BARRA MANSA
Livremente inspirado no “Romance do Pavão Misterioso”, um dos textos mais famosos da literatura de cordel escrito por José Camelo de Melo Rezende em 1923, o espetáculo de dança “Pavão Misterioso” estreia por cidades fluminenses através do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar. Com dramaturgia de Dione Carlos e direção assinada por Mônica Augusto, a montagem que acabou de realizar uma turnê de sucesso em São Paulo coloca em cena outros pontos de vista a partir da narrativa original: no cordel, Evangelista se apaixona por Creuza, considerada a mulher mais linda do mundo, mantida em cativeiro pelo próprio pai. Para libertá-la, constrói um pavão voador com o intuito de fugir com a amada. O espetáculo realizado pela Cia. Dual acontece dia 27 de março às 19h no Sesc Barra Mansa.
Nesta releitura cênica, que mistura dança e teatro de bonecos, temos Creuza na pele de uma mulher negra, descendente quilombola que, no lugar de ser salva, busca sua própria liberdade de amarras sociais impostas, chegando inclusive a confrontar a presença de Evangelista no papel de salvador. É a partir deste encontro conflituoso que Evangelista também passa a questionar o gênero masculino e toda a estrutura que o beneficia. Creuza, por sua vez, traz um quilombo em seu corpo, sua presença instaura um território de lutas e potências. “Apresentar ao público uma obra artística capaz de contar histórias, despertar memórias, refletir sobre nosso tempo e emocionar através de poéticas de imaginação e fantasia, é a desejo e escolha estética da Dual desde seu princípio” explica a diretora Mônica Augusto.
Em cena, os intérpretes Ivan Bernardelli, Verônica Santos e um boneco de pavão, criado por André Mello, estabelecem jogos cênicos e de movimento por meio dos quais a narrativa é contada. Assim, a encenação é um jogo no qual as cenas que fazem parte da história são realizadas de modos diferentes a cada apresentação, propondo um labirinto narrativo no qual diferentes tempos convergem e no qual saltamos de uma camada de realidade para a outra, convidando o público a decifrar as narrativas e construir a história por meio do jogo cênico e improvisacional. “A magia e encanto do boneco, a poesia viva da literatura de cordel e a potência dos corpos contando essa história é o que propomos para experienciar este espetáculo, que nos convida a mergulhar em territórios de mistérios, desafios, amor e liberdade!”, reitera Mônica.
A ideia de labirinto narrativo é a própria metodologia de criação cênica, que lida com a intuição e com uma abertura radical das escutas do corpo, do espaço, do ritmo e das presenças visíveis e invisíveis, o que a diretora Mônica Augusto nomeia como uma tecnologia dos mistérios. A parceria com a dramaturga Dione Carlos propõe um trabalho alicerçado numa dramaturgia escrita em diálogo com as partituras corporais criadas, cujas palavras inspiraram novos movimentos, evocando a ideia de uma afrografia, de grafia gestual. O erotismo presente no trabalho está longe de uma perspectiva superficial convencionalmente suposta como erótica, mas simboliza uma forma de insurgência, como se o corpo afirmasse: estou vivo!
A trilha sonora original de Feliz Trovoada, que conta também com músicas de Di Freitas, indicada ao Prêmio APCA 2024, assim como a iluminação de Silviane Ticher, participam do jogo cênico numa composição em tempo real, improvisando junto com os intérpretes, propondo dramaturgias e atmosferas que transitam entre a densidade e o humor característico dos trabalhos da companhia, evocando a interdisciplinaridade entre linguagens, presente desde o início da formação da Dual.
“Estamos profundamente felizes e ansiosos com esta temporada de estreia pelo Circuito Sesc Pulsar. A oportunidade de apresentar em diferentes cidades do Rio de Janeiro é sem dúvidas um convite instigante que nos motiva a compartilhar e compreender como o público de cada local recebe essas obras e narrativa. É também, sempre, um desafio gostoso nos preparar para entregar um trabalho vivo e pulsante, capaz de envolver e emocionar os diferentes públicos em suas singularidades culturais e de território”, comemora Mônica.
SINOPSE:
O espetáculo “Pavão Misterioso” é um convite para um quilombo místico, território de potência e liberdade. Mas para que possamos prosseguir, e para que seus mil olhos despertem e possam verdadeiramente enxergar as encantarias dos mistérios, o Pavão terá de morrer… e renascer novamente a todo o tempo em canto, dança e festa.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Mônica Augusto
CoDireção e Preparação Corporal: Mirella Façanha
Dramaturgia: Dione Carlos
Intérpretes: Ivan Bernardelli e Verônica Santos
Bonecos: André Mello
Composição Sonora: Feliz Trovoada
Música Original: Di Freitas e Feliz Trovoada
Iluminação: Cic Morais
Assessoria Contábil e Financeira: Juliana Rampinelli Calero – JRC
Identidade Visual: Bárbara Ghirello e Ivan Bernardelli
Produção: Corpo Rastreado – Letícia Alves
Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
Classificação Indicativa: Livre
Duração: 50 minutos
SERVIÇO / BARRA MANSA:
Data: 27 de março
Horário: 19h
Endereço: Av. Tenente José Eduardo, 560 – Vila Nova – Barra Mansa / RJ
Ingressos: R$ 15 (público em geral), R$ 7,50 (conveniado e meia entrada para casos previstos por lei, estendida a professores e classe artística, mediante apresentação de registro profissional), R$ 5 (comerciário e dependentes), Gratuito (PCG)
As vendas acontecem na semana do espetáculo e são feitas diretamente no caixa da unidade.