ANGRA DOS REIS
A retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 é questão fundamental para o desenvolvimento econômico e social do estado do Rio e do país, segundo conclusão de nota técnica elaborada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O documento foi entregue recentemente ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante o Conselho Empresarial de Energia Elétrica da federação, dia 22. De acordo com o documento, a construção da usina irá gerar cerca de 9 mil postos de trabalho diretos e indiretos na região, além de estimular novos investimentos na cadeia da indústria nuclear e alavancar a infraestrutura local.
Para que a obra seja concretizada, no entanto, a nota sublinha três ações fundamentais: a qualificação do projeto no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI); o delineamento de um arcabouço regulatório exclusivo para o setor nuclear; e a adoção de mecanismos de compliance a fim de garantir o cumprimento das normas e regras legais.
Em relação à qualificação da obra no PPI, o ministro confirmou que a sua inclusão como prioritária será formalizada na próxima reunião do programa, prevista para 10 de abril. Também presente na reunião, na Firjan, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, disse que a expectativa é que a usina comece a operar até o final de 2026.
No momento, o governo está decidindo o modelo de negócios a ser adotado para a retomada da construção. “Até junho, teremos concluído a sondagem de mercado e a decisão pelo modelo de negócios. O próximo passo será elaboramos um edital e convocarmos parceiros. Iremos selecionar um parceiro que irá investir de forma minoritária para conclusão do empreendimento”, explicou Leonam Guimarães.
ENERGIA, LOGÍSTICA E ECONOMIA
A Nota Técnica Impacto da conclusão de Angra 3 para a segurança energética e o desenvolvimento do Rio de Janeiro e do Brasil cita ainda que do ponto de vista energético, a entrada em funcionamento da usina de Angra 3 amplia a segurança nacional. Como exemplo, Angra 2 apresentou ótimo resultado em 2018, com uma produção de 10,7 milhões de MWh e fator de capacidade de 90,27%, o maior entre as empresas do grupo Eletrobras e entre as melhores performances no mundo. A título de comparação, hidrelétricas possuem fator de capacidade médio de 55% e eólicas de 36%. A Firjan lembra ainda que do ponto de vista logístico, a retomada das obras da usina de Angra 3 deve acelerar os investimentos para reforçar a infraestrutura da região. O trecho sul da rodovia BR-101, que margeia o complexo nuclear, está em fase de estudo para concessão pelo PPI do Governo Federal. O Programa avalia unir este trecho à concessão da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), a ser relicitada em 2021.
Do ponto de vista econômico, a retomada da construção de Angra 3 tem potencial para dinamizar a economia dos municípios do chamado complexo nuclear, além de estimular investimentos na cadeia da indústria nuclear, a montante, como a indústria de equipamentos, e a jusante, como agricultura, medicina, indústria de alimentos e bebidas. Cria-se, portanto, um ciclo virtuoso, capaz de atrair para o Rio e o Brasil inúmeras oportunidades de negócios.