PARATY
A Casa da Cultura de Paraty inaugura, na sexta-feira, dia 28, às 20 horas, a exposição Lucio Cruz – Memória, Invenção e Cotidiano. A mostra oferece um amplo panorama da trajetória do artista paratiense, revelando a força poética e contemporânea de uma obra construída ao longo de mais de quatro décadas. Com entrada gratuita, é uma oportunidade rara de conhecer, ou reencontrar, um dos nomes centrais da arte produzida em Paraty
A trajetória de Lucio Cruz começa no território onde memória e imaginação caminham juntas. Desde a infância entre as ruas de pedra e as festas da cidade, os gestos, rituais e símbolos populares moldaram sua sensibilidade. Foi o tio, o poeta e artista Zé Kleber, figura essencial da cultura local, quem lhe deu sua primeira caixa de aquarelas — um gesto que acendeu a centelha artística que atravessaria toda a sua vida.
As máscaras de papel machê, que confeccionava ainda menino para os carnavais em que ninguém deveria ser reconhecido, tornaram-se seu primeiro laboratório artístico. A partir delas, desenvolveu uma pesquisa que dialoga com território, afetos e teatralidade. A exposição, porém, convida o público a olhar além desse marco inicial, iluminando a amplitude de um artista que experimentou materiais, técnicas e escalas com rara liberdade: da aquarela às pinturas em acrílica, das esculturas em cimento às telhas coloniais, do desenho à cenografia.
As viagens e temporadas em outras regiões do Brasil e do Caribe, Bahia, Pernambuco, Saint Martin, adicionaram novos repertórios à sua linguagem, sem nunca apagar o vínculo com Paraty. Lucio absorveu atmosferas, cores, ritmos e corporeidades distintas, incorporando tudo à sua produção. Ainda assim, permaneceu fiel a uma poética que não ilustra o folclore, mas o reinventa: uma arte que nasce do cotidiano sem se limitar a ele, que transforma festas, gestos e símbolos em imagens de grande força contemporânea.
Em ‘Lucio Cruz –Memória, Invenção e Cotidiano’, o visitante encontrará essa travessia: narrativas afetivas, figuras que emergem da matéria com humor e intensidade, personagens que dialogam com o Brasil popular, esculturas que evocam rituais e pinturas que ampliam o olhar para outras sensibilidades e corpos. As máscaras, tão reconhecidas, estão presentes como origem, não como centro, e convivem com séries mais recentes, como pinturas de casais, marcadas por delicadeza, diversidade e potência expressiva.
Entre esculturas, pinturas, objetos e trabalhos em diversas técnicas, o público é convidado a atravessar as camadas de criação de um artista que transforma vida em matéria. A exposição apresenta obras inéditas, séries importantes e peças históricas, reunidas pela primeira vez em um conjunto abrangente.
Ao reunir trabalhos de diferentes fases, a mostra revela Lucio Cruz como ele é: um criador que dialoga com sua cidade, mas também a transcende. Que encontra na cultura local um impulso para abrir caminhos, e que faz de sua própria experiência comunitária e sensível uma matéria viva da arte.
Através da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, a Casa da Cultura de Paraty conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, apoio do Grupo Globo, EZZE Seguros, Innova, Farmacêutica EMS, Pousada Literária de Paraty, Fazenda Bananal, Sandi Hotel, apoio institucional da Fundação Roberto Marinho e Prefeitura de Paraty. A exposição ficará em cartaz durante toda a temporada de verão, até dia 1º de março de 2026, com entrada gratuita.

