ANGRA DOS REIS
Trabalhadores das usinas nucleares de Angra decretaram greve nas unidades Angra I e Angra II. O protesto acontece em virtude de desacordo na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho e contra a política de demissões voluntárias e redução de despesas na empresa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Eletricitários de Angra e Paraty, Cassio Tilico, o movimento ocupa todos os acessos às áreas industriais da empresa e não tem previsão para ser encerrado. Quem chegou para trabalhar nos ônibus que atendem os trabalhadores não conseguiu entrar. “Deflagramos a greve a meia noite do dia 8, a empresa apresentou uma proposta que não atende a categoria, disse que paga o reajuste completo, desde que o trabalhador abra mão da demissão em massa ou das residências funcionais e ela possa cobrar aluguel deste trabalhador. É inaceitável, estamos aguardando a empresa para negociar”, destaca.
Segundo Tilico, a empresa não paga a data-base dos trabalhadores há dois anos, e, em maio, completará o terceiro ano sem o reajuste. Ele explica que a Eletronuclear deve aos trabalhadores 6,76% referentes a 100% do IPCA de 2022, mais 3,69% do IPCA de 2023/2024. Esse percentual deveria ser aplicado sobre cada salário e benefício. “E nossa data-base vence agora em maio, ou seja, teremos um terceiro percentual a ser pago”.
Em matéria recém divulgada pelo A VOZ DA CIDADE, Tilico denunciou que a empresa pretende revogar instruções normativas que garantem 25 benefícios aos trabalhadores, o que possibilitaria alterar condições de trabalho sem que essas mudanças fossem discutidas em assembleia. Outra questão criticada pelo sindicato é a exclusão da comissão de representantes sindicais da comissão de dispensa coletiva.
Usinas nucleares seguem seguras durante movimento grevista em Angra dos Reis
Através de nota oficial, a Eletronuclear informa que a unidade Angra 2 segue operando com plena segurança, sem qualquer impacto nas atividades essenciais. Já a unidade Angra 1 segue normalmente com suas atividades de parada programada para troca de combustível. O movimento grevista iniciado nesta terça-feira, dia 08 na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, não compromete a segurança das usinas. A companhia adotou todas as medidas necessárias para garantir a continuidade das atividades, conforme os protocolos internos de segurança e as rigorosas normas regulatórias do setor nuclear.
A Eletronuclear está acompanhando a greve de Angra dos Reis, que ocorrerá por tempo indeterminado, e foi também notificada sobre a paralisação dos empregados da sede, no Rio de Janeiro, prevista para começar na quinta-feira, dia 10, com duração de 24 horas.
A empresa esclarece que já concedeu o reajuste integral de salários e benefícios com base na variação do IPCA, correspondente a 3,69%, equivalente a 100% da variação do índice. A proposta foi apresentada no âmbito das negociações para o próximo acordo coletivo.
A Eletronuclear lamenta o impasse causado pelas entidades sindicais, que condicionam a assinatura do acordo à inclusão de uma cláusula que lhes confere participação em decisões de gestão da companhia. Esse condicionamento violaria a legislação vigente (art. 138 da Lei nº 6.404/1976) e os princípios de governança da Eletronuclear, pois exigiria a anuência das entidades para alterações nos normativos internos da empresa.
A companhia reafirma ainda sua disposição para o diálogo e reforça seu compromisso com a operação segura e contínua de suas instalações nucleares, assegurando que não há qualquer risco para a população, trabalhadores e meio ambiente.