BARRA DO PIRAÍ
Anderson Quintanilha, de 32 anos, procurou o A VOZ DA CIDADE para informar que o corpo de sua filha, Julia Laport, de dez anos, encontrado em uma mala há sete meses em Ipiabas, ainda não foi enterrado. A mãe da menina, Cristiane Laporte, de 28 anos, principal suspeita do crime e que permanece presa, será julgada na próxima segunda-feira, dia 26, às 10 horas. Já Ramon Manuel, de 20, padrasto da criança, responde em liberdade.
Segundo Anderson, na certidão de óbito da criança, feita antes do resultado do exame de DNA, a menina consta como indigente. “Até hoje não consegui fazer o sepultamento da minha filha. Estou esperando o juiz autorizar e não tenho retorno do mesmo”, comentou Anderson, explicando que não sabe o motivo de tanta demora, já que o corpo da criança foi encontrado em janeiro, o que estende ainda mais a dor da família.
Sobre a situação, Quintanilha, que hoje está com a guarda dos outros três filhos (13, oito e sete anos) que teve com Cristiane, explica que fica desanimado, mas que ser pai é uma benção em sua vida e que o amor dos filhos lhe dá força para lutar, assim como Julia não merece tal ‘descaso’. “Sou super bem atendido no fórum, mas não posso continuar com essa agonia e minha filha merece ser enterrada com dignidade”, diz.
O A VOZ DA CIDADE tentou contato com o Fórum de Barra do Piraí, mas na teve retorno até a publicação desta reportagem.
PRIMEIRA AUDIÊNCIA
Cristiane e Ramon no dia 15 de abril chegaram a participar de uma audiência de instrução e julgamento para produção de provas testemunhais por ocultação do cadáver da criança. A audiência fez parte do processo de número 000037432-2019.8.19.0006 e aconteceu durante no Fórum de Barra do Piraí, pelo juiz da 2° Vara Criminal, diante do inquérito apresentado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPERJ). O corpo da menina foi encontrado em janeiro em Ipiabas, em um terreno, próximo a casa do padrasto. A mãe responderá ainda por abandono de incapaz.
A pena de Cristiana pode chegar a 25 anos, por ocultação e abandono, podendo dobrar se comprovado participação na morte. A pena de Ramon por ocultação de cadáver pode chegar a 12 anos, também acrescido se for constatado que houve participação na morte da criança.
O CASO
Cristiana foi presa em janeiro após o encontro de uma ossada de uma criança dentro de uma mala, no dia 21 do mesmo mês, em Ipiabas. O pai, que estava com uma medida protetiva e não podia se aproximar da ex-mulher, junto com familiares, procuraram a polícia após desconfiarem das desculpas, evitando que a menina fosse vista. A mulher usava como pretexto que a menina estava debilitada, acamada, devido a uma doença rara que tratava, conhecida como síndrome de West – caracterizada por crises epiléticas e dificuldade de locomoção. J.L teria, segundo as investigações, morrido há cerca de seis meses antes do encontro do corpo.
No dia 14 de março, após exame de DNA, foi confirmado que o corpo era mesmo o da criança.
Segundo o delegado titular da 88ª Delegacia de Polícia, Wellington Vieira, a mãe confessou que ocultou o corpo da filha. Ela foi presa com o namorado, Carlos Ramon, ambos suspeitos do crime. Porém, ele foi solto recentemente, sendo entendido pelo MPERJ que o mesmo havia somente ocultado o corpo.