ESTADO
O governador Cláudio Castro se reuniu com lideranças das Forças de Segurança do Estado do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (24/10), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova. O objetivo foi monitorar as ações integradas que acontecem em toda a cidade do Rio desde a tarde de ontem, em combate a atos denominados pelo governador como terroristas.
“Estou desde ontem monitorando de perto as ações que ocorrem em toda a cidade do Rio para reprimir atos que dificultem o direito de ir e vir da população. Estamos asfixiando o crime organizado, essa é a resposta do Estado para atos violentos como os ocorridos ontem. Elaboramos um plano de contingência para reprimir esses criminosos. Dos doze detidos pelos ataques aos ônibus, seis tiveram a prisão confirmada, com indício de autoria. Outros seis foram liberados por falta de provas. As investigações continuam e vamos prender todos esses criminosos. A Polícia Civil agiu dentro da técnica”, declarou o governador Cláudio Castro.
Uma ação integrada entre as polícias Militar, Civil, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil restabeleceu a segurança em bairros da Zona Oeste do Rio, após os episódios de violência ocorridos como consequência da prisão do miliciano Matheus Silva Rezende, sobrinho de Zinho – chefe da maior milícia do Rio de Janeiro. “Desde as primeiras horas de hoje, 80% da frota de ônibus está circulando normalmente. Assim como trens e departamentos de saúde, como clínicas da família, também estão funcionando”, ressaltou Castro.
O governador Cláudio Castro destacou ainda que o Governo do Estado está em estado máximo de alerta e que a orientação dada é para que todas as Forças de Segurança permaneçam nas ruas, com helicópteros, drones, viaturas e agentes, para garantir a normalidade e tranquilidade da população.
Lula: Forças Armadas atuarão de forma auxiliar na segurança do Rio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (24), em Brasília, que as forças de segurança federais e as Forças Armadas atuarão de forma auxiliar na segurança do Rio de Janeiro. Frisou que não haverá intervenção no estado, mas a busca por uma solução compartilhada.
“Nós não queremos pirotecnia, não queremos fazer uma intervenção no Rio de Janeiro como já foi feito e que não resultou em nada. Nós não queremos tirar a autoridade do governador, tirar a autoridade do prefeito, o que nós queremos é compartilhar com eles, trabalhar junto com eles uma saída”, disse durante o programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.
Nessa segunda-feira (23), criminosos fizeram ataques ao sistema de transporte na zona oeste do Rio, após uma operação da Polícia Civil contra a maior milícia do estado, que atua na região. As ações impactaram severamente o funcionamento do comércio e das escolas e causaram um nó no trânsito da cidade.
Perspectiva
Lula salientou que já conversou com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e tem agenda com o ministro da Defesa, José Múcio, para avaliar as possibilidades de atuação do governo federal.
“A perspectiva é de fazer com que a Aeronáutica possa ter uma intervenção maior nos aeroportos do Rio de Janeiro, que a Marinha possa ter uma intervenção maior nos portos do Rio de Janeiro para ver se a gente consegue combater mais o crime organizado, o narcotráfico, o tráfico de armas. Ou seja, nós [governo federal] vamos ter que agir um pouco mais”, disse, explicando que, ao mesmo tempo, a Polícia Federal (PF) vai agir com mais força, assim como Polícia Rodoviária Federal atuará mais nas estradas.
“Nós queremos compartilhar a solução dos problemas que os estados têm com o governo federal. Não queremos lavar as mãos e dizer que o problema da violência é do Rio, o problema da enchente é do Rio Grande do Sul, da seca é da Amazônia. É um problema do Brasil e vamos cuidar de todos em igualdade de condições”, explicou o presidente.
Acrescentou que “vamos ajudar o Rio de Janeiro a combater o crime organizado, a combater os milicianos e dar tranquilidade ao povo. Não é possível que o povo do Rio tenha que sofrer tanto com a ação dos marginais”, acrescentou o presidente.
Problema crônico
Para Lula, o Brasil vive um problema crônico de enfrentamento ao crime organizado, que tem origem nos problemas sociais do país. “Enquanto o povo brasileiro passar fome, enquanto tiver muito desemprego, muita gente abandonada, há uma possibilidade de crescimento do crime organizado. A verdade é que tudo isso está ligado às condições de vida do nosso povo e nós precisamos ter consciência disso. E ter consciência que é preciso juntar prefeito, governador, presidente da República, todo mundo no combate ao crime organizado, no combate à bandidagem”, destacou.
O presidente afirmou, ainda, que estuda a criação do Ministério da Segurança Pública, em pasta separada da Justiça, e avalia como ele poderia interagir com as forças estaduais, que são as responsáveis principais pela segurança pública.
“É preciso que a gente dê tranquilidade ao povo e vamos discutir no governo federal como é que a gente pode participar mais, como acionar mais a PF [Polícia Federal], como pode fortalecer mais a Força Nacional, como pode utilizar as Forças Armadas participando como uma força auxiliar sem passar a ideia para a sociedade que as Forças Armadas foram feitas para combater o crime organizado, não é esse o papel das Forças Armadas e nós não vamos fazer isso”, explicou.