“Marcha pelo emprego e pela vida!Salvemos o turno de 6 horas!”. Esse foi o tema do ato público realizado, ontem à tarde, pela Igreja Católica com a participação de cerca de 1500 pessoas, entre várias entidades sociais , civis, sindicais e outras. O objetivo, segundo o bispo diocesano, Dom Francisco Biasin, que fez a convocação para a Marcha, por meio de uma carta a todas as comunidades eclesiais da Diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda, é a defesa da manutenção do turno de revezamento de seis horas na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do emprego e da qualidade de vida dos trabalhadores e de seus familiares.
No último final de semana, a CSN garantiu que, mesmo pensando implantar o turno fixo de oito horas, acabando assim com o atual turno de revezamento de seis horas, não haverá demissão. Mas de acordo com o padre Juarez Sampaio, que conduziu o ato de ontem, a marcha foi realizada para fazer memória e para lembrar aqueles que querem mudar o que não foi presente, mas uma conquista de luta, ainda na greve de 88 quando três trabalhadores morreram William, Valmir e Barroso. “Esse nosso ato hoje
é um não à implantação do turno de oito horas na CSN”, completou p padre, lembrando que em outras ocasiões a empresa prometeu coisas e nunca cumpriu.
Os participantes da Marcha se concentraram em frente à Igreja Santa Cecília e depois seguiram em direção à Praça Juarez Antunes, na Vila Santa Cecília. Com faixas e cartazes, gritando palavras de ordens, o grupo percorreu ruas do bairro, como a 33 até chegarem à Praça Juarez Antunes onde ouve no ato. Além do bispo e do padre Juarez Sampaio, representantes das outras entidades falaram na praça.
DOM BIASIN
Dom Biasin declarou que sua alegria é que apesar das diferenças, das dificuldades e dos embates que se criaram nos últimos anos, conseguiu reunir, fazer unidade no respeito de cada expressão, sobretudo daqueles que defendem a vida, o trabalho, a honra e a dignidade dos operários. “Eu desejo que como pastor essa função que me cabe possa continuar reunindo e dialogando com todos”, declarou o bispo.
Dom Biasim ressaltou ainda que, a luta é pela manutenção do turno de revezamento de seis horas na Siderúrgica. “Um coletivo foi criado para junto com a Igreja organizar o ato que tomou proporções maiores com a adesão de diversos grupos, entidades e movimentos. Queremos manifestar o nosso repúdio ás medidas que ameaçam a dignidade da pessoa humana, reforçar a nossa solidariedade aos trabalhadores da CSN e às suas famílias e, enfim, declarar abertamente a primazia da pessoa sobre qualquer sistema, do trabalho sobre o lucro, da vida sobre o capital”, frisou o bispo Dom Biasin.
O coordenador diocesano da Pastoral Operária, Nicholas Coutinho, declarou que, o ato de ontem nada mais é que o desdobramento de uma tentativa de reorganização de diversas entidades na luta pelos direitos do trabalhador. Lembrou que teve um período longo desde a década de 1990 em que esse tipo de ação ficou um pouco adormecida. “Então a gente está tentando se rearticular. Com a implantação do turno de oito horas tememos por demissões e a desestabilidade que essas demissões podem causar nas famílias e na economia da cidade no geral”, relatou o coordenador, lembrando que o turbo de seis horas é uma conquista dos trabalhadores depois de muita luta.
Vale lembrar que, no inicio deste mês, a CSN informou que iria implantar o turno fixo de oito horas na Usina Presidente Vargas (UPV) a partir de ontem. Na nota de a direção da companhia garantiu que com a mudança não haverá demissões. Garantiu ainda que, algumas áreas na Usina, como cimentos, aços longos, embalagens e manutenção, já trabalham com turno de revezamento de 8 horas. Sendo assim, os metalúrgicos do turno decidiram autorizar o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense a negociar com a empresa a implantação do turno de revezamento de oito horas.