional do Itatiaia, Felipe Mendonça, anunciou nesta quarta-feira, dia 2, uma descoberta histórica para o estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um sítio arqueológico com pinturas rupestres, nomeado “Sítio Agulhas Negras”, localizado a 2.350 metros de altitude no município de Resende. Este é o primeiro registro desse tipo no estado, tornando-se um marco importante para a arqueologia brasileira e o estudo da ocupação indígena na região Sudeste.

A descoberta, realizada no final de 2023, foi feita por Andres Conquista, colaborador da concessionária Parquetur, responsável pela administração da reserva. Andres encontrou as pinturas ao explorar a área durante o intervalo de almoço enquanto fotografava lírios. “Ao subir em outra rocha e descer pelo lado oposto, vi as pinturas na superfície,” explicou Conquista.

As pinturas, que apresentam traços predominantemente geométricos e alguns com bicromia, utilizam tons de vermelho e amarelo-alaranjado. Além disso, as representações zoomórficas, como um grafismo que lembra um lagarto visto de cima, reforçam a complexidade artística das obras.

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Arte rupestre em Itatiaia exibe traços da Tradição São Francisco, conectando sítios arqueológicos no Brasil – Divulgação PMI

Segundo o arqueólogo Carlos Gabriel, essas pinturas possuem semelhanças com a Tradição São Francisco, cujos registros predominam nos estados de Minas Gerais e Bahia. “Caso essa relação se confirme, as pinturas de Itatiaia representarão a manifestação mais ao sul dessa tradição no Brasil,” destacou Gabriel.

Felipe Mendonça enfatizou a relevância do achado e o compromisso do parque com a preservação. “Neste primeiro momento não será permitido a visitação ao sítio arqueológico. Vamos esperar o avanço dos estudos para podermos avaliar em conjunto com os pesquisadores a melhor estratégia para a visitação no futuro”, ressaltou. Ele também afirmou que a área está cercada e monitorada por câmeras para garantir sua proteção. “Mantemos contato permanente com os arqueólogos e estamos comprometidos com a preservação da área,” completou.


Embora ainda não seja possível determinar a idade das pinturas, a descoberta reforça a presença contínua de povos indígenas na região antes da chegada dos europeus e sugere uma intensa troca cultural entre os povos ameríndios. A localização no planalto de Itatiaia, uma área de clima distinto dentro do Sudeste, é um exemplo das diversas paisagens que foram habitadas ao longo dos milênios.

O “Sítio Agulhas Negras” também apresenta possível conexão com outros sítios arqueológicos localizados no sul de Minas Gerais, como os de Andrelândia e Baependi. O sítio da Serra de Santo Antônio, em Andrelândia, considerado o mais estudado da região, revelou vestígios datados com mais de 3.000 anos antes do presente.

Preservação e Estudos

O Parque Nacional do Itatiaia tem trabalhado em conjunto com instituições renomadas, como o IPHAN, UERJ e Museu Nacional/UFRJ, para garantir a preservação do sítio. As análises iniciais começaram em abril de 2024, e a pesquisa segue autorizada pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO), sob o número 98090-1. Felipe Mendonça declarou que a colaboração entre pesquisadores e instituições é fundamental para expandir o conhecimento sobre a ocupação indígena e o patrimônio cultural na região.

As pinturas rupestres, consideradas uma das expressões mais antigas da humanidade, transmitem informações valiosas sobre valores estéticos e simbólicos dos povos que as criaram. O novo achado em Itatiaia reflete o papel crucial da preservação arqueológica para a valorização histórica e cultural.

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