BARRA MANSA
Dois mil e vinte e dois começa com a alta da cesta básica e com a desaceleração da inflação. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação desacelerou para 0,54% em janeiro, após ficar em 0,73% em dezembro.
Esse foi o maior resultado para o mês de janeiro desde 2016 (1,27%). Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 10,38%, acima dos 10,06% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro do ano passado a variação mensal foi de 0,25%.
De acordo com os dados divulgados, o resultado foi influenciado, principalmente, por alimentação e bebidas (1,11%), que teve o maior impacto no índice do mês (0,23 p.p.). Foi à alimentação no domicílio (1,44%) que influenciou essa alta. Mais do que a alimentação fora do domicílio, que desacelerou de 0,98% para 0,25%. Os principais destaques foram às carnes (1,32%) e as frutas (3,40%), que embora tenham desacelerado em relação ao mês anterior, tiveram os maiores impactos nesse grupo, 0,04 p.p e 0,03 p.p, respectivamente.
Além disso, os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos 12 meses. Outros destaques foram a cenoura (27,64%), a cebola (12,43%), a batata-inglesa (9,65%) e o tomate (6,21%). Já os principais recuos foram registrados nos preços do arroz (-2,66%), do frango inteiro (-0,85%) e do frango em pedaços (-0,71%).
A dona de casa Priscila Vieira, relembra que desde o início da pandemia tem evitado sair de casa, por conta dos dois filhos, mas mercado é algo impossível de se evitar. “Uso muito as redes sociais para pesquisar preços e aproveitar as promoções, quando acho um produto com o preço bom, até compro a mais para estocar. No início, sentimos muito o preço da carne, óleo e arroz, desses, somente o óleo se mantém caro e agora os demais estão mais acessíveis. Mas não tem como correr e deixar de comprar óleo. Acabo reciclando alguns, como o que frito batata, ou substituo por manteiga. Já hoje em dia, o sofrimento é o pó de café. Até tentei comprar uns mais em conta, mas não compensa economizar nele, pois perde a qualidade no sabor; o pó que eu comprava a R$ 12 já passa dos R$ 22. O arroz, no início da pandemia cheguei a comprar a R$ 22, hoje já acho a R$14, mas antes era uns R$ 11”, cita.
No setor de hortifruti, mais sustos a cenoura está a quase R$ 10. “Tenho comprado na feira uns pacotinhos promocionais, mas a quantidade também foi reduzida do pacote. O preço do tomate e da batata também tem oscilado muito de um mercado para o outro. O que percebo é que para aproveitar o preço baixo, acabo indo muito mais no mercado para não perder a oferta daquele dia. Fruta subiu muito e acabo deixando às vezes de comprar quantidade grande, quando vejo que vai passar do ponto, congelo pra fazer depois vitamina ou suco. Daí compro mais biscoito, o que para saúde, principalmente com filhos, não é bom”, analisa.
Transportes recuam após alta em dezembro
A desaceleração no índice do mês foi puxada pelos transportes, grupo com maior peso do IPCA, que recuou 0,11%, após subir 0,58% em dezembro. Esse foi o único dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados a ter queda em janeiro.
Esse recuo é consequência, principalmente, da queda nos preços das passagens aéreas (-18,35%) e dos combustíveis (-1,23%). Além da gasolina (-1,14%), também houve queda nos preços do etanol (-2,84%) e do gás veicular (-0,86%). O óleo diesel (2,38%) foi o único a subir em janeiro. Outros destaques negativos foram os transportes por aplicativo (-17,96%) e o aluguel de veículo (-3,79%).
A queda dos preços é confirmada pela gerente de um posto de combustíveis, Sirlei de Oliveira Carvalho. “Tanto a gasolina quando o etanol estão registrando queda de R$ 0,10. Pode parecer pouco, mas depois de sucessivos aumentos, representa a esperança, além disso, no final do mês representa uma economia significativa. A gasolina, por exemplo estava R$ 7,61, foi para R$ 7,53 e agora está R$ 7.43. A gente percebe que está abaixando quando relembra os valores anteriores”, analisa.
Em habitação (0,16%), os preços desaceleraram em relação ao mês anterior (0,74%), principalmente por conta do recuo da energia elétrica (-1,07%), embora ainda permaneça em vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Houve ainda mudanças de PIS/COFINS, de ICMS e de tarifa de iluminação pública em algumas áreas pesquisadas.
Em janeiro, os preços do gás de botijão (-0,73%) recuaram pela primeira vez após 19 meses consecutivos de alta. Em 12 meses, o botijão acumula alta de 31,78%.