RIO
O Fórum ‘Basta de Violência! Outra Maré é Possível’ realizou na terça-feira, dia 18, um debate com os candidatos ao governo do estado do Rio, no Centro de Artes da Maré, localizado na comunidade Nova Holanda. O tema foi ‘Políticas de Segurança Pública para o Estado do Rio de Janeiro’. A mediação foi feita por Ivana Dorali, do Instituto Maria e João Aleixo, que articula estudos internacionais sobre periferias.
A candidata Márcia Tiburi (PT) foi a única candidata de partido tradicional presente. Outros dois candidatos de partidos com menor representação na Câmara dos Deputados, participaram do debate, sendo que a terceira participante era uma candidata a vice-governadora.
Os organizadores do evento asseguram que todos os candidatos foram convidados e se sentiram ludibriados pelos que não compareceram. Destacaram que é de mulheres a maioria que atendeu ao convite. Para a jornalista Michelle Reis, que cobria o evento, “os candidatos de direita faltaram porque sabem que encontrariam jovens pensantes e críticos”.
– Eles não têm coragem de vir aqui se expor ao debate com esses jovens -, afirmou a jornalista.
Na porta do evento, a vendedora ambulante Virginia Lúcia comercializava bolos, salgados e sucos, e aproveitou a chegada de Márcia Tiburi para reivindicar. “Precisamos de um hospital aqui dentro da Maré. Quando precisamos, vamos ao Hospital de Bonsucesso, mas lá fica muito cheio e o atendimento demora muito”, disse a quituteira. Márcia demonstrou ter gostado da ideia e perguntou se vagas no ensino médio seriam um problema na Maré? Virginia não teve dúvidas: “Vaga no ensino médio é bom, mas hospital é melhor ainda!”, disse a vendedora. A candidata se comprometeu em buscar solução para o assunto, num possível governo.
Os moradores da Maré formularam perguntas diretamente às candidatas. Para Márcia, o debate popular “ressignifica a política e a democracia”. “É uma conversa verdadeira e sincera entre nós, com o objetivo de melhorar as condições de vida e de segurança para a população do Rio de Janeiro”, disse.
A candidata classificou o Estado como um fator de violência. “É o Estado hoje que perpetra as piores formas de violência contra os cidadãos e as cidadãs. O genocídio da juventude negra, o feminicídio, o lançamento de nossos jovens na criminalidade é uma irresponsabilidade do Estado. Nós pretendemos ressignificar o papel do Estado, aproximando-o e tornando-o presente, para que faça sentido na vida das pessoas e para superar a violência. O Estado deve ser capaz de mediar e integrar as polícias, deve planejar a organizar a vida na sociedade, na comunidade e no Rio de Janeiro”, declarou Márcia.
Para a candidata, há de fato o que ela considera um projeto de extermínio da população negra e pobre, e a responsabilidade do Estado é enorme nesse contexto. “Precisamos pensar num projeto de segurança que seja integral, pensar na segurança como direito e na segurança de ter direitos. Segurança de direitos que vai sustentar o acesso à Saúde, à Educação, qualidade de vida, emprego e todas as grandes questões do nosso programa de governo”, disse Márcia Tiburi.
Ela considera ainda muito importante falar de uma polícia de prevenção que assegure esses direitos. “A polícia não pode ser o agente de extermínio que o Estado coloca perto das pessoas. O Estado deve proteger as vidas”, acrescentou. Sua proposta é investir em aprimoramento dos agentes de segurança.
Ao final do debate, os moradores da Maré buscavam contato com Márcia Tiburi. Kelly San, nascida na comunidade da Maré, é historiadora da arte. Ela afirmou ter considerado o debate muito esclarecedor. “O debate foi bem horizontal e respeitoso. Eu achei ótimo”, revelou Kelly.