BARRA MANSA
Realizar compras pagando com crediário próprio na loja tem sido uma constante no comércio de Barra Mansa, um dos mais consistentes do Sul Fluminense. A metodologia dos empresários assegura a fidelidade dos clientes em tempos de modernidade, pois apesar do crescimento da oferta dos cartões de créditos ao consumidor muitas lojas têm no crediário a tradição de bons negócios.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Barra Mansa (Sicomércio-BM), muitas lojas do município seguem utilizando o crediário como forma de pagamento em suas vendas. O comerciante José Paulo Nogueira, proprietário de uma loja de calçados, informou que o crediário representa 80% das vendas realizadas em sua loja. O restante é dividido em 5% à vista e 15% nos cartões de crédito e débito. “No crediário o cliente tem mais fidelidade, se tornando nosso amigo e frequentador para pagar as prestações e comprar”, disse o comerciante, frisando que o cliente que conta com crediário pode ceder o nome para o uso comum de outro parente ou amigo.
A iniciativa amplia o volume de pessoas que compram na loja e na maioria das vezes, a visita dos clientes ao pagar as parcelas acaba gerando novas transações comerciais. “Em média, 60% dos clientes que vão pagar o carnê acaba efetuando novas compras”, disse José Paulo Nogueira, confiante na metodologia de pagamento. “É uma tradição antiga, temos muitos clientes que não têm cartão de crédito e não gostam. Mesmo com a concorrência de grandes lojistas de fora, acreditamos em nosso crediário como atrativo e na minha loja incentivo a venda a prazo no crediário, pois ficamos livres de taxas dos cartões e mantemos o cliente sempre vindo à nossa loja”, comentou.
Para Elaini Pacheco, gerente de uma loja de vestuários, o crediário representa de 40 a 50% das vendas no seu estabelecimento. O restante é divido entre as demais formas de pagamento como dinheiro à vista, cartão de crédito e cheque. “O crediário contribui para o retorno do cliente a nossa loja e também para uma proximidade maior com eles, assim aprendemos o estilo e gosto de cada um, o que é muito importante para nós!”, frisa.
Em análise ao comportamento na sua loja, Elaini informou que de 10 a 15% dos clientes que vão pagar a prestação mensalmente acabam efetuando novas compras. “Vir até a loja pagar a parcela do carnê contribui para que isso retorne em vendas, até pelo fato de sempre ter novidades”, disse.
CARTÃO COMO ALIADO
Apesar da iniciativa dos crediários em lojas, cada vez mais, o cartão de crédito vem se consolidando como uma opção de pagamento entre os brasileiros, embora esteja entre as modalidades com os juros mais altos do mercado em caso de atraso no pagamento. Segundo dados do Indicador de Uso do Crédito, apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostram que, em fevereiro, 37% dos consumidores no país utilizaram o cartão para fazer algum tipo de compra. Ou seja, quatro e cada 10 clientes mantiveram o cartão na dianteira em relação aos outros instrumentos de crédito.
O uso da modalidade ficou bastante à frente do segundo colocado, que é o crediário (10%). O limite do cheque especial foi citado por 9% da amostra, os empréstimos por 7% e os financiamentos por 5%. Ao todo, 44% dos consumidores utilizaram, ao menos, uma dessas opções de crédito ao longo do mês de fevereiro, ante 56% que não usaram nenhuma.
De acordo com a sondagem, embora 73% dos consumidores tenham pagado o valor integral da fatura em fevereiro, 25% acabaram entrando no rotativo, cuja taxa média chegou a 296% ao ano naquele mês. Com o pagamento do cartão de crédito em dia, o consumidor tem a possibilidade de parcelar compras sem pagar juros, algo que aumenta a comodidade. Mas isso está mudando.
Os bancos estão criando uma nova linha de parcelamento no cartão de crédito, que permitirá dividir as compras em mais vezes, mediante o pagamento de juros. “É preciso ter cuidado para evitar o endividamento excessivo que pode levar ao não pagamento da fatura, aumentando muito o valor da dívida inicial em razão dos juros cobrados pelo atraso”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.