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Organização que combate armas nucleares comemora Nobel da Paz deste ano

Por Andre
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Rio de Janeiro

Membros da Campanha Internacional para Abolição das Armas Nucleares (Ican, do nome em inglês) comemoram ontem o Prêmio Nobel da Paz 2017, recebido em outubro passado pela coalizão de 468 organizações não governamentais (ONGs) em 100 países que defendem um tratado de proibição de armas nucleares forte e eficaz.

No Rio de Janeiro, a Ican é representada pelo belga Pol Dhuyvetter, que mudou-se para o Brasil em 2009 como coordenador da Mayors for Peace da América Latina e do Caribe, com o objetivo de incentivar os governos da região a exercerem liderança para uma proibição global das armas nucleares. Dhuyvetter promove o desarmamento nuclear desde 1981.

O professor gaúcho Cristian Wittmann, da Universidade Federal do Pampa, membro do International Steering Group da Ican, participou da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel pela Paz na prefeitura de Oslo. Em Belo Horizonte, a conquista do prêmio está sendo celebrada pelo embaixador Sergio Duarte, que depois de se aposentar no Ministério das Relações Exteriores, foi alto representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, de julho de 2007 até fevereiro de 2012, sendo chefe do Escritório de Desarmamento da Organização das Nações Unidas.

Conscientização


Pol Dhuyvetter disse que o recebimento do prêmio pela Ican é um grande momento para os que estão engajadas há muitos anos na luta pelo desarmamento nuclear. Ele destacou a intenção de se usarem mais as  redes sociais para conscientizar os brasileiros sobre a questão do uso de armas nucleares no país. Dhuyvetter considerou o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, adotado por 122 países, em 7 de julho deste ano, um passo importante para o desarmamento. Para Dhuyvetter, a conquista do Nobel pela Ican contribuirá para que o tratado entre em vigor legalmente no fim do ano que vem, uma vez que 56 nações já assinaram o documento.

O Brasil aderiu ao Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe, que completou 50 anos no dia 14 de fevereiro deste ano, lembrou Dhuyvetter. O país é parte também do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que entrou em vigor em 1970, e atua ainda no âmbito da Coalizão da Nova Agenda, integrada por seis países não nuclearmente armados que defendem o desarmamento nuclear (Brasil, África do Sul, Egito, Irlanda, México e Nova Zelândia). “O Brasil é muito consequente nisso”, afirmou.

Ele lembrou, porém, que o Brasil e os demais países da América Latina, apesar de líderes na luta pelo desarmamento nuclear, enfrentam o problema da proliferação de armas leves, pequenas, além de elevado índice de homicídios. “É o continente com maior violência. O Brasil tem um trabalho também na sociedade civil, onde há muito sofrimento por causa da presença de armas”, disse. Há um trabalho enorme a ser feito no Brasil nessa área, acrescentou.

O Prêmio Nobel da Paz foi concedido pelo Comitê Nobel Norueguês à Ican “por seu trabalho para atrair a atenção para consequências humanitárias catastróficas de qualquer arma nuclear e pelos esforços inovadores para alcançar um tratado proibindo as armas nucleares”.

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