SUL FLUMINENSE
Os pequenos negócios precisaram de criatividade para driblar a crise esse ano. Durante os últimos meses, por conta da pandemia, os empreendedores entenderam que a inovação era uma oportunidade para manter a empresa relevante neste cenário de dificuldade. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) observou que 44% dos empreendedores fluminenses lançaram ou comercializaram novos produtos e serviços. Se comparar com a média nacional esse número cai para 39%.
Esse é o resultado de nova pesquisa da instituição sobre a situação do Microempreendedor Individual (MEI), da micro e das pequenas empresas do Rio de Janeiro. O levantamento ouviu 495 empresários, entre os dias 28 de setembro e 1 de outubro. Apesar das adversidades enfrentadas, o sentimento de 28% dos empreendedores é que os desafios impostos pela pandemia provocaram mudanças valiosas para o negócio; 15% consideram que o pior já passou; 9% mostram entusiasmo com as novas oportunidades e 48% relatam dificuldades para manter o negócio.
Em Resende, a empreendedora Elaine Silva, 32, adaptou a produção de biscuit com artesanato para o Natal, sem abandonar a confecção de máscaras de proteção facial. “No início da pandemia foi bem difícil, não havia mais festas, pedidos de produtos de enfeites de biscuit foram cancelados. Optei em reforçar o artesanato pintando tecidos e pelas de vidro, mas vi mesmo nas máscaras que era a saída pra tentar amenizar a crise. Nos primeiros meses de venda foi rentável, agora é manter a clientela porque é um produto durável e lavável, difícil o cliente comprar todo mês”, comenta.
Segundo o Sebrae, o que favoreceu também os empreendedores é que a maioria das cidades já praticam a flexibilidade de suas atividades econômicas, sendo atualmente, 85% dos municípios reabertos ou em processo de retomada. Apenas 8% seguem com fechamento parcial, 7% continuam sem restrições e apenas 1% das cidades permanece em lockdown. Dentro desse cenário, 68% seguem funcionado com mudanças; 17% interromperam temporariamente o funcionamento da empresa; 10% não alteraram seu modo de operar e 5% decidiram encerrar as atividades do seu negócio.
Os empresários também mostraram preocupação em relação ao retorno dos clientes nos próximos 30 dias. Para 71% o número de consumidores será menos da metade do volume esperado comparado a um mês normal. Já 29% acreditam que mais da metade dos clientes terá retornado normalmente nesse período. O estudo também apontou que o empresariado acredita que a economia será retomada apenas em setembro de 2021.
Previsão semelhante à do empreendedor do setor de fast food Samuel Costa, 56. “Muito do que irá mudar dependerá basicamente de uma vacina. Ontem mesmo tivemos boas notícias de testes evoluindo com uma das fabricantes. Então, acho que a economia vai retomar, aquecer de fato após o mês de março do ano que vem. Nessa crise de vendas e alta de preços de alimentos criamos lanches novos e o delivery ganhou ainda mais importância. É preciso inovar e para 2021 penso em ampliar a área de entrega e contratar mais funcionários. Mas aposto que qualquer melhora para nós, empreendedores e toda a cadeia produtiva depende diretamente do sucesso da vacina contra o coronavírus”, comenta o barra-mansense.
CRÉDITO PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, os pequenos negócios encontram dificuldades em conseguir empréstimos com as instituições financeiras. No levantamento, 67% dos empreendedores fluminenses tiveram o crédito recusado, 22% conseguiu empréstimo e 11% aguardam resposta.
Em relação ao empréstimo via maquininha de cartão, 39% dos entrevistados não conhecem essa opção de crédito; 39% conhece a opção, mas não solicitou esse tipo de empréstimo; 17% está sabendo, mas não possui a maquininha de cartão e apenas 5% solicitou esse empréstimo.
