SUL FLUMINENSE
Comparado com as eleições de 2020, o número de mulheres eleitas prefeitas nas eleições municipais deste ano no Brasil cresceu. Foram 728 contra 656, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O país tem 5.570 municípios, incluindo 27 capitais, e em duas delas mulheres foram eleitas. Apesar desse avanço, as prefeitas representam apenas 15,5% do total de eleitos, mostrando uma melhoria, mas também revelando os desafios ainda enfrentados.
Na região, A VOZ DA CIDADE fez um levantamento em 14 municípios. Em dois deles, mulheres foram eleitas prefeitas e assumirão o cargo em 2025: Katia Miki, em Barra do Piraí, e Rosi Silva, em Vassouras. Se comparado com o mandato atual, o número cresceu, já que em nenhuma das cidades pesquisadas uma mulher era prefeita.
No cenário internacional, as eleições nos Estados Unidos trouxeram outro ponto de interesse para a representatividade feminina. A vitória de Donald Trump o trouxe de volta ao poder, mas, se Kamala Harris tivesse vencido, ela teria feito história como a primeira mulher a assumir a presidência do país. Essa possibilidade histórica ressalta a importância de aumentar a representatividade feminina na política, uma questão que se torna cada vez mais relevante.
Por outro lado, nas câmaras de vereadores, o número de mulheres com mandato caiu de 17 para 12 no próximo mandato, de 2025 a 2028.
Levantamento Regional
As cidades incluídas no levantamento são: Itatiaia, Resende, Porto Real, Quatis, Barra Mansa, Rio Claro, Volta Redonda, Pinheiral, Barra do Piraí, Piraí, Vassouras, Valença, Angra dos Reis e Paraty.
Barra Mansa é a cidade que atualmente tem mais vereadoras com mandato, juntamente com Angra dos Reis. Em Barra Mansa são quatro, num universo de 19 cadeiras. Apenas duas conseguiram se reeleger: Rayane Braga e Cristina Magno, ambas do PL. Cristina teve 1.629 votos, sendo a 12ª mais votada na cidade. Rayane foi a primeira, com 2.588 votos, sendo a campeã de votos.
Das quatro vereadoras de Angra, duas conseguiram a reeleição: Jane Veiga, do MDB, com 2.276 votos, sendo a sétima mais votada, e Titi Brasil, também do MDB, com 1.997 votos. Ela foi a 12ª eleita das 15 cadeiras.
Resende, com suas 17 cadeiras, tinha duas ocupadas por mulheres. Apenas uma se reelegeu: Soraia Balieiro foi a oitava mais votada na cidade, com 1.128 votos.
Em Porto Real, dos 11 vereadores, uma cadeira já era ocupada por mulher. Fernandinha, do PDT, está neste mandato e foi reeleita com 421 votos, sendo a nona mais votada. O mesmo aconteceu em Pinheiral. A única mulher, Carina Valim (União), se reelegeu com 593 votos. A cidade tem nove cadeiras, e ela foi a quinta mais votada.
Quatis já tinha uma vereadora, Maria Rosa, do PSL, mas ela não conseguiu a reeleição. A mulher que ocupará uma cadeira será Marcela, do Republicanos, eleita com 279 votos. A cidade tem nove cadeiras, e Marcela foi a oitava mais votada.
Em Barra do Piraí, o número de mulheres eleitas caiu de duas para uma. Lú Maciel, do MDB, foi eleita com 896 votos, sendo a décima mais votada de 11 vereadores. Essa cidade foi a que elegeu uma das duas prefeitas da região, Katia Miki (SDD), que atualmente é vereadora.
As cidades de Rio Claro, Piraí e Vassouras não tinham vereadoras eleitas e seguem sem representatividade feminina. Vassouras é a outra cidade com prefeita eleita, Rosi Silva, do Progressistas.
Valença perdeu uma cadeira feminina. Atualmente tem uma vereadora, Fabiani Vasconcelos, que tentou a vaga de prefeita e ficou em terceiro lugar. Paraty também perdeu uma vaga de mulher e está sem representatividade de gênero.
Em Volta Redonda, o resultado foi positivo. Sem nenhuma vereadora na legislatura atual, a população elegeu duas para o próximo mandato: Carla Duarte, do PSD, com 2.668 votos, a sexta mais votada, e Gisele Klinger, do PSB, com 1.493 votos, a 19ª. Volta Redonda tem 21 cadeiras no Legislativo.
Itatiaia foi outra cidade que melhorou no percentual de vereadoras com mandato. Sem nenhuma mulher na legislatura atual, elegeu Elisangela de Vasconcelos, a Elis (Avante), com 334 votos, que ocupou a última cadeira (13ª vaga).
A vereadora que ficou em primeiro lugar em Barra Mansa, feito não conquistado em outras cidades, Rayane Braga, disse ao A VOZ DA CIDADE que ainda falta coragem para mais mulheres se envolverem na política. “Que tenham a certeza de que somos capazes de ocupar com êxito e muita competência uma cadeira, seja no Legislativo ou no Executivo. Nossa participação é fundamental para uma cidade melhor, um estado melhor e um país melhor”, disse a vereadora que, na eleição anterior, foi a mulher mais votada e, nesta, foi, no geral, a que conquistou mais votos. “Isso é reflexo dessa luta diária para provar a todos que a mulher pode estar, sim, onde ela quiser. Espero que isso mude e que os olhares sobre nós, mulheres, não venham carregados de preconceitos”, completou.
MULHERES ELEITAS PREFEITAS
Se, na região Sul Fluminense, duas mulheres foram eleitas prefeitas em um universo de 14 cidades, no Brasil, apenas duas capitais elegeram prefeitas mulheres em 2024. Emilia Correa (PL) será prefeita de Aracaju, e Adriane Lopes (PP) se reelegeu em Campo Grande. Em 2020, apenas uma mulher foi eleita entre as 26 capitais, mesmo cenário de 2016 e 2012.
A prefeita eleita de Barra do Piraí, Katia Miki, falou sobre a participação das mulheres na política. Segundo ela, as mulheres já demonstraram que têm uma grande capacidade de gestão, um olhar humanizado e o cuidado com as pessoas. “Estar vereadora me deu uma grande oportunidade de mostrar ao povo barrense que posso contribuir positivamente para o meu município: fiscalizando, cobrando e apresentando o que há de melhor para toda a população. Eu sou uma defensora e incentivadora das mulheres. Acreditamos que nós podemos e vamos ampliar a participação feminina na política. A minha eleição como prefeita, depois de 134 anos de história da cidade, vem para encorajar muitas outras”, disse Katia, que foi a primeira prefeita eleita da cidade.
MAIS DADOS
Ontem, mais um dado foi divulgado a respeito da representatividade feminina. Um levantamento conduzido pelos Institutos Aleias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas, com o apoio da Fundação Lemann e Open Society Foundations, revela que a presença de mulheres nos cargos de secretariado nos governos estaduais e nas capitais brasileiras permanece reduzida. O primeiro Censo das Secretárias — mapeamento do primeiro escalão dos governos subnacionais (estados e capitais) em 2024 — revela que apenas 28% desses cargos são ocupados por mulheres, totalizando 341 secretárias, enquanto os homens representam 72%.