Delegado diz que tráfico e desigualdade são maiores desafios do Estado

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VOLTA REDONDA

A região tem vivido momentos de tensão em relação à segurança pública, homicídios, assaltos, furtos e todos esses crimes podem ter em comum um delito: o tráfico de drogas. Para o delegado adjunto da 93ª Delegacia de Polícia (DP), Marcelo Russo, o aumento da violência se dá pela desordem, abandono social e até falta de infraestrutura em áreas pobres das cidades. Segundo ele, numa sociedade que incentiva o consumo e com a baixa oferta de emprego o crime se torna um caminho.

“Observamos uma grande captação de menores e mulheres para atividades ilícitas, sendo que as facções criminosas pleiteiam aumento territorial e se aperfeiçoam tanto na produção, quanto na distribuição em novos nichos de consumo”, comentou Russo.

O delegado lembrou que a disputa entre facções criminosas não é um fenômeno atual, mas o que é novo é a forma como esses criminosos têm acesso às armas e drogas, o que torna a disputa muito mais latente, segundo ele. As principais facções, de acordo com o delegado, são: Comando Vermelho, Terceiro Comando e PCC de São Paulo e que o crime organizado influenciam no quadro de disputas que ocorrerem até mesmo no interior do estado.

Em Volta Redonda, Russo disse que as comunidades mais pobres onde há menor presença do Estado – com a falta de investimentos em educação, cultura, saúde e mobilidade urbana – é onde se observa alta criminalidade, como é o caso dos bairros Vila Brasília, Açude, Santo Agostinho e Vale Verde.

MULHERES E ADOLESCENTES NO CRIME

O policial fez questão ainda de frisar que houve um aumento nos últimos anos da participação de mulheres e adolescentes em atos ilícitos, principalmente em atividades ligadas ao tráfico de drogas. “Estamos com déficit de princípios e valores éticos. As famílias desestruturadas, com ausências de responsabilidade dos pais, escolas com desleixo na orientação moral e cívica, conceitos religiosos e humanitários desprestigiados, corroborados com ausência de perspectivas profissional em uma sociedade que prestigia o consumo, posse e ostentação de bens materiais, são fatores ontológicos da crescente migração de jovens e mulheres para o tráfico”, creditou Russo.

Com base nesse cenário, o delegado lembrou que as polícias costumam é garantir a segurança pública se suprindo de suas carências e levando em consideração o lema: “O mais com menos”, através da integração de órgãos estatais e o compartilhamento de bens, serviços e até pessoal.

“Além de uma constante análise sistemática das áreas e maior risco, a fim de priorizar o policiamento e as investigações dessas regiões, pois o curto cobertor vai cobrindo as relevantes áreas da mancha criminal”, explicou, logo acrescentando: “A população deve ‘amar’ a polícia e entender que somos os heróis que tutelam seus bens, suas vidas e integridade física. A maior ajuda é o compartilhamento de ‘informação’ por denúncia, daquilo que observa no seu bairro, seja pelo Disque-Denúncia ou qualquer meio de delação”.

Russo destacou ainda que em 2017 houve grande sucesso na identificação da autoria de crimes e efetivação das prisões, principalmente de crimes de homicídio na área da 93ª DP, que ainda conta com o delegado titular Eliezer Lourenço e o assistente Rodolfo Atala. O policial frisou ainda que no ano passado a Polícia Civil de Volta Redonda obteve grande êxito nas operações de cumprimento de mandados de prisão, fossem elas temporárias ou preventivas. Já sobre os crimes contra o patrimônio, como roubo e furto de rua, Russo disse que esses são os maiores desafios nas investigações e deu dicas de como evitar esse tipo de delito.

“Acredito que a precaução com o patrulhamento ostensivo possa diminuir essa prática”, declarou Russo, logo finalizando: “Estamos do lado da sociedade e nosso lema é em defesa de quem precisar”.

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