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ONU afirma que ‘não há comida suficiente’ em Gaza

Por Andre
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NOVA IORQUE

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, informou que os seus abrigos estão agora quatro vezes acima da capacidade.

A entidade afirmou que “simplesmente não há comida suficiente”, com pessoas fazendo fila na chuva e no frio para obter suprimentos de ajuda.

Em sua última atualização da situação, o Escritório de Coordenação de Ajuda da ONU, Ocha, relatou intensos combates em Khan Younis, perto de dois hospitais.

O primeiro é Nasser, onde segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, muitos pacientes feridos “não têm opções de tratamento em meio aos intensos combates” e o segundo é o Al Amal, onde a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino relatou bombardeios contínuos nas imediações.

Segundo a Ocha, há também relatos de palestinos fugindo para o sul, para Rafah “que já está superlotada, apesar da falta de passagem segura”.

Em meio a alegações “extremamente graves” de que alguns funcionários teriam participação durante os ataques de 7 de outubro do Hamas a Israel, a Unrwa afirmou que faria “tudo o que fosse possível” para continuar a ajudar os habitantes de Gaza, na condição de maior entidade de assistência no enclave.

Uma apuração dos fatos foi iniciada pelo mais alto órgão de investigação da ONU, o Gabinete de Serviços de Supervisão Interna.

No domingo, dia 28, o secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que qualquer funcionário da ONU envolvido “em atos de terror será responsabilizado”.

Dos 12 indivíduos supostamente envolvidos, nove foram imediatamente identificados e os seus contratos rescindidos com a Unrwa. A morte de um funcionário foi confirmada e as identidades dos dois restantes estão sendo esclarecidas.

Em 17 de janeiro, uma revisão completa e independente da agência foi anunciada pelo comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini.


Guterres apelou aos países que suspenderam o financiamento à Unrwa para reconsiderarem as suas decisões, para pelo menos garantirem a continuidade das operações humanitárias vitais para a população na Faixa de Gaza.

Segundo as informações das agências de notícias, os países que anunciaram o corte de financiamento são Estados Unidos, Canadá, Austrália, Reino Unido, Alemanha, Itália, Holanda, Suíça, Finlândia, Estónia, Japão, Áustria e Romênia.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, Tedros, disse no domingo que cortar o financiamento para a Unrwa “só prejudicará o povo de Gaza”.

Os palestinos sitiados no enclave enfrentam a ameaça iminente de fome, doenças e deslocamentos após quase quatro meses de bombardeios israelenses, provocados por ataques terroristas liderados pelo Hamas que deixaram cerca de 1,2 mil mortos e mais de 250 pessoas reféns.

Colapso na operação humanitária

Atualmente, mais de dois milhões de pessoas em Gaza dependem da agência da ONU para a sua sobrevivência, mas a operação humanitária “está em colapso”, alertou Lazzarini.

O subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, disse que “o povo de Gaza tem suportado horrores e privações impensáveis ​​há meses” e que as necessidades nunca foram tão altas. Para ele, a capacidade da organização de prestar ajuda também nunca esteve sob tamanha ameaça.

A Unrwa conta com 13 mil funcionários que prestam serviços de apoio às comunidades palestinas em Gaza. Hoje, cerca de 3 mil deles continuam trabalhando em uma zona de guerra, encarregados de gerir abrigos para mais de 1 milhão de pessoas, fornecendo alimentos e cuidados de saúde a civis em extrema necessidade desde o início do conflito.

Até o momento, mais de 26.420 pessoas foram mortas em Gaza desde 7 de outubro, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza. Cerca de 1.269 soldados israelenses também morreram em confrontos, segundo os militares israelenses.

*Silas Avila Junior – Correspondente internacional

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