BARRA MANSA
Um aumento de cerca de 30% no consumo de água no município. Essa foi uma das consequências provocadas pela onda de calor que atingiu a região, nos últimos dias, com registros de até 41 graus de temperatura, e que segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Barra Mansa, contribui para a falta de abastecimento de alguns bairros da cidade.
Os mais afetados foram os da Região Leste onde, segundo relatos de moradores, o desabastecimento se agravou nas últimas semanas.
Na manhã de ontem, 22, em conversa com o jornal A Voz da Cidade, o diretor da autarquia, José Geraldo dos Santos, o Zeca, garantiu que a situação está dentro da normalidade.
Mesmo com uma caixa de água com capacidade de dois mil litros, a dona de casa Júlia Fernandes, de 68 anos, que mora na parte mais alta do bairro Paraíso, na Região Leste, contou que passou por muitas dificuldades nos últimos dias por causa da falta de água.
De acordo com ela, o abastecimento da água que precisava para cozinhar, tomar banho, cuidar da casa e lavar roupas ficou por conta do carro pipa disponibilizado pelo Saae. “Na minha caixa ficou sem cair uma gota de água, que vem da rua, durante quase 20 dias. Eu moro com meu esposo, mas meus netos também costumam ficar aqui durante a semana, após a escola, e estava quase impossível fazer tudo. Tivemos que economizar, só estava lavando roupas necessárias, fazendo comida com água de galão e evitando tomar mais de um banho por dia, principalmente naqueles dias em que estava muito quente”, disse.
A dona de casa, Sandra Nunes de Araújo, de 63 anos, é moradora da parte alta do bairro Assunção, também na Região Leste, e está há mais de um mês dependendo do carro pipa para encher sua caixa d ‘água, de mil litros, que segundo ela só dura dois dias. De acordo com ela, o problema já é recorrente no bairro, mas tem se agravado nos últimos dias. “Estava todo mundo sem água aqui e ontem (terça-feira) o caminhão pipa passou o dia todo abastecendo as casas. A água parece que voltou a cair na parte baixa, mas aqui na minha casa ela não está com pressão para chegar. Antes ainda caia pelo menos na parte da noite, mas agora não vem uma gota mais. É uma situação muito complicada”, reclamou a dona de casa.
Saae afirma que situação está estabilizada
Em entrevista ao A Voz da Cidade, nesta quarta-feira, 22, o diretor do Saae, José Geraldo dos Santos, o Zeca, afirmou que a situação já voltou a normalidade nos bairros da cidade que sofreram com o desabastecimento de água, inclusive os da Região Leste, que foram os mais afetados. “Hoje (quarta-feira) consideramos ter voltado à normalidade, a situação já estabilizou e o problema está apenas nos pontos normais, que são os considerados os finais de linha e mais altos, onde sempre existiu dificuldade para a água chegar”, disse Zeca, ao citar bairros com o Loteamento São Paulo, na divisa entre a Intanha e São Genaro e Siderlândia.
Na Região Leste, que concentra cerca de 40 mil moradores, distribuídos em 22 bairros, Zeca informou que os que os mais prejudicados foram o Santa Rita da Dutra, Recanto do Sol, Boa Vista I, II e III, e Morro dos Remédios Todo o abastecimento dessas localidades é feito por Volta Redonda, com um custo de R$ 650 mil, ao mês para o Saae e, de acordo com o diretor, somente a construção de uma Estação de Tratamento (ETA), poderia garantir a autonomia do município de abastecer essa região. “Uma ETA é o nosso sonho para suprir a Região Leste. Hoje o que nos impede é o alto custo da obra, avaliada em R$ 47 milhões, e que seria para construção da estação, das redes e reservatórios. Os moradores de lá são abastecidos por Volta Redonda e tudo que é impactado lá reflete neles”, esclareceu o diretor, ao acrescentar que nenhuma das seis ETAs de Barra Mansa abastecem a Região Leste.
Questionado sobre qual investimento, paralelo a ETA, poderia ser feito para tentar amenizar a situação, Zeca disse que já o Saae está realizando um estudo para verificar a possibilidade da instalação de reservatórios em locais estratégicos da região. Um serviço que segundo ele seria realizado em um prazo mais rápido possível, com um investimento de cerca de R$ 500 mil. “Já foi contratada a topografia do local, para fazer o estudo do solo e ver se ele suporta, e iremos buscar alternativa em pontos estratégicos, pois não adianta colocar vários reservatórios, se a água não for chegar até lá. Estamos estudando instalar três, que é o que a equipe técnica julga ser necessário para atender à população”, disse, completando que o Saae vem buscando a eliminação de vazamentos.
Em Volta Redonda, moradores do Roma 2 se queixam que da falta d’água há nove dias
Moradores do bairro Roma 2, estão enfrentando uma falta de água há nove dias. Disseram que os dois reservatórios que abastecem a região estão vazios, causando dificuldades para as famílias, especialmente com o calor atual.
Ao A VOZ DA CIDADE, os reclamantes declararam que essa falta d’água acontece uma vez ou outra, mas não demora a voltar. Só que desta vez está demais. Uma das moradoras, a dona de casa, Célia Regina, de 45 anos, disse que a caixa d’água da casa dela está seca há mais de uma semana. Explicou ainda que o caminhão pipa não dá conta de abastecer todas as residências, pois são muitas. “A informação que chegou até nós é de que uma tubulação rompeu e está causando esse transtorno. Ninguém toma providência, mas a conta, com certeza, não vai deixar de chegar para a gente pagar”, criticou a moradora.
O aposentado Oswaldo Sousa, de 69 anos, também reclamou. Disse que, com filhos e netos em casa, é difícil ficar sem água nesse calor. “Se no frio a falta d’água traz transtorno, imagina nesse calor. O carro pipa passa, mas não dá conta de abastecer todo mundo”, contou Oswaldo, lembrando que na casa dele a água não cai na caixa há mais de uma semana.
REGIÕES MAIS AFETADAS
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Volta Redonda (Saae-VR) informou ao A VOZ DA CDADE que as regiões do Roma mais afetadas estão sendo abastecidas com carros-pipa. A autarquia ressalta que as altas temperaturas estimulam um maior consumo de água potável. Para evitar o desabastecimento, o Saae orienta a população sobre o uso racional da água, evitando desperdícios.
Ainda de acordo com o Saae-VR, além dos trabalhos de melhorias na rede de abastecimento e na própria ETA Belmonte, o município já se prepara para acompanhar o crescimento da cidade e garantir o acesso à água potável para os moradores. Em breve terão início as obras de construção da nova Estação de Tratamento de Esgoto no bairro Aero Clube, que terá capacidade de 1.200 litros por segundo, a mesma da ETA Belmonte, e deve ser a solução para a falta d’água em alguns bairros nos dias mais quentes.