BARRA MANSA
Em cerca de 30 dias deve ficar pronto um projeto que pode transformar o segundo andar do Palácio Barão de Guapy em um teatro público. O presidente da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj), Jackson Emerick esteve no local na última semana com técnicos e engenheiro para colher dados e elaborar o projeto. Jackson é morador de Barra Mansa e ocupa a presidência do órgão estadual, que é vinculado a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. A Funarj é responsável pela promoção da cultura e pela gestão direta de uma série de museus, teatros e centros culturais.
Na última semana, o presidente da Funarj esteve com os técnicos no Palácio Barão de Guapy e também com vereadores. A informação seria que o segundo andar pertence ao Legislativo e para que o projeto aconteça seria necessário que fosse feito um termo de cessão para que o estado fique no local por, no mínimo 20 anos. “A Funarj tem 14 equipamentos tocados há mais de 40 anos. Eles nunca fecharam. É uma oportunidade única para Barra Mansa ter presidente na fundação. É a primeira vez que isso acontece. A cadeira já foi ocupada por Darcy Ribeiro. Expliquei aos vereadores que a Funarj tem expertise para cuidar do local após cessão. É uma região central, em um prédio histórico. Além de fomentar a cultura, também movimentaria a economia, da cadeia produtiva do setor”, disse.
O teatro seria com cerca de 150 lugares. Segundo Jackson, seria o primeiro teatro público da região gerido pelo Estado. “O particular cobra taxa mínima de produtor, cobra percentual de bilheteria. Esse não seria assim e a gestão teria diversos espetáculos do Estado e do país, além de contemplar artistas da região. Pela Funarj, é feito pedido para apresentação no teatro, por ordem cronológica no site e as pessoas são atendidas, à medida que forem contempladas. Quinze por cento da renda vai para a Funarj e 85% é do produtor”, explicou.

Foto: Divulgação
Após o projeto apresentado os vereadores teriam que decidir se fariam a cessão do local. Procurado pelo A VOZ DA CIDADE, o presidente Paulo Sandro, disse que os vereadores verão o projeto elaborado. Por ele, o local seria cedido para construção do teatro, mas depende da maioria.
O presidente da Funarj apontou que mesmo se a Câmara de Vereadores não aceitar o projeto já pediu ao prefeito Rodrigo Drable um outro local para que Barra Mansa seja contemplada com um teatro público. “No Palácio Barão de Guapy seria uma oportunidade de ouro por ser uma área central e um prédio histórico, mas não vamos desistir”, apontou.
PLEITO DO CONSELHO DE CULTURA
O presidente da Fundação Cultura, Marcelo Bravo, destacou que o local daria um lindo teatro. Ele lembrou que o marco oficial dessa conversa foi uma audiência pública realizada no primeiro semestre, provocados pelo Conselho de Cultura. “Eles protocolaram no Inepac, Fundação Cultura, câmara e prefeitura um pedido de informação solicitando providências sobre o local e sugerindo que abrigasse um teatro. Como artista vejo que a sociedade ganha muito com isso, as pessoas podendo vivenciar experiências artísticas. Adequar o prédio seria um grande ganho para a cidade toda e, inclusive, o ambiente teatral permitiria adaptações para sessões solenes”, destacou.
A informação é que os vereadores não estariam muito abertos a essa possibilidade. Não acontecem eventos Legislativos no Palácio Barão de Guapy desde novembro de 2018. Os vereadores sugeriram que fosse feita uma adaptação para que o mobiliário ficasse no ambiente do teatro, usando algum tipo de tecnologia para escondê-lo nas peças e retornando ao local quando acontecessem sessões solenes, mas isso não é nada fácil de acontecer.
O presidente do Conselho de Cultura, Augusto Hernandes, ressaltou que o tema é debatido no conselho há anos. Nesse ano, em fevereiro, enviaram a órgãos solicitando o uso comum do local. Na audiência foi iniciado o debate, mas segundo ele, é preciso tratar além. “Precisamos ter acesso ao documento que menciona o uso da câmara do local para que seja verificada a relevância jurídica. Do jeito que está o local quem perde é a sociedade, sabemos até que em algum momento pode acabar desabando. A prioridade do conselho é cuidar e manter todos os prédios públicos, principalmente os que têm valor histórico”, citou, destacando que estiveram no local no final do ano passado e viram a degradação, com infiltrações e problemas afetando os móveis.
Ele destacou que sabe da posição de parlamentares sobre preservar a história do local e existe a ideia de fazer uma réplica do espaço em outro local. Espera que haja debate com o Legislativo após a apresentação do projeto pela Funarj.
O Conselho de Cultura existe para desenvolver as políticas culturais e ajudar a desenvolvê-las, além de fiscalizar todo o cofre do sistema municipal de cultura. “Estamos preocupados com a depreciação do Palácio Barão de Guapy. Se tivesse sendo usado e preservado seria uma coisa, mas manifestamos a intenção de uma vida nova ao local e até o momento a única solução apresentada foi o interesse da Funarj em assumir um teatro público”, aponta Augusto.