BARRA DO PIRAÍ
A prefeita Katia Miki participou, nesta quarta-feira, dia 3, do lançamento do Protocolo Estadual de Cooperação Interinstitucional Contra o Feminicídio, no antigo Tribunal do Júri do TJRJ, onde também assinou oficialmente a implantação do Barra Lilás em Barra do Piraí. A iniciativa representa um avanço importante para ampliar ações de prevenção, acolhimento e conscientização em toda a rede municipal, especialmente nas escolas.
Os dados mais recentes indicam que a violência contra a mulher segue em patamar alarmante no estado do Rio de Janeiro. Relatórios e dossiês do Instituto de Segurança Pública (ISP) e levantamentos oficiais mostram números expressivos de ocorrências e alertam para a necessidade de ações integradas de prevenção, educação e proteção.
Trata-se de um problema que combina altas taxas de ocorrências registradas nas delegacias, além da persistência de feminicídios e outras formas de violência de gênero. No Brasil, uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2025). Para a prefeita, esses números exigem união e ação imediata.
“A gente não pode naturalizar um dado tão duro como esse. Proteger as mulheres é uma prioridade no nosso governo, e estar aqui hoje reforça nossa responsabilidade de ampliar políticas públicas, fortalecer a rede e garantir que nenhuma mulher esteja sozinha”, destacou Katia.
Com o Barra Lilás, Barra do Piraí adere a um programa estruturado de educação nas escolas, diálogo sobre igualdade de gênero, respeito, direitos das mulheres, além de políticas de acolhimento. A adesão ao programa representa o fortalecimento da rede municipal de proteção com integração entre Secretaria da Mulher, Casa da Mulher, Procuradoria da Mulher, Guarda Municipal, Conselho da Mulher, assistência social e Judiciário local.
A secretária da Mulher, Daniella de Oliveira, reforçou o impacto da iniciativa no cotidiano das meninas e jovens do município. “O Barra Lilás aproxima o tema da realidade das nossas estudantes, promovendo reflexão, autonomia e informação. Quando a escola se torna um espaço seguro e consciente, nós quebramos barreiras e abrimos caminho para uma geração que não aceita a violência como destino”, declarou.
O Barra Lilás segue as diretrizes do Programa Rio Lilás do Tribunal de Justiça, um conjunto de ações educativas que incluem palestras, rodas de conversa, materiais pedagógicos e o “Espaço Maria da Penha” nas escolas que tem objetivo de difundir a Lei Maria da Penha, promover a igualdade de gênero e prevenir a violência desde a infância. A Ronda Maria da Penha complementa a ação com atuação da Guarda Municipal na fiscalização do cumprimento de medidas protetivas e no acompanhamento de casos.
Para a secretária de Assistência Social, Marina Tinoco, o Barra Lilás complementa ações já desenvolvidas pelas equipes municipais.
“Nosso trabalho no atendimento e acolhimento das mulheres tem avançado, mas levar diálogo para dentro das escolas é um passo fundamental. Prevenir é tão importante quanto proteger, e essa parceria fortalece toda a rede”, ressaltou.
A coordenadora da COEM/TJRJ, desembargadora Adriana Ramos de Mello, reforçou a importância do trabalho integrado. “Essa rede de proteção precisa ser integrada e articulada, porque o feminicídio é um fenômeno que atinge toda a sociedade. Quando morre uma mulher, morre um pouco da sociedade também”, afirmou.
A combinação de um protocolo comprometido com agilidade, justiça e perspectiva de gênero, com um programa educativo e preventivo como o Barra Lilás, mostra que Barra do Piraí não está apenas reagindo à violência, está se preparando para preveni-la, educar e proteger. A articulação entre Judiciário, Executivo municipal e sociedade civil representa uma aposta concreta de que políticas estruturadas e integradas podem fazer a diferença.
A juíza titular da Comarca de Barra do Piraí, Katylene Collyer Pires, ressaltou a relevância de fortalecer o vínculo entre Judiciário e município.
“Barra do Piraí tem dado passos concretos no enfrentamento à violência contra a mulher, e o Barra Lilás chega para somar a esse movimento. Educação e conscientização são pilares essenciais para romper ciclos de violência”, disse a magistrada.