ESTADO/ANGRA DOS REIS
Relançada em uma cerimônia nesta segunda-feira, 12, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval. A retomada do crescimento no setor foi defendida pelo presidente da frente, deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), através de um esforço em conjunto do Governo do Estado com os municípios e a União. Dados do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval) apontam que os estaleiros brasileiros empregam atualmente 25 mil trabalhadores no país, sendo que no início dos anos 2000 o setor chegou a ter mais de 80 mil funcionários. Somente o Estado do Rio perdeu mais de 25 mil postos de trabalho nos últimos quatro anos, grande parte em Angra dos Reis.
Para o deputado Waldeck, a crise é resultado de um desmonte dos setores naval e de petróleo do Brasil. “Esse tema é muito importante para a soberania nacional e para o desenvolvimento social e econômico do estado e do país. Atualmente, há uma grande desaceleração dessas indústrias e o governo federal não está investindo na economia local. Com o objetivo de cortar custos, a Petrobras, ao invés de comprar da nossa indústria naval, está contratando equipamentos de outros países, como a China. No entanto, não acredito que esse corte de gastos seja real, já que deixamos de arrecadar impostos e dezenas de milhares de trabalhadores ficam sem empregos, o que não permite girar a roda da economia”, afirmou.
A primeira ação da frente será reunir agentes que queiram melhorar o setor para um debate. Waldeck informou que antes realizarão uma reunião técnica e depois debateremos o tema em audiência pública no mês de setembro. A intenção, segundo o deputado, é contar com parlamentares federais, vereadores e outros representantes.
MUNICÍPIOS AFETADOS
Angra dos Reis, Niterói e o Rio de Janeiro foram as cidades mais afetadas pela crise na indústria naval. No caso de Angra, o município perdeu praticamente todos os empregos no setor. De acordo com a presidente do sindicato dos metalúrgicos do município, Cristiane Marcolino, a cidade já teve mais de oito mil funcionários no setor, mas atualmente conta com cerca de 1,8 mil trabalhadores. “Infelizmente, a maior parte dos trabalhadores que mantiveram seus empregos têm contratos temporários. Ou seja, a queda pode ser ainda maior. O desemprego em Angra reflete muito no aumento de violência no município, que hoje é um dos mais perigosos do estado. Por consequência, muitos clientes também não estão mais procurando a cidade devido à falta de segurança. Somos profissionais qualificados e queremos uma solução”, lamentou Cristiane.
Também estiveram presentes no evento o diretor de Engenharia Naval da Marinha, Almirante Mário Ferreira Botelho, o deputado Paulo Bagueira (SD), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), o ex-deputado federal Luiz Sérgio, e o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda, Lucas Tristão.