BARRA MANSA
O coronavírus (covid-19), causador da infecção respiratória que tem se propagado por vários países do mundo, tem nas redes sociais, um grande inimigo para ser combatido: as fake news, também podendo ser chamada de ‘infodemia’ — uma ‘epidemia’ de informações falsas. Desde que a nova doença surgiu em Wuhan, na China, em dezembro do ano passado, são diversos boatos sobre a doença e que podem até mesmo elevar os riscos de contágio.
No Brasil, a partir da confirmação do primeiro caso de coronavírus em São Paulo, o volume de mensagens compartilhadas com informações falsas e equivocadas – com textos, vídeos e fotos – sobre a doença cresceu assustadoramente, avalia o pneumologista Gilmar Alves Zonzin, membro da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj) e chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Maria, em Barra Mansa.
As principais informações falsas que circulam nas redes sociais são: sobre existir uma cura para a doença; óleos essenciais que combatem o coronavírus; chá de abacate com hortelã previne o contágio; chá imunológico combate o covid-19; vitamina C + zinco combate o vírus; vitamina D previne contra a nova doença; vinagre tem mais eficácia na assepsia que álcool gel; gargarejos com própolis e outros produtos naturais combatem o vírus nos primeiros dias, quando ainda está restrito à garganta; beber água quente ou chás quentes matam o vírus; e que, o coronavírus se semelha ao HIV.
Segundo o médico Gilmar Zonzin, as pessoas devem procurar conferir informações em órgãos oficiais de saúde, sites de veículos de comunicação confiáveis ou tirar dúvidas diretamente com profissionais de saúde que conheçam. “Em qualquer situação, compartilhar informações mentirosas de qualquer natureza já seria, no mínimo, um erro absurdo. Mas principalmente nesse momento, em que as pessoas estão apreensivas com uma doença ainda tão nova e que tem se propagado tão rapidamente pelo mundo, espalhar boatos é uma irresponsabilidade descabida. Precisamos combater e reprimir isso imediatamente”, afirmou.
Para esclarecer as dúvidas da população sobre coronavírus e minimizar o impacto das fake news, o Ministério da Saúde criou um canal de comunicação específico para receber “informações virais” sobre a doença. Segundo o órgão, desde o início da divulgação dos casos de coronavírus pelo mundo, 90% das 6,5 mil mensagens recebidas eram relacionadas à nova doença. Dessas 85% eram fake news.
Médico firma não haver motivos para pânico, mas que o cuidado deve ser mantido
O pneumologista Gilmar Alves Zonzin alertou ainda que não há motivos para pânico, pois o coronavírus não é catastrófico. No entanto a preocupação com a disseminação da doença é necessária, uma vez que a rápida dispersão do vírus sobrecarrega o sistema de saúde. “É possível perceber que a mortalidade foi maior aonde teve mais problemas com os serviços de saúde, no qual os quadros aumentaram de forma acelerada. Quando a situação foi controlada e se apresentou de forma gradual, os serviços foram mais efetivos e consequentemente as mortes diminuíram. Temos preocupação no Brasil sim, mas as atitudes que estão sendo tomadas estão sendo efetivas e isso é importante”, ressaltou.
Gilmar ainda ressaltou que de fato existem pessoas que têm reações mais fortes com o vírus, principalmente quem tem mais idade, mas que o cenário não é de apocalipse. “Não é algo que seja associado a uma grande letalidade que sai matando todo mundo. Em algumas pessoas os sintomas nem vão aparecer. Tem que haver o controle para evitar a transmissão sim, mas tem que se ter calma e evitar entrar em pânico e ir ao hospital por causa de um pequeno resfriado”, afirmou.
O médico ainda pontuou que as pessoas que tiveram contato com quem tem o Covid-19 confirmado, devem procurar as unidades médicas. Além disso, quem apresenta sintomas de gripe e tiveram contato com pessoas que vieram de outro país, ou viajaram para fora do Brasil, também devem ir ao hospital. “Essa atitude é para o controle epidemiológico. Tirando isso, se você apresentar resfriado leve, não há alarde em procurar um médico, a não ser que tenha febres altas que não passam e apresente constantes cansaços, dificuldades na fala e respiração”, concluiu.