ANGRA DOS REIS
No sábado (3), a Eletronuclear deu início à transferência de combustíveis usados de Angra 2 para a Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS). A última pendência para começar o procedimento era a licença final do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que foi concedida na quinta-feira (1º). Já a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) emitiu sua última autorização na quarta-feira (31). A transferência será concluída ao longo dos próximos meses.
Localizada dentro da central nuclear de Angra dos Reis, a UAS vai armazenar os combustíveis usados de Angra 1 e 2. A unidade foi construída porque a capacidade de armazenamento das piscinas de ambas as plantas está se esgotando. Como a de Angra 2 chega ao limite primeiro, a empresa começou a transferência por essa usina. A movimentação em Angra 1 está prevista para novembro.
Teste realizado em março simulou movimentação de combustível usado para a UAS
O presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirma que a UAS é fundamental para que as usinas da empresa continuem gerando energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). “A unidade é eficiente e totalmente segura. O tempo para construí-la foi exíguo, mas trabalhamos com dedicação, superamos as dificuldades impostas pela pandemia e conseguimos concluir a obra dentro do prazo”, ressalta.
O diretor Técnico da Eletronuclear, Ricardo Luis Pereira dos Santos, acrescenta que a empresa tomou todas as medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades sanitárias para poder completar a obra e, ao mesmo tempo, proteger seus colaboradores. “Nossos profissionais se empenharam ao máximo, mesmo diante dos obstáculos, para terminar o empreendimento. Foi um esforço que envolveu todas as diretorias. Por isso, agradeço a cada colaborador da companhia”, frisa.
Armazenamento até 2045
Inicialmente, a UAS conta com 15 módulos. No total, 288 elementos combustíveis serão retirados de Angra 2 e 222, de Angra 1, o que abrirá espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta. O depósito comporta até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045.
A transferência funciona da seguinte forma. Na piscina, os combustíveis usados são inseridos em um cânister, que, por sua vez, está acondicionado dentro de um recipiente chamado Hi-Trac. Em seguida, o conjunto é retirado da piscina, o cânister é fechado e lacrado via solda, a água é removida de seu interior e gás hélio é inserido, para não haver corrosão no elemento combustível.
Então, esse container é transferido do Hi-Trac para o Hi-Storm, invólucro de concreto especial reforçado, que recebe uma tampa, parafusada no recipiente. Na sequência, o Hi-Storm é levado à UAS em um carro de transferência (transfer carriage), é içado e posicionado numa laje, onde permanecerá, concluindo o processo. (clique aqui para ver um vídeo que mostra o procedimento).
Além da laje, a unidade é composta por um almoxarifado e uma guarita e conta com sistemas de monitoração de temperatura e radiação. A tecnologia empregada é amplamente utilizada em todo o mundo. Apenas nos EUA, há cerca de 80 instalações em operação similares à UAS. “A construção da unidade permitirá que os combustíveis usados de Angra 1 e 2 sejam guardados, com toda a segurança, até que o governo brasileiro defina seu destino final”, conclui Santos.