ESTADO
A Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj se reuniu, na tarde desta segunda-feira (04), com representantes de instituições públicas e privadas e também da sociedade para debater a organização de grandes eventos e o planejamento sob a ótica da segurança e da ordem pública. Além do presidente da comissão, deputado Márcio Gualberto (PL), e de dois de seus integrantes, deputados Tande Vieira (PP) e Marcelo Dino (União), o evento também contou com a participação do diretor do Departamento Geral de Polícia do município do Rio de Janeiro, José Pedro; do subsecretário Operacional da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Cel. Rogério Lobasso; do representante do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, Cel. Rodrigo Polito; além de representantes de empresas como Metrô Rio e de organizações sociais.
Márcio Gualberto destacou que o parlamento não pode menosprezar a juventude e que é preciso ir ao encontro desses jovens com políticas públicas consistentes. Mas chamou a atenção para a importância de não permitir que narrativas falaciosas se imponham à realidade: “Enquanto nós ficarmos acreditando que o criminoso é uma vítima da sociedade, nós, cidadãos de bem, continuaremos sendo vítimas desses criminosos e dessas narrativas falaciosas”, disse o presidente da Comissão. Ele reforçou que nascer com uma condição econômica desfavorável jamais foi condição determinante para que alguém fosse para o mundo do crime.
Para o deputado Tande Vieira, o objetivo da reunião não era apontar culpados pelos problemas ocorridos durante o show do DJ Alok, no dia 26 de agosto, em Copacabana, mas entender o atual momento: “O show em Copacabana mostrou uma organização singular para cometimento de crime. Na minha visão, acho que estamos diante de um fenômeno de mudança do tipo de crime praticado em grandes eventos. Por isso, a importância dessa audiência pública, para entendermos o que está acontecendo e agirmos para que não aconteça mais. Esses eventos são ativos para o turismo, então devem acontecer com tranquilidade e alegria para todos”, ressaltou o deputado, que solicitou a realização da audiência para discutir o assunto.
O delegado Gabriel Ferrando, que atuou na inteligência do evento, também participou da reunião e ressaltou a existência de “contornos atípicos” na ocasião. Segundo Ferrando, as instituições estavam preparadas com base nos dados coletados nos últimos eventos. No entanto, não há como prever o que realmente vai acontecer.
“Há indícios de que havia algo um pouco mais orquestrado. Muitos dos eventos anteriores aconteceram de forma aleatória, sem algo coordenado, previamente combinado. Neste não. Identificamos pontos como identidade de vestimentas, grupos vestidos de forma igual, para dificultar a identificação de assaltantes”, disse o delegado. Ele também destacou as ações realizadas pelos criminosos de forma simultânea em diversos pontos do bairro, a convocação de grupos criminosos nas redes sociais e o pronunciamento de facções criminosas após o evento.
Para os próximos eventos de igual porte, o setor de inteligência da polícia pretende adotar medidas como a interação entre todas as delegacias da zona sul e a divulgação de sites e aplicativos nos quais a população possa realizar Boletins de Ocorrência de forma rápida e segura, sem a necessidade de se deslocar até uma delegacia.
Convidado a se posicionar sobre o assunto, o deputado Filippe Poubel (PL) iniciou sua fala afirmando que a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro é a melhor polícia do mundo e lamentou as críticas que a corporação vem recebendo, inclusive por parte de parlamentares: “O que aconteceu com os policiais foi uma tremenda covardia. Eles pegaram os vagabundos e esses bandidos saíram primeiro que eles das delegacias. Infelizmente, as nossas leis favorecem esses marginais”, lamentou Poubel. O parlamentar também destacou o pedido de criação de uma Frente Parlamentar pela Redução da Maioridade Penal por um grupo do qual ele faz parte.
O próximo a falar foi o deputado Rodrigo Amorim (PTB), que enalteceu o trabalho da polícia durante o show do DJ Alok e elogiou a iniciativa dos deputados Anderson Moraes e Índia Armelau, ambos do PL, em protocolar uma moção de aplausos aos profissionais de segurança que atuaram no evento.
Amorim questionou quem realmente lucra com os eventos realizados na orla de Copacabana e criticou o público presente. “Um público que não consome absolutamente nada, que não aumenta a rede hoteleira, porque dificilmente alguém se desloca de outro estado ou de outro país para assistir a um show num domingo na praia de Copacabana”, destacou o parlamentar.
“Infelizmente, a prefeitura tem transformado Copacabana, Ipanema e Leblon, mas, principalmente, Copacabana, na latrina do Rio de Janeiro. Tudo de ruim a prefeitura leva para Copacabana. Eu não sei quem se promove com isso”, reclamou o deputado.