ÍNDIA/NOVA IORQUE
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apresentou nesta segunda-feira, dia 5, três relatórios dos temas previstos numa série de propostas conhecida como “Nossa Agenda Comum”, que reflete sua visão para as próximas décadas.
Guterres fez recomendações para a reforma da arquitetura financeira global, bem como a reavaliação do uso do Produto Interno Bruto, PIB, como medida para direcionar políticas sociais e uma visão para cooperação no avanço tecnológico.
Reforma financeira
O secretário-geral afirma que o PIB “diz o custo de tudo e o valor de nada”. Ele afirma que o mundo não é uma “corporação gigantesca” e por isso as decisões financeiras devem ser baseadas em mais do que “ganhos e perdas”.
Para Guterres, o atual modelo financeiro não representa mais as necessidades do mundo. O líder da ONU disse que a pandemia de Covid-19 foi um teste para esse sistema, que falhou em proteger e recuperar países em desenvolvimento.
O chefe das Nações Unidas pediu uma resposta “estrutural”, com uma nova arquitetura financeira, mais resiliente e equitativa.
Aumento do PIB e estragos ao planeta
Segundo Guterres, o PIB deve continuar a ser um índice importante, mas a métrica não inclui atividades nocivas, como desmatamento, pesca predatória e queima de combustíveis. O secretário-geral lembra que o PIB tampouco considera a sustentabilidade e o impacto negativo sobre as pessoas e sociedades. Ele propõe mudanças.
Em primeiro lugar, os Estados-membros devem assumir um compromisso político com uma estrutura conceitual que valorize com precisão o que importa para as pessoas, o planeta e o futuro.
Desenvolvimento de novas métricas
Esses valores devem estar ancorados na Agenda 2030 e projetados para atingir bem-estar, respeito pela vida e pelo nosso planeta e redução das desigualdades.
Além disso, o relatório pede um processo técnico para desenvolver métricas propondo que um grupo de especialistas produza um painel de indicadores-chave alternativos até março de 2024.
Por último, Guterres defende mais apoio para que aos países tornar as novas métricas operacionais.
Pacto Digital Global
Com o avanço tecnológico e o uso de Inteligência Artificial criando oportunidades e desafios, o secretário-geral acredita haver uma necessidade urgente da criação de um Pacto Digital Global. A meta é mitigar os riscos das tecnologias digitais e identificar maneiras de aproveitar seus benefícios para o bem da humanidade.
Guterres propõe que o futuro, que aponta ser cada vez mais digitalizado, seja baseado em direitos humanos e utilizado para acelerar o progresso dos ODS, com tecnologias “governadas por humanos, para humanos”.
Espaços para debate
De acordo com o chefe da ONU, este pacto traz uma oportunidade única para reunir governos, organizações regionais, o setor privado e a sociedade civil em uma abordagem global para a governança digital.
Seu resumo identifica áreas para ação urgente, desde a intensificação dos esforços para conectar mais pessoas até a construção de infraestrutura pública digital e o apoio às administrações públicas para regular a tecnologia.
Para Inteligência Artificial, ele também propõe o estabelecimento de um Órgão Consultivo de Alto Nível para oferecer recomendações.
Guterres aponta a necessidade de acompanhamento sustentado da governança digital e propõe a formação de um Fórum de Cooperação Digital para avaliar o progresso na governança digital e destacaria as lacunas.
Revitalizar o sistema multilateral
Ele explica que o conteúdo deve guiar as preparações para a Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, marcada setembro, e a Cúpula do Futuro, em 2024.
Para o secretário-geral, esse trabalho determina a capacidade da comunidade internacional de avançar na Agenda 2030 e nos ODS, apresentando ideias para revitalizar o sistema multilateral.
Este é o sétimo relatório lançado por Guterres, que deve concluir a série no próximo mês.
O secretário-geral reforça que o trabalho busca servir de inspiração para as deliberações e decisões dos Estados-Membros.