BARRA MANSA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, acelerou para 0,62% em dezembro, acima da alta de 0,41% em novembro. Com isso, o país fechou o ano com inflação acumulada de 5,79%, acima da meta definida pelo governo, apontam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este foi o quarto ano seguido em que o país fechou o ano com alta de preços superior à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2022, a meta era de 3,5% com teto de 5%. Embora tenha estourado o teto da meta, ficou bem abaixo do registrado em 2021, quando ficou em 10,06%.
A educadora financeira, Itaise Cabral, informa que a projeção de inflação (IPCA) para 2023 é de 5,7%. “A taxa de juros está muito alta, e vai permanecer assim ainda por um tempo. Sugiro aos investidores que enxuguem os gastos, comprem o necessário, de olho principalmente na quantidade para não haver desperdício”, cita
Já para quem tem dinheiro guardado o momento é de investir. “Para quem tem dinheiro guardado sugiro procurar títulos de renda fixa indexados ao IPCA. Como o mercado está volátil, é possível garantir boas taxas em investimentos com pouquíssimo risco. É o caso Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Debentures incentivadas, Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), com a remuneração de IPCA + 6%. É importante estar atento ao rating de crédito dos papéis. Só investir em papéis com o risco AAA”, aponta.
Sobre 2023, ela alerta que o custo de vida permanecerá caro. “É importante o consumidor ter em mente isso e dar preferência aos pagamentos à vista dos Impostos e das compras como um todo. Acho também que está na hora do consumidor aderir de vez ao consumo sustentável. Procurar peças de vestuário em brechós, promover trocas entre amigos e por aí vai. Além de economizar, a gente cuida do meio ambiente”, aconselha.
Os vilões de 2022
De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta no ano, seis deles acima do índice geral. Transportes e comunicação foram os únicos com deflação no ano. O grupo que teve a maior alta de preços no ano foi o de vestuário, que teve altas superiores a 1% em 10 dos 12 meses. Já o grupo Habitação fechou o ano próximo da estabilidade.
O maior impacto sobre a inflação do ano de 2022, porém, partiu do grupo de alimentação e bebidas, respondendo por 2,41 pontos percentuais (p.p.) do indicador. A segunda maior pressão sobre o índice veio do grupo de saúde e cuidados pessoais, com 1,42 p.p. de impacto. No oposto, a maior pressão negativa sobre o IPCA acumulado no ano foi exercida pelo grupo de Transportes, com impacto de 0,28 p.p.
Veja o resultado de cada um dos nove grupos que compõem o IPCA: Vestuário: 18,02%; Alimentação e bebidas: 11,64%; Saúde e cuidados pessoais: 11,43%; Artigos de residência: 7,89%; Despesas pessoais: 7,77%; Educação: 7,48%; Habitação: 0,07%; Transportes: -1,29%; Comunicação: -1,02%.
Alimentação, ‘vilã’ da inflação
A alta de preços dos alimentos foi a que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022. Segundo o IBGE, a alimentação no domicílio teve alta de 13,23%, superior à da alimentação fora do domicílio, que foi de 7,47%.
Na alimentação no domicílio, a maior alta de preços foi da cebola, que subiu 130,14% no ano – de acordo com o IBGE, foi a maior alta entre os 377 produtos e serviços pesquisados para composição do IPCA.
A segunda maior pressão sobre a alimentação no domicílio partiu do leite longa vida, com alta de 26,18%. Outros alimentos com aumento relevante de preços foram a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%). Na alimentação fora do domicílio, o lanche acumulou alta de 10,67%, quase o dobro da refeição, que aumentou 5,86% no ano. “No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%. A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%)”, destacou o analista de preços do IBGE, André Almeida