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História de menina operada no projeto ‘Coluna Reta’ encoraja tratamento de mais pessoas em todo país

Por Franciele Aleixo
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VOLTA REDONDA

A adolescente Ludmilla Maciel, 19 anos, foi uma das primeiras pacientes do projeto “Coluna Reta” a passar pela cirurgia reparadora das deficiências decorrentes da escoliose idiopática. Ludmilla sofria há anos com esse grave desvio da coluna e acabou se tornando uma referência ao debater o tema com muita naturalidade nas redes sociais. Detalhe: Ludmilla também é deficiente auditiva e deu uma grande mostra de superação em diversos momentos de sua jornada. Até mesmo em ser pioneira no aceite para passar pela operação reparadora, oferecida gratuitamente pela Prefeitura de Volta Redonda.

Considerada no meio das meninas (mais afetadas pela escoliose idiopática) como uma influencer digital no tema, Ludmilla postou a história de sua cirurgia passo a passo nas redes sociais e emocionou muita gente. Mais que isso: inspirou dezenas de seguidores a buscar o tratamento e não desistir de levar uma vida normal. Tanto que acabou parando nas páginas e perfis da “Menina de Titânio”, mantidos pela gaúcha Jennifer Cristina Fraga da Silva e definidos por ela como um espaço para “conscientização da escoliose, uma deformidade tridimensional que afeta a coluna. Através dos meus relatos e pensamentos descrevo a realidade sobre essa condição e divido experiências com os seguidores.

‘Sinta-se abraçado e saiba que não está sozinho’

Na última postagem do ano, a “Menina de Titânio” (referência ao material usado para confeccionar os parafusos que deixam a coluna reta) citou justamente a história de Ludmilla Maciel, como um exemplo a ser seguido pelas demais meninas que sofrem com a escoliose idiopática. Para se ter ideia da importância do feito, Jennifer Cristina Fraga da Silva foi uma das palestrantes do 1º Congresso Brasileiro de Escoliose. “Minha cirurgia estava marcada para a parte da manhã, e eu não conseguia conter o choro de tanta emoção e felicidade. Quando eu acordei senti que minha autoestima tinha voltado e fiquei muito feliz. Além da questão estética, passei minha infância e adolescência sentindo muitas dores. Mas agora tudo isso passou. Vou começar um ano novo com uma vida nova”, comemorou Ludmilla.

Anos na fila de espera chegaram ao fim em 2021
Aos 8 anos ela foi diagnosticada com a escoliose. Aos 12 anos – até os 16 anos – ela usou colete Milwaukee. Em 2017 foi indicada a fazer a cirurgia. Desde então ela estava na fila do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) aguardando para ser operada. “Durante esse tempo todo não foi marcada a minha cirurgia de escoliose. Quando a prefeitura divulgou sobre projeto “Coluna Reta” corri para fazer minha inscrição. Foi aí que o médico responsável pelo projeto analisou a minha coluna e já marcou a minha cirurgia. Eu não estava esperando que fosse tão rápido, porque era a realização de um antigo sonho. Minha cirurgia foi um milagre”, conta Ludmilla.


Dona Aparecida Maciel, mãe da Ludmilla, conta que os tratamentos que a sua filha passou anteriormente não deram resultados satisfatórios. “Nesses últimos quatro anos que ficamos aguardando para fazer a cirurgia no INTO, o caso dela foi piorando. Ela tinha 35 graus de curvatura e quando entrou no projeto coluna Reta já estava com 48 graus. Quando tomei conhecimento do projeto tive dúvidas se inscrevia minha filha ou não. Ela já tinha sofrido tanto nesses 11 anos que a gente tinha perdido a esperança. Quando o doutor Juliano nos disse que ela ia operar em novembro ficamos muito felizes. Foram 11 anos sonhando com a cirurgia e por causa desse projeto lindo o sonho da minha filha foi realizado”, disse dona Aparecida.

O diagnóstico
O diagnóstico da escoliose é feito por meio de exame físico e de imagens. Durante a triagem, podem ser solicitadas radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas, por exemplo. Com os exames em mãos, é possível aos médicos identificar e medir com precisão a curvatura da coluna. A partir daí, os profissionais passam a avaliar o tipo de tratamento recomendado, até mesmo se há necessidade de uma intervenção cirúrgica.

O projeto
O ortopedista especialista em coluna, Juliano Coelho, que coordena o projeto Coluna Reta, explica que a proposta, pioneira no Brasil, oferece gratuitamente tratamento e prevenção da escoliose para crianças a partir de 6 anos e adolescentes até 18 anos.
Os atendimentos do projeto Coluna Reta são feitos às sextas-feiras na Policlínica da Cidadania, que fica no Estádio da Cidadania Raulino de Oliveira. Todas as crianças e adolescentes que já foram atendidos voltam para avaliações após um ano.

Desde que o projeto foi implantado, 200 crianças passaram por triagem, sendo que 10 delas tiveram indicação cirúrgica.
A previsão é que sejam realizadas, por mês, duas cirurgias no Hospital São João Batista, aos sábados, a partir de fevereiro. O projeto também oferece reabilitação por meio de fisioterapia na Policlínica da Cidadania para retorno dos pacientes às atividades de rotina. “A cirurgia visa oferecer qualidade de vida aos pacientes, não só a correção postural, mas a prevenção a tempo de evitar danos aos órgãos. Nossa programação é que, em 2022, mais 24 cirurgias sejam realizadas”, comentou Juliano Coelho.

A Escoliose Idiopática
Apesar de pouco conhecida pela população, a Escoliose Idiopática já atinge milhões de pessoas no Brasil e em todo mundo. A escoliose é um desvio lateral e rotacional da coluna vertebral que acontece no período do estirão do crescimento (9 aos 14 anos). Mais comum em meninas, ela acomete em torno de 4% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Quando em estágio avançado, causa deformidade estética inaceitável, falta de ar, limitação para atividades laborais e diversos problemas psicológicos.

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