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Na contramão do Acordo de Paris, países planejam mais que dobrar produção de combustíveis fósseis

Por Andre
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NOVA IORQUE

Levantamento do Pnuma mostra que governos trabalham para  produzir petróleo, gás natural e carvão num volume 110% maior do que o considerado consistente para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 ° Celsius; Brasil é destaque no relatório por ter plano nacional que estimula investimentos e aumento da produção até 2030

 

Um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostra que a produção global de combustíveis fósseis está, de forma muito perigosa, fora de sincronia com as metas estipuladas no Acordo de Paris.

Apesar das ambições demonstradas pelos governos, e por compromissos com emissões zero de carbono, os países preveem produzir, até 2030, petróleo, gás natural e carvão em um volume que é mais do que o dobro do ideal para limitar o aumento da temperatura global a 1,5° Celsius.

Brasil estimula investimentos

O Relatório sobre a Lacuna de Produção 2021 foi divulgado esta quarta-feira e traz detalhes dos planos de governos dos 15 maiores produtores, incluindo Austrália, Brasil, China e Estados Unidos. O perfis mostram que a maioria dos governos continua oferecendo grande apoio político para a produção de combustíveis fósseis.

Este é exatamente o caso do Brasil. Apesar do país ter oficialmente a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, o Pnuma revela que o governo “encoraja novos investimentos” e planeja aumentar a produção nacional de combustíveis fósseis.

Janela prestes a se fechar 


O relatório cita o Plano Nacional de Energia 2050, aprovado pelo Ministério das Minas e Energia no ano passado. O projeto mostra que o governo brasileiro tem a intenção de “atrair investimentos para aumentar a produção de petróleo e de gás” e assim, ficar entre os “cinco maiores produtores do mundo”. Pelo plano, a produção de petróleo deve subir 60% e a de gás natural, 110% até 2030.

A diretora-executiva do Pnuma acredita que ainda há tempo para limitar o aquecimento a longo prazo, “mas essa janela de oportunidade está se fechando rapidamente”. Segundo Inger Andersen, os governos devem aproveitar a COP-26 para “tomar medidas imediatas para fechar a lacuna na produção de combustíveis fósseis”.

Os planos de produção dos governos levariam a 240% mais carvão, 57% mais petróleo e 71% mais gás em 2030 do que o volume que seria consistente para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Estímulo para investir em energias renováveis

O Pnuma revela também que desde o início da pandemia da COVID-19, os países investiram mais de US$ 300 bilhões em novos fundos para atividades de combustíveis fósseis – mais do que eles têm direcionado para fontes de energia renovável.

Para o secretário-geral da ONU, o relatório mostra que “existe um longo caminho para um futuro de energia limpa”.

António Guterres declarou que continua sendo urgente que investidores públicos e privados, incluindo bancos comerciais, invistam em energias renováveis para promover a “descarbonização” do setor elétrico e para que todos tenham acesso às energias renováveis”.

 

* Luciano R. Pançardes – Editor Chefe

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