ANGRA DOS REIS
O delegado titular da 166ª Delegacia de Polícia, Bruno Gilaberte, informou ao A VOZ DA CIDADE que a lancha que atropelou quatro pessoas, matando duas delas e deixando outras duas feridas, na última sexta-feira, dia 30, na Lagoa Azul, Ilha Grande, passou por perícia hoje à tarde. Segundo ele, o condutor da lancha alegou problemas no acelerador da embarcação para explicar a causa do acidente. “Contudo, informações preliminares dão conta de que a embarcação não apresentava defeitos técnicos”, disse o delegado. A Marinha do Brasil instaurou um inquérito para apurar as causas do acidente e a Capitânia dos Portos informou ao A VOZ DA CIDADE que não tem novas informações sobre o ocorrido.
As vítimas eram turistas e mergulhavam na localidade quando foram atingidas pelo veículo. O marinheiro, que não teve a identidade divulgada pela polícia, pagou fiança e responderá em liberdade pelo duplo homicídio culposo e duas lesões corporais culposas – quando não há intenção.
Gilaberte contou que o condutor disse que já havia reportado esse problema na aceleração há algumas semanas ao proprietário da lancha, e que o dono disse que a situação já estava regularizada. O delegado afirmou que a perícia foi feita e que ele busca mais informações que possam ajudar a elucidar o que teria provocado o acidente. “Foi realizada a perícia agora e o lauto ainda será confeccionado, mas os peritos já informaram, informalmente, que não havia qualquer defeito na lancha. As manetes estavam em perfeito estado”, contou Bruno, dizendo que, a partir daí, tendo que aguardar a confecção, que ainda não tem prazo de ficar pronto, e com a peça técnica pronta, os envolvidos serão chamados novamente e prestarão novos depoimentos.
“Estamos ouvindo alguns profissionais da Marinha para ajudar a gente nessa perícia. Vamos buscar ouvir mais testemunhas e estamos procurando por vídeos de turistas, que por ventura tenham flagrado esse momento. Nós vamos também investigar se houve negligência por parte do proprietário na manutenção do barco, mas isso vai depender da perícia da Marinha. Ela é que vai nos dar esse norte”, finalizou Gilaberte.
O ACIDENTE
O atropelamento ocorreu por volta do meio-dia da última sexta-feira, dia 30, quando turistas estavam no mar da Lagoa Azul. Alexandre da Silva Leite, de 43 anos, e Walquíria de Almeida Barros, de 29, morreram. Camila Martinez Précoma, de 30, e Natacha de Oliveira Soares, de 27 anos, tiveram ferimentos e foram levadas para o Hospital Geral da Japuíba. Segundo informações da unidade de saúde, elas tiveram dedos dos pés amputados. As duas passaram por cirurgia e foram transferidas domingo, dia 1°, para São José dos Campos-SP, onde continuarão recebendo acompanhamento médico. Já os corpos das duas vítimas fatais seguiram do Instituto Médico Legal (IML) de Angra dos Reis para o Rio, onde foi enterrado Alexandre e São José dos Campos, cidade onde Walquíria morava.
VÍTIMAS
Camila e Natacha posaram para uma foto antes da transferência de hospital e divulgaram a imagem nas redes sociais Natacha foi encaminhada ao Hospital Alvorada, e Camila para Santa Casa. Elas foram transferidas juntas em um avião, no aeroporto de Angra. As duas são moradoras de São José dos Campos e continuarão o tratamento próximo a família.
De acordo com a unidade médica, elas continuarão sem previsão de alta, e ficarão em internação hospitalar por, pelo menos, mais duas semanas. Natacha sofreu uma amputação do quinto dedo (mindinho) do pé direito, graves lesões com laceração, fratura exposta de ossos do pé e lesões vasculares.
Camila também teve o quinto dedo (mindinho) do pé direito amputado, também teve fraturas e lesões vasculares. O pé esquerdo também sofreu laceração, com fraturas expostas e ruptura do tendão de aquiles.
Apesar dos graves ferimentos, elas estão lúcidas e reagindo bem aos tratamentos, informou o hospital.
Camila, na foto, aproveitou a Páscoa para falar sobre o significado da vida. “A passagem de um modo de vida a outro modo de vida.
Esta fala de Jesus lembra que somos peregrinos sobre a terra. Somos passageiros. A vida é uma ponte e, como diziam os antigos, não se constrói uma casa sobre uma ponte. Temos que manter, ao mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas diferentes partes, sabendo que estamos de passagem”, postou Camila.
COBRANDO
O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, usou das redes sociais para falar sobre o caso. Ele falou da assistência as famílias das vítimas e cobrou providências. “Quero aproveitar para prestar meus sentimentos às famílias dos envolvidos e dizer que demos toda a assistência possível aos familiares presentes. Todas as responsabilidades cobradas do município pelo Ministério Público Federal estão sendo cumpridas, inclusive a instalação de boias de sinalização náutica com a inscrição “área restrita para banhistas”, que foram implantadas em 10 praias em 2007, através da TurisAngra, e hoje estão sendo recuperadas”, concluiu Jordão.