RIO
Algumas fusões de ministérios anunciadas pelo candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, podem não ser feitas. Em transmissão ao vivo em sua rede social na noite de quarta-feira, o candidato disse que vai rever a fusão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior com o da Fazenda, em um eventual governo, se for interesse de empresários e do país. O mesmo pode acontecer com o Ministério do Meio Ambiente, que pode não ser fundido com o Ministério da Agricultura.
Com o recuo da fusão o da indústria com o da Fazenda, o superministério da Fazenda, que deve ser comandado pelo economista Paulo Guedes perde força. Bolsonaro admitia que pretende reduzir de 29 pastas para 15, mas está sentindo pressão de setores que poderiam perder administração autônoma, como industriais, agricultores e ambientalistas. Bolsonaro destacou que pode acolher a sugestão dos executivos “sem problema nenhum”. “Recebemos a visita de homens da indústria do Brasil falando dos problemas e de como eu poderia resolver as questões deles. Falaram que gostariam que o ministério da Indústria e do Comércio continuasse existindo. Vamos atendê-los. Se esse é o interesse deles, para o bem do Brasil, vamos atender. Vamos manter o ministério da Indústria e do Comércio sem problema nenhum”, ressaltou o candidato, que também citou reuniões com agricultores.
“Da minha parte, estou pronto para negociar. Falei para o pessoal do agronegócio que isso era importante. Alguns estão discordando. Vamos chegar ao meio termo. E, se for mantido dois ministérios, eu vou colocar, como ministro do Meio Ambiente, uma pessoa que não tem vínculo com o que há de pior nesse meio. O coitado do agricultor quer uma licença ambiental e isso leva dez anos. Vamos preservar o meio ambiente, mas não vamos atrapalhar a vida de quem quer produzir no Brasil”, disse Bolsonaro.
O candidato do PSL ainda comentou as últimas pesquisas do Ibope, que mostram ligeira vantagem do candidato Fernando Haddad (PT) sobre ele na cidade de São Paulo. “O Ibope, na capital de São Paulo, diz que o Haddad me passa. Está com 51% e eu com 49%. Só que no primeiro turno ele teve 20%. Ele passou de 20% para 51%, em 15 dias. Eu passei de 44% para 49%. Tão querendo acertar os números para a eleição de domingo. Temos que desconfiar ou não temos? Temos que acreditar, desconfiando”, disse.
Votação
Em uma entrevista à noite, o candidato desmentiu que não vá votar no próximo domingo (28), na Vila Militar, por questões de segurança. Bolsonaro disse que, se estiver bem de saúde, vai votar sem problema algum, mas reafirmou que a possibilidade de um atentado contra ele não está descartada. “Existe a possibilidade sim de um atentado. Isso as inteligências do Brasil me mantém informado de uma forma ou de outra. Temos de tomar o devido cuidado, mas eu pretendo votar sim”. O candidato disse também que a segurança dele está sendo mais importante do que sua própria saúde. “Qualquer deslocamento meu é precedido de uma série de medidas, o que não é normal num país como o nosso. Mas tendo em vista o que eu represento no momento para grupos mais variados possíveis pra o sistema, nós temos que ficar ligados e preocupados com essa possibilidade”, concluiu.
Encontro entre ministro do TST e Bolsonaro é questionado
O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, cobrou explicações do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra da Silva Martins Filho, sobre seu encontro que teve na segunda-feira, dia 22, com o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL). Um ofício de pedido de providências foi instaurado, e o ministro Ives Gandra terá 15 dias para apresentar suas informações.
Na decisão, o corregedor observa que o encontro pode ir contra a conduta vedada aos magistrados (CF/1988, artigo 95, parágrafo único, III; LOMAN, artigo 36, III e Provimento 71/2018 da Corregedoria Nacional de Justiça). Um dos artigos prevê que a liberdade de expressão, como direito fundamental, não pode ser utilizada pela magistratura para o exercício de atividade político-partidária.