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Operação contra suposto grupo que manipulava resultados de futebol acontece em Barra Mansa

Por Mônica Vieira
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ) e da Promotoria de Investigação Penal de Barra Mansa, em conjunto com a Delegacia do Consumidor (Decon), realizaram ontem uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão contra um grupo criminoso organizado para obter vantagens mediante manipulação de resultados de partidas de futebol do Barra Mansa Futebol Clube (BMFC). As buscas aconteceram em Barra Mansa e Volta Redonda, onde carros foram apreendidos. Ninguém foi preso. Os crimes foram identificados em jogos na Série B do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. “A agremiação completará 110 anos de fundação no próximo dia 15 de novembro e hoje vive dias de penúria financeira”, disse o Ministério Público.

Veículo importado, de luxo avaliado em mais de R$ 65 mil foi apreendido na ação – Foto: Divulgação

Segundo divulgado pelo MP, os denunciados Lincoln Vinícius da Silveira Aguiar, à época gerente de futebol do Barra Mansa Futebol Clube, acompanhado por Anderson Martins Florentino, o Andrinho, presidente do clube, em acordo com Ezequia de Oliveira, proprietário da empresa Agesport, responsável pela administração e logística da equipe, eram responsáveis por oferecer aos jogadores do Barra Mansa Futebol Clube vantagem financeira ilícita para aceitarem ‘entregar’ (perder) jogos disputados pela equipe na competição estadual.

De acordo com a denúncia oferecida pelo GAEDEST/MPRJ à Justiça, a quadrilha atuava junto aos interesses de uma máfia internacional de apostas e manipulação de resultados de eventos esportivos, cujo representante ainda não foi identificado. A vantagem patrimonial aceita pelos denunciados consistia no pagamento de quantias entre R$ 35 mil e até mais de R$ 150 mil por jogo em que o Barra Mansa fosse derrotado de acordo com os interesses da referida máfia.

O MP explicou que: “a denúncia descreve uma reunião em que os três dirigentes prometeram pagamentos para alguns jogadores para que perdessem por 4 x 0 a partida entre as equipes do Barra Mansa e Audax, válida pela série B do Campeonato Estadual de Futebol do Rio de Janeiro, realizada em 25 de junho de 2017. A derrota buscava concretizar o acerto celebrado com a máfia internacional de apostas e manipulação de resultados. Os jogadores refutaram a proposta ilícita”, justificou em nota, contando que em outra situação, dias antes da partida entre Barra Mansa e Carapebus, marcada para o dia 2 de julho 2017, eles ofereceram pagamento na quantia de R$ 3 mil para aqueles que concordassem em ‘entregar’ o jogo para atender aos interesses da máfia de apostas esportivas. Os atletas refutaram novamente a proposta. Diante disso, explica a denúncia, Ezequia deixou de providenciar a presença de ambulância no estádio, o que resultou na perda da partida por W.O., alcançando-se assim o objetivo de perda da partida, conforme combinado com a máfia.

O MP expõe ainda que o presidente do clube, Andrinho, ainda é denunciado por se apropriar de R$ 342.75 mil pertencentes ao Barra Mansa Futebol Clube, quantia essa oriunda de parcela da venda de um jogador formado nas divisões de base do clube e negociado ao clube italiano Internazionale di Milano. “Mônica Rodrigues Rosa, na condição de tesoureira do clube, chancelou o ato ilícito e também é denunciada pelo crime de apropriação indébita”, compartilharam os investigadores, dizendo que eles foram denunciados nos artigos 288 (associação criminosa) e 168, 1º, III (apropriação indébita) do Código Penal e nos artigos 41-C (solicitar vantagem para alterar resultado) e 41-D (dar vantagem a fim de alterar o resultado) do Estatuto do Torcedor, tendo ainda seus sigilos bancários quebrados a pedido da Promotoria de Investigação Penal de Barra Mansa, bem como determinado o arresto/sequestro de seus bens até o montante desviado do Barra Mansa Futebol Clube.

ANDRINHO

Andrinho nega todas as acusações e diz que tem como provar – Divulgação

Na manhã de ontem, após a operação, Andrinho se manifestou por meio de uma entrevista em um programa de rádio (103,3 FM), onde negou os boatos que estariam circulando pela cidade sobre a sua prisão. “Não houve buscas na minha casa. Houve uma conversa, onde fui questionado sobre a compra de um veículo e comprovei, mostrando o carnê, a forma de pagamento”, assegurou.


Andrinho lembrou da investigação que acontece desde março e que, inclusive, houve busca em sua casa no último mês, e falou sobre a polêmica da venda de um jogador para um clube europeu. “No ato de abertura da conta, houve vários bloqueios, então transferimos o dinheiro para a nossa conta, para arcar com as despesas da disputa do campeonato e da reforma do estado. Tenho as notas de tudo que foi gasto com o clube o time. Não tem nada de ilícito”, assegurou.

Sobre as supostas ameaças a um ex-membro do BMFC, ele desmentiu, dizendo que já está preparando a sua defesa sobre tudo o que foi mencionado e que em breve marcará uma coletiva com toda a imprensa para falar sobre o assunto. “Essa suposta venda não foi feita na minha gerência. Tinha uma empresa responsável por isso. O clube só estava junto”, afirmou o presidente do Leão do Sul.

AGESPORT

Ezequia procurou o A VOZ DA CIDADE para rebater as acusações de Andrinho – Foto: Rede Social

Ezequia Oliveira, proprietário da Agesport, procurou o A VOZ DA CIDADE no final da manhã de ontem para rebater as acusações de Andrinho. Ele disse que não tem fundamento o que o presidente do BMFC tem dito sobre ele e que sua empresa nunca esteve envolvida em nenhum tipo de escândalo. “Minhas contas são abertas para o Ministério Público, tudo ganho com meu suor. Ele tem que assumir o que ele fez, assumir os erros dele. Sempre ajudei o clube e paguei todas as despesas no ano passado. Quem pagou todas as despesas fui eu!”, comentou Ezequia.

Segundo Ezequia, ele gastou R$ 85 mil no clube só ano passado e ainda tem dívidas de cerca de R$ 8 mil, entre elas de empréstimo, aluguel de ônibus (para viagem para Campos), aluguel de clube, entre outros. “Time como o BMFC não tem retorno. É várzea! Se os municípios e empresários não ajudarem, esses times vão acabar. Fica inviável. Não dou por perdido o que fiz, por que recebi R$ 33 mil do Barra Mansa, mas tive um prejuízo de R$ 60 mil”, disse a nossa equipe, contanto que saiu do clube em julho do ano passado quando percebeu que estava perdendo o seu tempo, mas negou saber da máfia dos resultados. “O Barra Mansa é um time grande. Cometi falhas, reconheço. Mas o Andrinho criou a desestabilidade econômica do clube. Minha ideia nunca foi prejudicar a imagem do Barra Mansa, um clube centenário. Ele tem é que provar o que ele fez com esse dinheiro e não jogar a culpa na minha empresa”, concluiu.

Os demais citados não foram encontrados pela equipe de reportagem.

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